• Café arábica avança 1050 pontos (7,1%) para encerrar a semana cotado a US¢ 159,15/lb
• Cotações de café robusta avançam 6,2% para USD 2556/t
• Indicador Cepea para o café arábica registra alta de 2,5%, terminando a R$ 825,15/saca
• Indicador Cepea para o café robusta recua 0,4% para R$ 647,05/saca
• Temperaturas excessivamente altas podem prejudicar a florada do café
• Interrupção das chuvas e calor excessivo podem preocupar tanto para safra de arábica quanto de robusta
• Novas previsões do NOAA sugerem El Niño mais prolongado
• Exportações brasileiras de café verde avançam 33% em agosto
• Café robusta registra maior volume de exportação em um mês da série histórica
Na última semana, os preços futuros de café arábica e de café robusta apresentaram um forte avanço nos mercados internacionais, impulsionado pela forte queda do dólar na semana e pelo clima seco no cinturão cafeeiro no Brasil. Refletindo os dados positivos para a economia brasileira, o dólar terminou a semana com queda de 2,4%, atuando de forma positiva para as cotações futuras. Além disso, após a abertura das floradas em parte das lavouras brasileiras, principalmente em áreas irrigadas, os modelos climáticos têm apontado para um clima seco e quente para as próximas semanas, o que poderia ser prejudicial para o potencial produtivo em 2024.
Em Nova Iorque, o contrato mais ativo, de dezembro, terminou a semana com ganhos de 1050 pontos (7,1%), fechando o pregão da sexta-feira (15) cotado em US₵ 159,15/lb. No terminal londrino, o contrato mais ativo para o café robusta, com vencimento em novembro, apresentou ganhos de USD 149/ton (6,2%), terminando a semana cotado em USD 2.556/ton.
Para o café robusta, além dos pontos altistas que foram citados acima, não podemos esquecer que a restrição na oferta do tipo continua atuando de forma altista para as cotações em Londres. Os dados da agência aduaneira Vietnamita mostraram que as exportações do país apresentaram uma queda de 22,3% em agosto, totalizando 1,4 milhões de sacas. Ademais, ainda é preocupante os possíveis impactos do El Niño na produção brasileira caso o fenômeno tenha uma forte intensidade nos períodos críticos de desenvolvimento no Brasil.
Intraday semanal (contrato mais ativo) – 11/09 a 15/09
Apesar do forte avanço nos preços futuros de café no exterior, no Brasil, os preços no mercado doméstico apresentaram um resultado misto. Enquanto os preços futuros de café arábica em Nova Iorque tiveram um avanço de 7,1%, no Brasil, o indicado Cepea para o tipo apontou para um avanço de 2,5% no período, refletindo a forte queda do dólar. Por outro lado, mesmo com o avanço de 6,2% em Londres, os preços de café robusta apresentaram queda de 0,4% no Brasil, de acordo com o indicado Cepea, refletindo também a queda do dólar e a maior disponibilidade do produto após a finalização da colheita. O indicador Cepea para o café arábica terminou a sexta-feira (15) cotado em R$ 825,15/sc e para o café robusta em R$ 647,05/sc.
Nas próximas semanas, como já foi antecipado em várias edições anteriores deste relatório, o foco dos agentes estará no clima no Brasil e no desenvolvimento da florada nas regiões produtoras. Com o fim da colheita, vários agentes nas regiões produtoras de café arábica já reportaram a abertura a primeira florada no Brasil, com índices de abertura diferentes para algumas regiões, com avanço principalmente nas lavouras irrigadas.
Para estas lavouras que já tiveram a abertura da florada, principalmente em áreas não irrigadas, um regime de chuva regular é necessário para o adequado pegamento da florada e desenvolvimento inicial dos frutos. No entanto, os modelos de previsão têm apontado para um clima seco para a maior parte das regiões nas próximas semanas, o que pode levantar dúvidas com relação ao correto desenvolvimento da floradas nas regiões produtoras.
Além disso, outro fator climático pode ser preocupante: o calor excessivo. Há algumas semanas nós divulgamos uma análise sobre o possível impacto do El Niño na produção brasileira. Para o café robusta, como comentamos, a possibilidade de um clima excessivamente quente durante períodos chave poderia afetar a produção, como aconteceu entre os anos de 2014 e 2016. Claro, é importante ressaltar que o impacto seria limitado tendo em vista as diferenças entre aquele momento e a atual situação das lavouras - para mais detalhes leia: IRI/CPC/NOAA: Modelos apontam para um El Niño forte nos próximos meses.
Naquela análise, foi pontuado que considerando os dados históricos, a ocorrência do El Niño não esteve diretamente ligada a queda na produção de café arábica no Brasil. No entanto, tendo em vista as mudanças climáticas e aumento da intensidade dos fenômenos, não podemos descartar a possibilidade de o El Niño impactar também a produção de café arábica. Como foi apresentado, houve a abertura de parte das floradas no cinturão cafeeiro, mas as previsões têm apontado para um clima seco nas próximas semanas. Mas além disso, como reflexo do El Niño, espera-se uma nova onda de calor com temperaturas acima da média em grande parte do país.
De acordo com os modelos de previsão, o pico da onda de calor deverá ocorrer entre os dias 22 e 27 de setembro, com as temperaturas máximas alcançando valores acima de 40°C nas regiões do Cerrado mineiro, grande parte da Mogiana, no estado de São Paulo, e Sul de Minas Gerais (Para mais detalhes acesse o relatório Previsão do Clima no Brasil). De acordo com o “Zoneamento agroclimático do cafeeiro para o estado de Minas Gerais”, escrito por Sediyama et al., “Temperaturas iguais ou superiores a 34°C podem favorecer o abortamento floral dos cafeeiros e a formação de “estrelinhas”, diminuindo, consideravelmente, a produtividade.”
As temperaturas acima da média nas regiões produtoras já são um reflexo dos impactos do El Niño no clima no Brasil. De acordo com a última atualização do IRI/CPC/NOAA, divulgado na última semana, existe a probabilidade de 60% do El Niño se estender até os meses de abril, maio e junho de 2024. Desta forma, a perspectiva de um fenômeno prolongado pode ser um fator decisivo e impactar o potencial produtivo tanto com café arábica como do café robusta em 2024.
Previsões probabilísticas de La Niña/El Niño
Depois de ficar abaixo no comparativo anual em todos os seis primeiros meses do ano, a safra 2023/24 tem registrado melhor desempenho para o café arábica, que mostrou volume superior ao ano passado pelo segundo mês consecutivo. Em agosto foram embarcadas 2,651 milhões de sacas de café arábica, uma alta de 11,2% em relação a agosto de 2022 e de 6,3% em relação à média de agosto dos últimos 5 anos.
Todavia, o grande destaque ficou para mais um grande salto do nos embarques de café robusta. As exportações do café robusta totalizaram quase 699 mil sacas, um significativo avanço de 443% em relação a agosto do ano passado, de 79% ante a média dos últimos 5 anos e registrando a máxima mensal da série histórica do Cecafé. Como tem sido destacado em outros relatórios semanais, os preços elevados na bolsa de Londres e a disponibilidade no mercado doméstico brasileiro tem pressionado os diferenciais de café robusta no país, que tem operado em níveis significativamente debilitados desde meados de abril, tornando a commodity brasileira mais competitiva no mercado internacional em relação à Indonésia e Vietnã. Ao que tudo indica, esta dinâmica tende a se manter pelo menos até a entrada da nova safra vietnamita, cuja colheita começa em meados de novembro e a comercialização a partir de meados de dezembro, o que deve, de certa forma, aliviar as preocupações com a disponibilidade de café oriundo do Sudeste Asiático.
Sazonalidade das exportações brasileiras de café robusta (mil sacas)
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