Semanal de Café

Aguardando por novidades no clima brasileiro, café arábica fecha perto da estabilidade
 
Fernando Maximiliano
 
Leonardo Rossetti
Além do clima, exportações brasileiras e estoques nos Estados Unidos devem ser foco na semana
Resumo

•    Cotações de café arábica recuam 30 pontos (-0,1%) em NY na semana, encerrando cotado a US₵ 228,50/lb.
•    Indicador Cepea de café arábica teve queda de 1,1% na semana, cotado a R$ 1.316,06/saca
•    Preços de café robusta sobem 1,8% em Londres, para USD 2264//ton.
•    Indicador Cepea para o robusta fecha em estabilidade cotado em R$ 750,22/saca
•    Chuvas pontuais e dólar pressionam cotações de arábica na maior parte da semana 
•    Novas chuvas no final da semana podem trazer alívio aos produtores 
•    Estados Unidos registra forte importação de café em julho 
•    Além do clima, mercado deve repercutir na semana exportações brasileiras estoques dos Estados Unidos em agosto
•    NOAA eleva probabilidades de La Niña até o final do ano 
•    Projeções indicam La Niña com intensidade semelhante a 2021 e mais fraca que 2020
•    Após semana volátil, dólar fecha em queda 
•    IPCA registra deflação em agosto 
•    Preço do café torrado e moído ao consumidor brasileiro recua pela primeira vez desde fevereiro de 2021
•    Dados de Inflação nos EUA são destaque entre os indicadores desta semana

   Fatores baixistas       Fatores altistas

Leia a última matéria especial de café - Florada do café segue em risco com La Niña pelo terceiro ano consecutivo

Os futuros de café encerraram a última semana com resultados mistos, em uma semana marcada por um menor volume de negociações devido aos feriados de Dia do Trabalho nos Estados Unidos na segunda-feira (5), quando a bolsa de Nova Iorque (ICE) esteve fechada, e de Independência do Brasil na quarta-feira (7), quando a maior parte dos operadores nacionais estiveram afastados do mercado.

Intraday semanal (contrato mais ativo) - 05/09 a 09/09

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Fonte: CommodityNetwork Traders’ Pro. Elaboração: StoneX.

Em Nova Iorque, o contrato mais ativo (dez/22) não apresentou um direcionamento definido, encerrando a semana cotado a US₵ 228,50/lb, praticamente em estabilidade em relação à sexta-feira anterior (2). Sem grandes fundamentos, as cotações de café arábica abriram a semana computando alta na terça-feira (6), corrigindo parte da queda registrada na semana anterior. Nos dois pregões seguintes, o mercado passou por pressões baixistas, ocasionadas pela ocorrência de chuvas pontuais em áreas produtoras de Minas Gerais e por uma maior aversão ao risco nos mercados globais em meio às medidas contracionistas adotadas pelos bancos centrais americano e europeu. Até o fechamento do pregão da quinta-feira (8), o café arábica chegou a acumular retração semanal de 2,4%, quando encerrou o pregão cotado a US₵ 223,40/lb. Entretanto, na sexta-feira (9) o café retomou uma trajetória altista, apoiado por uma queda diária significativa do dólar no mercado cambial brasileiro e por uma recuperação das commodities nos mercados internacionais, após uma semana marcada por maior cautela.

Em Londres, os contratos mais ativos do café robusta (nov/22) computou uma valorização de USD 41 (1,8%), encerrando o período a USD 2264/t. O mercado de café robusta de maneira geral tem recebido suporte da maior procura da indústria pela variedade, de forma a se ajustarem aos altos preços e menor disponibilidade de arábica no mercado. Vale lembrar que, apesar de abaixo das máximas atingidas no final de agosto, as cotações de robusta encontram-se em seus maiores patamares desde o final de fevereiro, quando se deu o início da guerra russo-ucraniana.

No Brasil, o indicador CEPEA verificou uma queda nos preços do café arábica na semana, com queda semana, de 1,1%, fechando cotado a R$ 1316,06/saca. O café robusta terminou praticamente em estabilidade, cotado a R$ 750,22/saca.

Como mencionado acima, chuvas pontuais em áreas produtoras de café contribuíram para algum alívio do mercado em relação à produção brasileira, ocasionando nas quedas dos preços até a última quinta-feira. Todavia, ainda é necessário um volume mais expressivo para desencadear a maior parte da florada brasileira. Atualmente, o modelo de previsões da StoneX, baseado no modelo GFS e dados do NOAA, aponta para a chegada de novas chuvas no final da semana, com a possibilidade de volumes mais intensos a partir do dia 23 de setembro, especialmente na região do Sul de Minas. Será necessário acompanhar se as precipitações se concretizarão, o que, caso ocorram, podem gerar algum otimismo com o desempenho das lavouras.

Pelo lado da demanda, o USDA atualizou os dados de importação dos Estados Unidos para o mês de julho, que indicaram que a procura do maior consumidor global de café continua aquecida. De acordo com os dados, o país importou 2,346 milhões de sacas de café verde no mês, um avanço de 8,9% em relação ao mesmo mês do último ano, quando foram desembarcadas 2,110 milhões de sacas nos portos americanos, e 16,2% acima da média dos últimos 5 anos. No acumulado dos primeiros 7 meses do ano, os Estados Unidos contabilizam 14,6 milhões de sacas importadas, 7,2% acima do mesmo intervalo no último ano, quando chegava a 13,6 milhões. O café brasileiro também continua marcando grande presença no maior consumidor global, acumulando 4,4 milhões de sacas no ano. O volume fica 1,0% abaixo do mesmo período do último ano, mas 17,5% acima da média dos últimos 5 anos.

Importações mensais de café pelos Estados Unidos (milhões de sacas)

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Fonte: USDA. Elaboração: StoneX.

Nesta semana, os participantes do mercado devem repercutir a divulgação dos números da exportação brasileira em agosto pelo Cecafé, bem como dos estoques nos portos americanos pela Green Coffee Association (GCA). Vale lembrar que os dados da Secretaria do Comércio Exterior (Secex) apontaram para uma queda de 19,0% no volume de café embarcado pelo Brasil. Conforme mencionado no último semanal, caso se confirme, a informação pode adicionar maior insegurança quanto às dificuldades do mercado brasileiro em escoar o café da safra corrente para os mercados internacionais, permanecendo os indicativos de um desempenho da colheita aquém do esperado, o que poderia atuar de maneira altista às cotações.

NOAA Atualiza projeções para La Niña
O clima no Brasil continua sendo o centro das atenções, em vista da expectativa do mercado a respeito da florada no país, que definirá o potencial da safra 2023/24. Na última quinta-feira (8), o NOAA atualizou suas projeções para a ocorrência de La Niña, elevando ainda mais a probabilidade de que o fenômeno climático permaneça até o final do ano.

Previsão probabilística de ocorrência de La Niña

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Fonte: Fonte: NOAA, IRI/CPC. Elaboração: StoneX.

Neste sentido, vale a pena olhar para o nível da intensidade que o NOAA tem apontado. Observando o histórico disponível até o trimestre JJA (jun-ago), nota-se que na média dos três meses o ENSO apresentou uma variação de temperaturas de -0,8 °C, o que caracteriza um La Niña fraco. Vale lembrar que quanto maior a intensidade do fenômeno, maior as suas propensões de alterar o padrão climático nas regiões afetadas, e que sua ocorrência está associada ao atraso da chegada das chuvas ao cinturão cafeeiro no período da florada, momento crucial para o clima.

Histórico e projeção de variação nas temperaturas no oceano pacífico (°C)

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Fonte: Fonte: NOAA, IRI/CPC. Elaboração: StoneX. *Linha tracejada: média dos modelos de projeção para os próximos meses.

O histórico também mostra que, no comparativo com os últimos dois anos em que o Brasil foi afetado pelo La Niña, 2022 registrou maior intensidade ao longo do primeiro semestre, o que ajuda a explicar o período seco e a crise hídrica do primeiro semestre. Segundo os modelos de projeções utilizados pelo Centro de Previsões Climáticas (CPC) do Instituto Internacional de Pesquisas Climáticas de Columbia (IRI), que utiliza dos dados fornecidos pelo NOAA, A média dos modelos de projeções utilizados aponta, até o momento, para a manutenção na faixa da intensidade fraca, próxima ao verificado em 2021. Em matéria especial divulgada na última sexta-feira, analisamos em detalhes as condições atuais, o que pode ocorrer no processo da florada e os possíveis cenários para os próximos meses.

Após semana volátil, dólar fecha em queda
O par real/dólar encerrou a última sexta-feira (9) em queda semanal de 0,8%, cotado a R$ 5,146. O dollar index fechou o período em retração de 109,0 pontos, queda de 0,5%. Apesar do fortalecimento no comparativo com a sexta-feira anterior (2), grande parte da semana foi marcada por expectativas de juros crescentes nas principais economias globais, preocupações com uma recessão e maior apreensão de investidores. Na sexta-feira, Índices acionários, commodities e moedas de países emergentes passaram por correções e registraram valorização, enquanto o euro e o iene japonês se recuperaram de perdas recentes frente à moeda americana.

Contribuiu para dar forças à moeda brasileira a divulgação pelo IBGE de que o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) registrou variação de -0,36%, segundo mês consecutivo de deflação, com o acumulado nos últimos 12 meses caindo de 10,07% no mês anterior para 8,73%, menor valor desde junho de 2021. Conforme pontuado no Resumo Semanal de Câmbio, esta deflação foi resultado da queda expressiva de preços de mercadorias com bastante peso dentro de seu cálculo, a saber, combustíveis – gasolina (-11,64%), etanol hidratado (-8,67%), óleo diesel (-3,76%) e gás natural veicular (-2,12%) – e energia elétrica residencial (-1,27%). Estes produtos, por sua vez, ainda repercutem subsídios de impostos federais e estaduais editados pelo governo em julho e a queda nos preços da Petrobras nos combustíveis de suas refinarias. Quando se verifica o impacto total apenas destes cinco itens no IPCA de agosto, observa-se uma redução de -0,80% no índice. Ou seja, ao se remover estes produtos do cálculo da inflação de agosto, o resultado seria um aumento de 0,44%.

O indicador apontou que o preço do café torrado e moído ao consumidor brasileiro recuou 0,5%, primeira deflação em um mês desde fevereiro de 2021. Com o resultado, o acumulado nos últimos 12 meses registrou uma retração significativa, passando de 58,1% em julho para 46,3%. A forte queda no acumulado se deu pela retirada da alta de 7,51% em agosto de 2021 da série de cálculo. Considerando que os meses de setembro a dezembro de 2021 registraram avanços significativos (5,5%, 4,57%, 6,87% e 8,24%), e a tendência de variações mais suaves indicada nos últimos meses, a expectativa é de que o acumulado em 12 meses apresente novas quedas até o final de 2022. Já o café solúvel verificou uma retração de 1,01% no último mês, com o acumulado em 12 meses passando de 15,24% para 14,67%.

Evolução da inflação sobre o café torrado e moído no Brasil nos últimos 12 meses

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Fonte: IBGE. Elaboração: StoneX.

Nesta semana, os agentes globais devem acompanhar principalmente os dados de inflação nos Estados Unidos, que podem afetar as perspectivas para a próxima decisão de política monetária do Federal Reserve, que ocorrerá no dia 21 de setembro. Há uma expectativa de que tanto o Índice de Preços ao Consumidor (CPI) como o Índice de Preços ao Produtor (PPI) registrem discreta queda no mês de agosto, em função, principalmente, do recuo nos preços internacionais de petróleo no período. Entretanto, espera-se leve aumento no “núcleo” do indicador, que exclui os voláteis componentes de energia e alimentação, sugerindo que o problema inflacionário ainda não está superado.

tabela de indicadores
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Fontes: ICE/NY; ICE/EU; B3; Commodity Network Trader’s Pro.
 

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