Semanal de Café

Com mercado mais lateral, cotações de café terminam semana em valorização
 
Leonardo Rossetti
Resultados das empresas reforçam possível queda do consumo na Europa
 
Resumo

•    Contrato de set/23 para o café arábica avança 345 pontos (2,1%,) para US¢ 161,35/lb.
•    Tela de nov/23 café robusta avançam USD 51 (1,7%) em Londres, para USD 2488/t.
•    Favorecido pela alta do dólar, Indicador Cepea para o café arábica avança 3,9% para R$ 843,26/saca.
•    Indicador Cepea para o café robusta tem alta de 2,5%, terminando cotado a R$ 658,64/saca
•    Mercado aguarda por dados oficiais de exportação em julho, com expectativas de queda
•    Forte alta de 3,0% no dólar pressiona cotações na segunda metade da semana
•    Copom reduz taxa básica de juros em 50 p.p, para 13,25% ao ano.
•    Divulgações do CPI e IPCA devem afetar ambiente macro e cambial na semana
•    Companhias do setor de café divulgam resultados mistos
•    Resultado da JDE indica problemas de consumo na Europa

Sem apresentar uma tendência definida e oscilando entre perdas e ganhos, as cotações de café encerraram a última semana em alta, com os indicativos de oferta mais restrita pelos produtores no curto prazo prevalecendo para a alta, enquanto o forte avanço do dólar no mercado brasileiro e sinais de demanda global debilitada atuaram como fatores baixistas. Neste contexto, o contrato de set/23 fechou o período cotado a US¢ 161,35/lb, alta de 2,2% em relação à semana anterior. Já o contrato mais ativo para o café robusta, de nov/23, encerrou o período cotado a USD 2437/t, alta semanal de 2,1%.

No Brasil, o indicador Cepea para o café arábica refletiu o movimento cambial positivo e avançou 3,9% para terminar o período cotado a R$ 843,26/saca enquanto o indicador do café robusta postou valorização de 2,5%, terminando a sexta-feira cotado a R$ 658,64/saca.

Intraday semanal (contrato mais ativo) – 31/07 a 04/08

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Fonte: CommodityNetwork Traders’ Pro. Elaboração: StoneX.

Acompanhando o desempenho da colheita e sem sinais de quedas significativas nas temperaturas ou riscos de geada, o mercado vem se mantendo de maneira mais lateral enquanto aguarda por novidades. Nesta semana, o Cecafé deve divulgar os dados das exportações de café em julho, que, segundo dados prévios, devem ficar abaixo do registrado no mesmo mês do ano passado, contra uma expectativa de início de safra mais forte. Como mencionado no último informativo semanal, as quedas, caso de fato confirmadas, podem ser parcialmente justificadas pelos produtores segurando seu café à espera de encontrar melhores preços no mercado. Todavia, ainda há preocupação em relação ao consumo, evidenciada em algumas regiões do globo pela divulgação dos resultados de algumas companhias do setor.

Ademais, vale notar que os ganhos conquistados nas bolsas ocorreram até a quarta-feira (2), com os últimos dois pregões da semana respondendo majoritariamente aos indicadores cambiais e em relação à demanda, que pressionaram as cotações para baixo. A moeda brasileira registrou forte avanço semanal de 3,0%, terminando cotada a R$ 4,875. Os avanços do dólar frente ao real valorizam o café no mercado brasileiro, o que tende a provocar correções nos preços nas bolsas para um maior equilíbrio no mercado físico.

 

Influenciou a alta do dólar principalmente a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) na quarta-feira (2), que reduziu a taxa básica de juros (Selic) de 13,75% a 13,25% a,a., além de ter sinalizado um novo reajuste de mesma intensidade para a reunião de setembro. A perspectiva de diminuição do diferencial de juros entre a economia brasileira e a economia americana tende a reduzir a atratividade da moeda brasileira, direcionando fluxos de investimentos para fora do país.

Apesar da perspectiva de retração da Selic, que em um primeiro momento atua de maneira altista para o dólar, as perspectivas da economia brasileira vêm mostrando melhora. O último Boletim Focus do BC elevou as projeções para o crescimento do PIB do país ao final do ano para 2,26%, contra 2,24% na última semana e 2,19% há um mês. Ao mesmo tempo, o relatório mostra que os agentes projetam uma taxa de câmbio em R$ 4,90 ao fim do ano, contra R$ 4,91 na semana e R$ 5,00 há um mês.
Os indicadores macro devem continuar também tendo influência. Na última semana, a divulgação do resultado dos PMIs de julho mostrou uma condição debilitada para o nível de atividade das principais economias globais, principalmente para o setor da indústria. Para os próximos dias, no exterior, o destaque será a divulgação do Índice de Preços ao Consumidor (CPI) de julho.

Conforme analisado no Panorama Semanal de Câmbio, as projeções de analistas apontam para uma leitura moderada pelo terceiro mês consecutivo, com uma expectativa mediana de alta mensal de 0,2% – o que representaria uma taxa anualizada inferior a 2%, meta buscada pelo Federal Reserve. Caso estas previsões se confirmem, o dado deve reforçar a interpretação de que a pressão inflacionária no país está amenizando e que o ciclo de alta de juros do Fed deve ter terminado, o que pode enfraquecer a moeda americana.

Da mesma forma, no Brasil, os investidores acompanharão a publicação do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de julho, que deve vir próximo de zero pelo segundo mês consecutivo, reforçando a percepção de que a pressão de preços no Brasil está moderando e há espaço para que o BC continue o movimento de redução das taxas de juros.
 

Companhias de café registram resultados mistos

Na última semana, foram divulgados alguns resultados de algumas das grandes companhias do mercado de café. Os resultados, apesar de não terem sido totalmente ruins, ficaram abaixo do esperado.

Um dos destaques neste sentido ficou para a JDE Peet's, grupo dono de uma série de importantes marcas de café torrado e moído e em cápsula no mundo. O grupo registrou no primeiro semestre de 2023 um aumento em suas receitas de 3,5%. Todavia, contribuiu para este resultado um aumento de 6,8% nos preços dos produtos, enquanto foi verificada uma redução de 3,3% no volume de vendas.

O principal fator que chama a atenção é o resultado para a Europa, que apesar de registrar um aumento de 0,3% nas receitas, devido a um aumento de 8,9% nos preços praticados, apresentou uma redução de 8,6% no volume vendido no período. Conforme mencionado na última semana, a Europa é a região que mais tem preocupado em termos de inflação, com a inflação acumulada em 12% na zona do euro, segundo dados da Eurostat, permanecendo no patamar de 12,8% em junho. O resultado da JDE é mais uma evidência das dificuldades que a região vem enfrentando para manter o nível de consumo.

Já a Starbucks apresentou progresso nas vendas, porém menores do que as projeções de participantes do mercado sugeriam. As receitas nas mesmas lojas (desconsiderando novas lojas abertas) cresceram 10%, contra estimativas de 11,1%. Na América do Norte, as receitas aumentaram 7%, com um aumento de 6% no ticket médio. Apesar de não deixar claro seu desempenho em termos de volume, o resultado indica que deve ter havido ao menos um leve aumento no volume de vendas. No restante do mundo, as receitas aumentaram 24%, impulsionadas por um forte crescimento de 46% no mercado chinês.

 

TABELA DE INDICADORES

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Fontes: ICE/NY; ICE/EU; B3; Commodity Network Trader’s Pro.
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