Semanal de Café

Café arábica fecha semana próximo da estabilidade em NY
 
Fernando Maximiliano
 
Leonardo Rossetti
Enquanto exportações brasileiras seguem frustrando, EUA dá sinais positivos em relação à demanda
 
Resumo

•    Futuros de café arábica recuam10 pontos (0,1%) na semana, para US¢ 160,80/lb.
•    Cotações de café robusta caem USD 81/ton (3,1%) para USD 2540/t.
•    Indicador Cepea para o café arábica terminou semana com queda de 0,9%, a R$ 821,75/saca.
•    Indicador Cepea para o café robusta recuou 0,9%, terminando a sexta cotado a R$ 651,59/saca
•    IBGE reduz em 0,5% suas estimativas para a produção brasileira em 2023
•    Embarques brasileiros de café recuam 19% em junho
•    Brasil encerra ciclo-safra com pior volume de exportações desde 2017/18
•    Apesar de exportações fracas, receita cambial demostrou patamar elevado
•    Importações de café nos EUA se recuperaram em maio

Em uma semana de movimentações mais laterais, com o mercado repercutindo os dados exportações mais fracas no Brasil, a revisão das estimativas do IBGE para a safra brasileira e a queda do dólar no mercado doméstico, os futuros de café arábica encerraram perto da estabilidade na bolsa de Nova Iorque. A tela de set/23 marcou queda de 0,1%, cotado a US¢ 160,8/lb, enquanto o próximo vencimento, de dez/23, avançou 0,2% para US¢ 160,3/lb.

Já em Londres, apesar do mercado ainda fundamentalmente mais positivo para o café robusta, os preços seguiram o movimento de correção, devolvendo ao longo da semana os ganhos conquistados na sexta-feira anterior (7). Neste contexto, a tela de set/23 para o café robusta terminou o período cotada a USD 2540/t, queda de 3,1%.

Intraday semanal (contrato mais ativo) – 10/07 a 14/07

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Fonte: CommodityNetwork Traders’ Pro. Elaboração: StoneX.

No mercado doméstico, também influenciados pela desvalorização de 1,4% na taxa de câmbio na semana, ambos registraram perdas. O indicador Cepea para o café arábica terminou cotado a R$ 821,75/saca, enquanto o indicador para o robusta terminou a R$ 651,59/saca, ambos com perdas de 0,9%.

Além dos dados do Cecafé apontando mais um mês de queda nas importações, com análise que será aprofundada em mais uma sessão, o mercado de café acompanhou a atualização das estimativas do IBGE para a produção brasileira em 2023, que reduziu em 0,5% sua expectativa para a safra brasileira, para 55,1 milhões de sacas. A redução se deu em 0,1% no café arábica, para 38,4 mi sacas, e de 1,5% no conilon, para 16,7 milhões de sacas. Ainda assim, o IBGE estima um crescimento da produção do país de 5,3%.

Brasil encerra ano-safra com piores embarques desde 2017/18

Os dados das exportações brasileiras de junho divulgados pelo Cecafé na última semana encerraram o ciclo-safra 2022/23 para o Brasil. Os dados de junho vieram como o antecipado pelos dados da Secex, e confirmaram uma retração significativa dos embarques no comparativo com a temporada anterior. As 2,292 milhões de sacas de café verde exportadas no mês passado, apesar de representarem uma alta de 8,4% em relação a maio, foram 19% inferiores a junho de 2022. A queda foi puxada principalmente pelas 2,062 milhões de sacas de café arábica exportadas, 23,3% menores que as 2,7 mi sacas embarcadas no mesmo mês do ano passado, enquanto as 230 mil sacas de café conilon enviadas ficaram 60,5% superiores no comparativo anual.

Desta maneira, o consolidado da safra mostrou um volume exportado total, considerando café verde, torrado e solúvel, de 35,6 milhões de sacas no ano safra 2022/23 (jul-jun). Este volume, além de ser uma retração de 10% frente ao ano anterior, representa o menor volume desde a temporada 2017/18. Para o arábica, foram 30,3 mi sacas exportadas (-7,8%), enquanto foram registradas de 1,47 milhões de sacas (-43,6%) embarcadas para o café robusta, 45,8 mil sacas (-4,5%) de café torrado e 3,8 milhões ( -6,7%) de sacas de café solúvel.

Evolução das exportações brasileiras por safra (milhões de sacas)

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Fonte: Cecafé. Elaboração: StoneX.
Apesar das quase 4 milhões de sacas exportadas a menos em relação à temporada anterior, a receita cambial se manteve estável dentro dos patamares historicamente mais altos, em USD 8,1 bilhões. Neste sentido, apenas o café robusta demonstrou receita menor, com variação de -31% frente ao ano anterior. Já o café arábica, apesar das 2,5 milhões de sacas a menos e mesmo com as quedas dos preços nos últimos meses, terminou com leve alta de 0,4%, principalmente em função dos preços significativamente valorizados nos primeiros meses do ano safra (período também de maior volume de vendas), quando se manteve cotado acima de US¢ 200/lb na bolsa de Nova Iorque até meados de outubro do ano passado.
Evolução do volume vs. receita cambial das exportações brasileiras por safra (USD bilhões)
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Fonte: Cecafé. Elaboração: StoneX.
Com a melhor safra em relação à 2021/22 e os problemas logísticos sanados em sua maior parte, os embarques brasileiros significativamente abaixo do ano anterior nos últimos meses estiveram relacionados a um preço menos atrativo de negociação para o produtor, mas também a uma demanda oscilante em função da inflação do produto em importantes centros consumidores, como EUA e Europa. Os próximos meses parecem indicar um cenário de melhora nos embarques no comparativo anual, tanto pela safra mais volumosa em 2023/24, quanto pelos menores preços e redução dos avanços inflacionários que já tem sido verificado no mercado norte-americano. 
Importações de café nos EUA se recuperaram em maio
Depois de apresentar fortes quedas nos primeiros quatro meses do ano, as importações de café nos EUA apresentaram recuperação em maio. De acordo com a última atualização do USDA, os EUA importaram 1,83 milhões de sacas no mês de maio, volume 2,9% maior que o observado no mês anterior – os últimos dados disponíveis são referentes ao mês de maio, com a divulgação dos dados de junho prevista para o dia 08 de agosto. No entanto, o total importado está 11,5% menor que a média dos últimos 3 anos para o mês, mas apenas 0,1% abaixo do observado no mesmo mês em 2022. 

Sazonalidade nas importações de café nos EUA (milhões de sacas)

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Fonte: USDA. Elaboração: StoneX.

Apesar de não haver avanço no comparativo anual, o cenário é melhor que o observado nos meses anteriores. Nos quatro primeiros meses do ano, considerando o comparativo anual, as importações americanas de café apresentaram queda de 14,5%, 3,2%, 8,6% e 25,2%, respectivamente. Conforme apresentado anteriormente, a forte pressão inflacionária e os diferenciais em patamares elevados contribuíram para limitar os volumes exportados e consequentemente importados pelos países consumidores. No entanto, com o alívio da inflação e o avanço da safra no Brasil, a expectativa é de que as importações americanas possam seguir em tendência de recuperação. 

 

TABELA DE INDICADORES

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Fontes: ICE/NY; ICE/EU; B3; Commodity Network Trader’s Pro.
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