• Cotações de café arábica recuaram 1805 pontos (9,7%) em NY na semana, encerrando cotado a US₵ 167,75/lb.
• Indicador Cepea de café arábica teve queda de 7,7% na semana, cotado a R$ 987,53/saca
• Preços de café robusta recuaram 7,4% em Londres, para USD 1949/ton.
• Indicador Cepea para o robusta fecha em queda de 4,2%, cotado em R$ 580,79/saca
• Estoques de arábica pendentes para classificação e certificação ultrapassam 81 mil sacas ▼
• Fundos estenderam o processo de liquidação de contrações futuros ▼
• Dólar termina semana em alta ▼
• Prévia da Inflação de outubro na Europa continua preocupando consumo de café ▼
• Decisão do Fed, indicadores de atividade devem movimentar o mercado na semana
▼ Fatores baixistas ▲ Fatores altistas
Na última semana, os preços futuros de café arábica e robusta estenderam as perdas que foram observadas nas semanas anteriores. Os preços de café tem recuado em meio a perspectiva de menor consumo global, que seria reflexo do processo inflacionário global e possível recessão econômica. Neste cenário, o retorno das chuvas em grande parte do cinturão cafeeiro alimenta a expectativa de uma possível grande safra em 2023/24. Dentro deste contexto, houve uma forte liquidação dos fundos, tanto o de gestão ativa como os de fundos de índice.
Em Nova Iorque (ICE), a tela mais ativa (mar/22) encerrou a semana com um recuo de 1805 pontos (9,7%), cotado a US₵ 167,75/lb. Em Londres (ICE Europe), as cotações também terminaram a semana com perdas, com o contrato mais ativo do café robusta (jan/22) encerrando a semana com uma perda de USD 147/ton (7,4%), cotado a USD 1849/t.
Evolução dos preços futuros de café arábica e robusta
No Brasil, os preços de café apresentaram forte recuo, reagindo a queda dos preços no exterior. O indicador CEPEA para o café arábica teve uma queda de 7,7% e terminou a semana cotado a R$ 987,53/saca. Seguindo a tendência do arábica, o café robusta verificou uma queda de 4,2%, fechando a sexta-feira cotado a R$ 580,79/saca.
Na última semana, o aumento substancial nos estoques pendentes para classificação na bolsa de Nova Iorque levantou as preocupações com uma possível recuperação nos estoques certificados de café arábica, o que tende a contribuir para o sentimento baixista no mercado. Apesar dos estoques estarem abaixo das 390 mil sacas, menor volume em mais de 20 anos, houve um aumento para mais de 81 mil sacas pendentes para classificação. Apesar desse aumento, as condições de diferenciais e mercadológicas ainda não são favoráveis à certificação por parte dos países produtores.
Além dos fundamentos supracitados, houve uma extensão do processo de liquidação de contratos por parte dos fundos de gestão ativa e fundos de índice para o mercado futuro de arábica em Nova Iorque. O último relatório COT/CFTC indicou que entre os dias 18 e 25 de outubro, os fundos em Nova Iorque reduziram sua posição líquida comprada em mais de 8 mil contratos, indo de 5,1 mil contratos comprados para 3,1 mil contratos vendidos. Desde o dia 04/10, os fundos reduziram sua posição de 24,3 mil contratos comprados para 3,1 mil contratos vendidos.
Posição dos fundos especulativos em futuros e opções de café na bolsa de Nova Iorque
Os fundos de índice também apresentaram recuo em suas posições compradas, em mais e 1,1 mil contratos, para um total líquido de 35,5 mil contratos – os fundos de índice não seguem os fundamentos de café, mas reagem aos fatores macroeconômicos, principalmente a aversão ao risco. Durante esse período, os preços do contrato tipo “C” recuaram 640 pontos (3,3%), para US₵ 188,70/lb.
Em Londres, os fundos também reduziram suas posições compradas no mercado de café robusta. De acordo com o último relatório COT, entre os dias 18 e 25/10, os fundos apresentaram um recuo de 11,3 mil contratos, indo de 4,2 mil contratos comprados para 7,1 mil contratos líquidos vendidos. Neste mesmo período, os preços futuros de café robusta tiveram um recuo de 3,6%, para USD 1960/ton.
A taxa de câmbio se valorizou na última semana, com o par real/dólar cotado a R$ 5,30, um avanço de 3,0%, ou próximo a 15 centavos de dólar. O dollar index registrou queda de 1,3%, cotado a 110,6 pontos. A semana foi de grande volatilidade no mercado cambial brasileiro, em função da apreensão e incertezas provocadas pelas vésperas das eleições presidenciais, o que elevou a aversão por risco dos investidores no país. Já no exterior, o resultado preliminar para o PIB dos Estados Unidos no 3º trimestre ficou melhor que o esperado, com um aumento de 2,6% enquanto analistas esperavam por um crescimento de 2,4%. O número positivo para a economia e as expectativas por uma possível redução do ritmo de aperto da política monetária no país ainda este ano contribuíram para uma maior confiança dos investidores globais.
A decisão de política monetária do Federal Reserve, na quarta-feira (2), deve ser um dos principais fatores que tomarão as atenções nos mercados globais. Na última semana, as especulações de que o Fed possa começar a moderar o seu ritmo de ajustes na taxa de juros a partir de dezembro pesou sobre a moeda americana. Para esta quarta, em meio a indicativos de uma inflação ainda acelerada e de um mercado de trabalho aquecido, um novo ajuste de 0,75 p.p., levando a taxa básica de juros para o intervalo entre 3,75% e 4,00%, é praticamente certo. No entanto, os agentes devem reagir às sinalizações do presidente da autarquia, Jerome Powell, em entrevista coletiva após a divulgação da decisão. Atualmente, as apostas para a decisão de dezembro encontram-se bastante divididas, com 48,0% dos agentes projetando um aumento de 0,50 p.p. e 45,8% esperando um aumento de 0,75 p.p. Eventuais sinalizações de redução no ritmo do aperto monetário do Fed tendem a ser baixistas para o dólar, e altista para ativos de maior risco, como commodities e moedas de países emergentes.
Na última quinta-feira (27), o Banco Central Europeu optou por fazer um firme ajuste de 0,75 p.p. na taxa básica de juros do bloco econômico, para 1,50% ao ano, a fim de contribuir para controlar a forte inflação. Todavia, vale destacar que a decisão não foi unânime e o comunicado afirmou que parte substancial da inflação já havia sido implantado. O indicativo de provável suavização nas próximas decisões provocou um efeito baixista principalmente para as cotações do euro, que chegou a voltar para nível superior à paridade com o dólar na quarta-feira (26), mas recuou novamente após o comunicado do BCE.
O BCE tem enfrentado uma situação extremamente complexa, em que precisa tentar controlar a inflação da zona do euro sem comprometer demais o nível de atividade das economias da região, que vem recuando significativamente nos últimos meses e sinalizando uma possível situação de recessão. Os dados recentes apontando que os preços ao consumidor na Europa continuam se acelerando, enquanto a renda das famílias tende a cair, tem provocado um forte sentimento baixista com relação ao consumo de café no bloco, que representa pouco mais de 25% do consumo global de café, segundo dados do USDA.
Na última sexta-feira (28), resultados preliminares do Índice de Preços ao Consumidor (IPC) dos países na região continuaram elevando essa preocupação. Neste quesito, destacam-se a Alemanha, que sugeriu um aumento do acumulado em 12 meses de 10,0% em setembro para 10,4% em outubro, e a Itália, indicando um crescimento do acumulado de 8,9% para 11,9%. Nesta segunda-feira (31), o consolidado preliminar da zona do euro mostrou um avanço de 1,5% em outubro frente a setembro, com o acumulado em 12 meses passando de 9,9% para 10,7%. O Índice de Preços ao Produtor (PPI) da zona do euro de setembro, que será publicado na sexta-feira (4), também será acompanhado pelos participantes do mercado, uma vez que o grande aumento nos custos produtivos da indústria na Europa também gera preocupações de que maiores repasses podem ser feitos nos preços ao consumidor.
Índice de Preços ao Consumidor (CPI) acumulado em 12 meses para economias selecionadas (em %)
Por fim, será interessante acompanhar na semana a movimentação do mercado cambial brasileiro após a decisão das eleições presidenciais do último domingo (30), que deu a vitória ao ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva (PT), que assumirá a partir de 2023 o seu terceiro mandato como presidente da República. Se por um lado, se esperava uma reação mais altista do dólar para o caso de vitória de Lula, estas expectativas têm sido frustradas nesta segunda-feira (31). Depois de iniciar o pregão em alta, chegando a tocar máximas intradiárias próximas de R$ 5,40, o dólar vem registrando queda expressiva de 2,30% no dia, cotado até o momento de escrita desse texto em torno de R$ 5,175. A partir de agora, os investidores reagir às principais definições com relação à política econômica da gestão de Lula, com o mercado devendo dar grande peso à definição do ministro da Economia de seu governo.
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