Semanal de Café

Futuros de café interrompem forte queda na última semana
 
Fernando Maximiliano
 
Leonardo Rossetti
Menor exportações dos países, queda do dólar e bons resultados de companhias contribuíram para evitar novas quedas nas cotações
Resumo

•    Cotações de café arábica avançam 595 pontos (3,5%) em NY na semana, encerrando cotado a US₵ 175,75/lb
•    Indicador Cepea de café arábica teve queda de 2,6% na semana, cotado a R$ 961,53/saca
•    Preços de café robusta avançaram 1,1% em Londres, para USD 1869/ton
•    Indicador Cepea para o robusta fecha em queda de 4,0%, cotado em R$ 557,79/saca
•    Perspectivas climáticas apontam para chuvas nas próximas duas semanas no cinturão cafeeiro 
•    Clima em outubro teve desempenho misto nas áreas produtoras de café
•    Aumento dos estoques pendentes para classificação na bolsa pode pressionar cotações 
•    Forte queda do dólar após definição das eleições no Brasil ajudou a conter queda das cotações nas bolsas 
•    Queda nas exportações nas centrais ainda preocupa quanto à oferta no curto-prazo 
•    Produção colombiana recua 12,0% em outubro 
•    Companhias de café reportam resultados positivos para receitas e vendas 
•    Fundos seguem ampliando apostas baixistas 

   Fatores baixistas       Fatores altistas

 

Depois de três semanas em queda livre, quando marcaram uma retração de 4.830 pontos (-22,1%), os papeis futuros de café arábica encerraram a sequência de perdas e fecharam a última sexta-feira (4) com variação positiva. A semana construiu fundamentos que contribuíram para que os futuros em Nova Iorque não se consolidassem abaixo da resistência dos US₵ 170,00/lb, como os reportes de menor disponibilidade do café em algumas origens, uma significativa queda do dólar e a retomada de alguma confiança em relação ao consumo.

Em Nova Iorque, a tela com vencimento mais próximos (dez/22) terminou o período cotada a US₵175,75/lb, um ganho com semanal de 595 pontos (3,5%) antes o fechamento da semana anterior. Já em Londres, a tela mais líquida (jan/23), que também acumulou uma intensa queda de USD 284 (-13,2%) nas três semanas anteriores, encerrou cotada a USD 1869/t, avanço semanal de 1,1%.
 

Intraday semanal (contrato mais ativo) - 31/10 a 04/11 

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Fonte: CommodityNetwork Traders’ Pro. Elaboração: StoneX.

No Brasil, a queda do dólar contribuiu para nova retração nos preços domésticos. O indicador CEPEA para o café arábica marcou uma queda de 2,6%, terminando a semana cotado a R$ 961,53/saca. Já o café robusta verificou uma queda de 4,0%, fechando a sexta-feira cotado a R$ 557,79/saca.

Como temos comentado nos últimos semanais, uma “tempestade perfeita” contribuiu para pressionar fortemente as cotações do café em outubro. O retorno das chuvas no Brasil possui o maior peso neste movimento, mas atuaram também como fatores baixistas o crescimento da inflação sobre o café ao consumidor nos Estados Unidos e Europa, que trazem um temor com uma possível queda no consumo, o avanço nas exportações brasileiras, o aumento nos estoques de café nos portos americanos e um forte movimento técnico promovido pelos fundos especulativos.

As chuvas devem continuar ocorrendo com alguma regularidade no cinturão cafeeiro nas próximas duas semanas, o que tende a dificultar para que os preços recobrem os patamares acima dos US₵ 200,00/lb observados até meados de outubro. No entanto, vale ressaltar que apesar do retorno das chuvas, o balanço geral para o clima do mês de outubro é misto. No mapa de anomalia de precipitações em relação à média dos últimos 20 anos, podemos observar que as regiões produtoras do Sul de Minas, Matas de Minas e Mogiana intercalam áreas que que houve chuvas acima e abaixo da média no último mês. A região do Cerrado, apesar de ter recebido bons volumes, ficou em sua maior parte abaixo da média histórica para o mês. Dito isso, a continuidade de chuvas regulares em novembro é um ponto fundamental para que a safra 2023/24 consiga corresponder às expectativas de grande produção que os participantes do mercado vêm criando há algumas semanas.

Anomalia de chuvas no Brasil em outubro de 2022 em relação à média dos últimos 20 anos

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Fonte: StoneX, com dados de NOAA/NCEP/EMC (GFS: Global Forecast System).

O aumento do volume de estoques pendentes para classificação e certificação na bolsa na ICE NY é algo que pode adicionar uma pressão baixista, e deve seguir como ponto de atenção para as próximas semanas. Entre 25 de outubro e a última sexta-feira, os estoques pendentes para classificação passaram de 646 sacas para 171 mil sacas. Destas, 21 mil foram classificadas nesta segunda-feira, fazendo os certificados a voltarem a ficar acima do nível de 400 mil sacas. A tendência é de que parte destes cafés pendentes continuem sendo aprovados e incorporados nos estoques, aliviando as quedas recentes para as mínimas em 23 anos.

Por outro lado, a forte queda do dólar adiciona elemento altista às cotações. Na primeira semana após a conclusão das eleições presidenciais no Brasil, o par real/dólar verificou uma queda semanal de 4,7%, encerrando a sexta-feira cotado a R$ 5,052. Conforme mencionado no Resumo Semanal de Câmbio, o mercado de câmbio registrou um forte apetite por ativos brasileiros, tranquilizados com a redução do grau de incertezas e com o início formal da transição entre governos.

Queda nas exportações dos países dá suporte aos preços na semana

Enquanto as expectativas por uma safra abundante no Brasil empurraram as cotações para baixo, os registros pessimistas em relação a outras origens contribuíram para que os preços não recuassem mais na última semana. Segundo o Instituto Hondurenho de Café (IHCafe), Honduras exportou em outubro 42,8 mil sacas de café, uma expressiva queda de 46,66% ante o mês equivalente do último ano para o 4º maior produtor de café arábica do mundo. Já o Instituto de Café da Costa Rica (ICafe) mostrou que o país exportou 9,6 mil sacas em outubro, retração de 22,1% em relação ao mesmo mês de 2021.

Na Colômbia, 3º maior produtor de café do mundo e 2º maior de café arábica, os últimos dados divulgados continuam refletindo as dificuldades que o país tem enfrentado com as chuvas em excesso provocadas pelo La Niña. De acordo com a Federação Nacional dos Cafeteros (FNC), a produção colombiana de outubro totalizou 888 mil sacas, 12,0% abaixo das 1,012 milhões registradas no mesmo mês em 2021. A Colômbia enfrenta uma sequência de 28 meses de chuvas em excesso, devido aos 3 anos consecutivos de ocorrência de La Niña, o que deve limitar a produção colombiana a até 12 milhões sacas na temporada, abaixo da média de cerca de 14 milhões verificadas em anos normais.

Exportações mensais de café da Colômbia (milhões de sacas)

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Fonte: FNC. Elaboração: StoneX.

Além dos indicativos de menor disponibilidade do café nestas origens, resultados positivos em grandes companhias de café ajudaram a arrefecer o temor com uma possível queda no consumo. A Illycaffè, importante indústria italiana de cafés premium, divulgou que sua receita nos nove primeiros meses do ano cresceu em 15%, apesar de um aumento de 20% em suas matérias-primas e custos logísticos, com perspectivas de crescimento também em seus lucros até o final do ano. Segundo a o grupo, as receitas foram favorecidos por um retorno do consumo fora de casa neste ano, com destaque para um crescimento de 32% nos Estados Unidos. Já a Starbucks registrou um crescimento de receitas de 3,0% no último trimestre do seu ano fiscal (jul-set/2022), com aumento de 7% em suas vendas globais e de 11% nos Estados Unidos. Em seu ano fiscal completo (out/21 – set/22), a companhia verificou um aumento de 7% em suas vendas.

Fundos seguem adicionando forte viés baixista no mercado

Os fundos especulativos seguem adicionando significativa pressão baixista sobre o mercado de café. De acordo com o último relatório Commitment of Traders (COT) da CFTC, os agentes especulativos reduziram entre os dias 25 de outubro e 1 de novembro 4.321 lotes compradas em futuros e opções de café em Nova Iorque para 17.324, enquanto adicionaram 7.185 posições vendidas para 24.729. Desta maneira, o saldo líquido dos specs, que na semana anterior havia adentrado o território vendido pela primeira vez desde julho de 2020, foi ampliado em 11.506 lotes, para totalizar 14.590 posições vendidas. Durante o período, as cotações perderam 1850 pontos, passando de US₵ 188,7/lb para US₵ 170,20/lb. Destaca-se também o número em 21.243 no número de contratos abertos, o que neste caso sinaliza uma confirmação de tendência baixista do mercado.

Posição dos fundos especulativos em futuros e opções de café na bolsa de Nova Iorque 

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Fonte: CFTC. Elaboração: StoneX.

 

tabela de indicadores
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Fontes: ICE/NY; ICE/EU; B3; Commodity Network Trader’s Pro.
 

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