• Café arábica recua 800 pontos (5%) para encerrar a semana cotado a US¢ 151,15/lb
• Cotações de café robusta recuaram 3,7% para USD 2461/t
• Indicador Cepea registra queda de 3% para o arábica e de 0,4% para o robusta
• Fundos cobriram mais 9,4 mil contratos em Nova Iorque e compraram 10 mil contratos em Londres
• Previsão de chuva para regiões produtoras arrefece as preocupações dos agentes
• Conab divulgou os resultados do terceiro levantamento de 2023
• NOAA atualiza os seus modelos de projeção de intensidade para El Niño
• Ambiente macroeconômico pesa negativamente sobre as cotações de café
• Decisão do Fed e atualização de projeções trimestrais elevam aversão ao risco global
• Crise no setor imobiliário chinês pode pressionar commodities na semana
Depois de avançar nas duas primeiras sessões da semana, devido principalmente às preocupações com o clima no Brasil, os preços futuros de café estiveram sob pressão nas três últimas sessões. Na semana anterior e no início da semana passada os preços futuros de café avançaram devido as previsões climáticas que apontaram para um clima seco e uma onda de calor em grande parte do cinturão cafeeiro. Como foi apresentado na última edição deste relatório, após a abertura de parte da florada no Sul de Minas, Mogiana e Cerrado, a condição de clima quente com temperaturas acima de 34°C era um fator preocupante, o que estimulou a cobertura de posições dos agentes e suportou os avanços dos preços.
Como pode ser observado no último relatório COT/CFTC, os agentes especulativos cobriram mais de 9,4 mil contratos de café arábica em Nova Iorque entre os dias 12 e 19 de setembro, fechando o período com uma posição líquida vendida de 15,6 mil contratos. Em Londres, os fundos compraram mais de 10 mil contratos no período, completando uma posição líquida comprada de 26,5 mil contratos.
A indicação do retorno das chuvas a partir do fim do mês contribuiu para arrefecer as preocupações e estimular a liquidação de contratos. Além disso, os preços futuros de café sofreram com um sentimento de aversão ao risco em meio a decisão do Fed – leia a sessão macro para mais detalhes. Ademais, os preços também sofreram com a alta de 1,4% do dólar na semana, que fechou a sexta cotado em R$ 4,94.
Em Nova Iorque, o contrato mais ativo de café arábica terminou a semana com queda de 800 pontos (5%), fechando o período cotado em US₵ 151,15/lb. Em Londres, o contrato mais ativo de novembro, terminou o período que queda de USD 95/ton (3,7%), fechando cotado em USD 2461/ton.
Intraday semanal (contrato mais ativo) – 18/09 a 22/09
No Brasil, os preços de café no mercado doméstico seguiram as movimentações observadas no exterior e terminaram a semana em queda. O indicador Cepea para o café arábica terminou a semana com perdas de 3%, cotado em R$ 800,08/sc. Para o café robusta, o indicador apontou para perdas de apenas 0,4%, fechando a sexta cotado em R$ 644,49/sc. A queda menos intensa no mercado brasileiro aconteceu devido a alta do dólar na semana.
Na última semana a Conab divulgou os resultados do terceiro levantamento de 2023, que estimou a produção brasileira em 2023/24 em 54,36 milhões de sacas, o que representa um avanço de 6,8% se comparado com a safra anterior. A produção de café arábica foi estimada em 38,16 milhões de sacas, representando um avanço de 16,6% de comparado com o ano passado. Por outro lado, a produção de café conilon foi estimada em 16,19 milhões de sacas, indicando uma queda de 11%, devido as perdas na produção no estado do Espírito Santo.
Apesar da estimativa da Conab, grande parte dos players do mercado acreditam em uma produção maior. Entre as estimativas disponíveis, a menor é a da Conab, enquanto a maior estimativa, realizada por empresa privada do setor, ultrapassa 70 milhões de sacas. O USDA estimou a produção em 66,4 milhões de sacas e a média das estimativas de organizações públicas e privadas que a StoneX tem acesso é de 63,5 milhões de sacas. Vale a pena ressaltar que a maior diferença entre as estimativas da Conab e de outros players do mercado está nas estimativas para a produção de café robusta. A média das estimativas para o café arábica é de 42,4 sacas/ha, volume 11% maior que a estimativa da Conab. Para o café robusta, a média é de 21,1 milhões de sacas, volume 30% maior que a estimativa da Conab.
No relatório divulgado pela StoneX em fevereiro, após a condução de um giro de safra, a produção brasileira foi estimada em 62,3 milhões de sacas, sendo 40,7 milhões de sacas de café arábica e 21,6 milhões de sacas de café robusta.
Amplitude entre as estimativas para a produção brasileira de café (milhões de sacas)
Do ponto de vista dos fundamentos, a questão climática no Brasil e a evolução das etapas iniciais de desenvolvimento seguirão como pauta principal entre os participantes do mercado. Como foi observado, a previsão da chegada da chuva atuou de forma negativa para os preços pois tende a alimentar um certo otimismo com a safra 2024. No entanto, ainda estamos sob efeito do El Niño, com perspectiva de que seus efeitos persistam em 2024.
Depois de atualizar as projeções de probabilidade de El Niño na semana passada, mostrando uma maior chance de permanência do El Niño até meados do 2º trimestre de 2024, o NOAA atualizou os seus modelos de projeção de intensidade para o fenômeno, que tiveram leves ajustes para cima. A média dos modelos mostrou uma elevação nas chances de El Niño forte até o trimestre entre dezembro e fevereiro, além de apontar que este pode permanecer pelo menos em intensidade moderada até o trimestre entre fevereiro a abril. O El Niño está associado ao um clima com temperaturas acima da média em parte do cinturão cafeeiro, principalmente em regiões produtoras de café robusta. No entanto, temperaturas elevadas nas regiões produtoras de café arábica também podem ter o potencial de gerar danos.
Projeção de variação na temperatura de superfície do Oceano Pacífico (em ºC)
O ambiente macroeconômico teve influência importante sobre os preços de café principalmente a partir da quarta-feira (20), quando foi observada uma elevação da aversão ao risco nos mercados globais após decisão de política monetária do Federal Reserve e a atualização das projeções trimestrais dos membros do Fed. Apesar do Comitê Federal de Mercado Aberto (FOMC) do Fed de manter a taxa de juros nos EUA estável, no intervalo entre 5,25% a 5,50% a.a., a atualização trimestral das projeções dos membros e os comentários do presidente da autarquia, Jerome Powell, elevaram a aversão ao risco nos mercados globais, com as commodities e moedas emergentes sendo afetadas.
Além de não descartarem a possibilidade de a taxa sofrer uma nova elevação de 25 pontos base até o final de 2023, indo para o intervalo de 5,50% a 5,75%, as projeções trimestrais dos membros para a taxa de juros nos próximos dois anos também foram ajustadas para cima. Para 2024, a mediana das projeções dos membros do FOMC passou a indicar a meta de juros entre 5,00% e 5,25%, 50 pontos base acima do que era esperado em junho, no intervalo de 4,50% e 4,75%, ajuste semelhante ao realizado nas projeções para 2025, com a meta de juros em 3,75% a 4,00%. A nova perspectiva de taxas de juros mais elevadas por um maior período impulsionou o dollar index, índice de compara o dólar com uma cesta de moedas de economias avançadas, aos seu maior nível em mais de 6 meses.
Evolução da mediana das projeções para a taxa de juros do Fed
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