• Futuros de café arábica recuaram 585 pontos (3,5%) na semana, para US¢ 159,00/lb.
• Cotações de café robusta recuaram USD 185/ton (6,9%) para USD 2491/t.
• Indicador Cepea para o café arábica terminou semana com queda de 3%, a R$ 825,59/saca.
• Indicador Cepea para o café robusta recuou 6,9%, terminando a sexta cotado a R$ 644,31/saca
• Fundos liquidaram 14,6 mil contratos em Nova Iorque
• Perspectiva de excedente em 2023/24 é baixista para os preços
• Cenário atual para o clima no Brasil é favorável para o café
• Nas próximas semanas, a atenção dos agentes se voltará para a florada
• Queda do dólar em junho eleva pressão sobre o café no mercado doméstico
• Indicador Cepea do café arábica atingiu mínimas em quase 2 anos
• Dólar no segundo semestre pode ser decisivo para recuperação dos preços domésticos
Como antecipado em outras edições deste relatório, a perspectiva de maior oferta em 2023/24, principalmente após a divulgação dos relatórios do USDA, que no dia 22/06, apontou para um excedente de 4,1 milhões de sacas em 23/24, em meio a um cenário de demanda potencialmente enfraquecida, contribuiu para pressionar as cotações de café no mercado internacional. Na última semana, os preços futuros de café completaram a terceira semana em queda, atingindo o menor valor em quase 6 meses no mercado de arábica.
O arrefecimento das preocupações dos agentes com relação ao clima também contribuiu com as perdas. Enquanto a aproximação de ondas de frio, mesmo que sem risco de geada, dá suporte aos preços, a cenário atual para o clima é confortável, sem preocupações com a chegada de novas massas polares e com uma condição seca, o que também favorece o avanço da colheita.
Além disso, a posição excessivamente comprada dos fundos, principalmente em Londres, mesmo com o cenário de restrição de oferta para o tipo, já indicava a chance de correção, já a posição dos fundos indicava a possibilidade de liquidação especulativa dos agentes.
Em Nova Iorque, o contrato mais ativo, de setembro, apresentou uma queda de 585 pontos (-3,5%), fechando a sexta-feira (30) cotado em US₵ 159,00/lb. No mês, os preços futuros de arábica contabilizaram perdas de 1965 pontos (-11%). Em Londres, o contrato mais ativo de robusta apresentou perdas de 185 USD/ton (-6,9%), terminando a semana cotado em USD 2491/ton. Na variação mensal, os preços de café robusta no terminal londrino apresentaram perdas de USD 65/ton (-2,5%).
Intraday semanal (contrato mais ativo) – 26/06 a 30/06
No Brasil, os preços praticados no mercado doméstico seguiram as movimentações observadas em Nova Iorque e Londres, terminando a semana em queda. O indicador Cepea para o arábica apresentou queda de 3%, fechando cotado em R$ 825,59/saca. Para o robusta, o indicador Cepea terminou o período cotado em R$ 644,31/saca, representado uma queda de 6,9% na semana.
O relatório CFCT/CIT divulgado na sexta-feira (30) mostrou que os fundos venderam 14,6 mil contratos em Nova Iorque entre os dias 20 e 27 de junho, tendo no dia 27 uma posição líquida vendida de 3,9 mil contratos. Em Londres, os fundos venderam mais de 1,1 mil contratos entro os dias 20 e 27, mas ainda mantinham uma posição líquida comprada de quase 47 mil contratos.
Sem grandes mudanças no campo dos fundamentos, a perspectiva de excedente no balanço de oferta e demanda global, principalmente para o café arábica, atuará como fator baixista. No entanto, a menor oferta de café robusta tende a limitar as perdas, cenário que pode se arrefecer com o início da safra Vietnamita no fim do ano. Nas próximas semanas, o mercado de clima volta a tomar protagonismo, principalmente de olho na abertura da florada no Brasil.
Além disso, nas próximas duas semanas, as atenções se voltarão aos dados de exportação de café no Brasil em junho, que serão divulgados pelo Cecafé. Desde o início do ano as exportações brasileiras têm apresentado queda se comparado com o ano anterior. No entanto, a perspectiva é de que as exportações apresentem uma recuperação no segundo semestre do ano.
Na última semana o dólar interrompeu uma sequência de cinco semanas consecutivas em desvalorização do mercado cambial brasileiro, conquistando sutil recuperação de 0,2% para terminar a sexta-feira (30) cotado a R$ 4,789. Todavia, a moeda americana terminou o mês de junho com significativo recuo mensal de 5,6%, contra os R$ 5,05 registrado ao final de maio.
Os ganhos verificados nas últimas semanas, em meio à melhora das perspectivas para a economia brasileira, com o Boletim Focus registrando sucessivas revisões em direção mais otimista para o PIB e IPCA no país, se deram principalmente pelos resultados melhores que o esperado para o nível de atividade, uma redução na aceleração dos preços ao consumidor, e o seguimento da proposta para a novo arcabouço fiscal em Brasília.
Neste sentido, os preços do café arábica no mercado físico passaram por forte pressão ao longo de todo o mês, enquanto o café na bolsa fechou o mês com perdas de 11,0% e o dólar recuou 5,6%, o indicador Cepea para o café arábica terminou o mês de junho com expressiva perda de R$ 165 ou 16,5% no valor médio da saca, atingindo seu menor valor em quase dois anos, desde julho de 2021. No acumulado do ano, a desvalorização é de R$ 212 ou 20,5%.
Evolução do indicador Cepea para o café arábica (R$/saca)
A variação evidencia a importância da variação da moeda americana nos preços do café em nosso mercado doméstico, a exemplo do mesmo efeito que fez o indicador buscar máximas históricas em meados de 2022. Neste sentido, as movimentações no segundo semestre também serão fundamentais. Por um lado, caso os indicadores brasileiros continuem demonstrando resultados significativos e a aversão ao risco no cenário macroeconômico global não passe por grandes elevações, é possível que o real se mantenha em patamar mais fortalecido.
Por outro lado, sazonalmente o segundo semestre costuma contar com um nível de exportação de commodities menos intenso e com um fluxo maior de saída de divisas do país em função de remessas de lucros realizadas por multinacionais, o que pode trazer correções à moeda. Vale lembrar que o Boletim Focus, atualmente, mostra que os agentes projetam que a taxa de câmbio encerre o ano em R$ 5,00, o que poderia contribuir para recuperações aos preços de café no mercado doméstico.
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