• Café arábica avançou 6,1%, fechando cotado em US¢ 154,90/lb
• Cotações de café robusta apresentaram resultados mistos
• Cepea registra alta de 2,1% para o arábica e queda de 1,5% para o robusta
• Clima no Brasil segue como foco de atenção do mercado
• El Niño tem 61% de chance de se manter até abril, maio e junho de 2024
• Consumo potencialmente enfraquecido segue como ponto de atenção
• Exportações brasileiras caíram 5,3% em setembro
• Embarques de café robusta apresentaram alta de 317%
• Exportações de café arábica caíram 20,3%
• Dólar recuou 1,3% na semana para USDBRL 5,08
Na última semana, os preços futuros de café arábica apresentaram importantes avanços no terminal de Nova Iorque, refletindo um movimento de cobertura de posições vendidas por parte dos agentes especulativos e uma menor atividade no Brasil, devido ao feriado de Nossa Senhora Aparecida (12). Além disso, os preços futuros de café também tiveram suporte em meio a queda do dólar na semana, que recuou 1,3% para USDBRL 5,08.
Em Londres, os preços futuros de café robusta apresentaram um resultado misto, com os primeiros contratos avançado, mas os contratos mais distantes permanecendo quase inalterados ou com uma leve queda. Para o café robusta, o mercado segue sendo pressionado pelos amplos volumes exportados pelo Brasil, como pode ser observado nos relatórios do Cecafé, e pela aproximação do início da safra do Vietnã, cuja colheita deve ter início em meados do próximo mês.
Em Nova Iorque, o contrato mais ativo, de dezembro, apresentou ganhos de 885 pontos (6,1%), fechando a semana cotado em US₵ 154,90/lb. Para o café robusta, o contrato com maior liquidez, com vencimento em janeiro, apresentou ganhos de apenas USD 4/ton (0,2%), fechando a semana cotado em USD 2.284/ton.
Intraday semanal (contrato mais ativo) – 09/10 a 13/10
No mercado doméstico brasileiro, assim como no mercado exterior, os preços de café terminaram a semana com resultados mistos. O indicador Cepea para o café arábica apresentou ganhos de 2,1% na semana, fechando a sexta-feira (13) cotado em R$ 819,47/sc. O indicador Cepea para o café robusta apresentou perdas de 1,5%, fechando a semana cotado em R$ 636,45/sc.
Do ponto de vista dos fundamentos, o cenário ainda segue inalterado. As atenções dos agentes estão voltadas para as condições climáticas no Brasil à medida que as lavouras brasileiras avançam pelas etapas iniciais de desenvolvimento da safra 2024 – a manutenção de um clima favorável tende a alimentar um otimismo com o volume da próxima safra, enquanto qualquer adversidade climática pode frustrar essas expectativas e atuar positivamente para as cotações.
Apesar do clima favorável nas últimas semanas, a ocorrência e manutenção do El Niño pode impactar o clima e a produção de café nas regiões produtoras, principalmente nas áreas produtoras de café robusta. A última atualização do NOAA mostra uma probabilidade acima de 60% para a manutenção do fenômeno até o trimestre AMJ (abril, maio e junho). Além disso, os modelos indicam que o fenômeno pode ter uma intensidade forte no final deste ano e início de 2024, períodos críticos para o desenvolvimento da safra.
Probabilidade de El Niño/La Niña
Além do clima, um consumo potencialmente enfraquecido segue como um ponto de alerta. A inflação sobre os preços de café nos últimos anos foi o principal vilão por trás de um menor crescimento e/ou queda do consumo de café nos principais países consumidores. Enquanto no Brasil e nos EUA os preços de café no varejo já estão em um processo deflacionário, na Europa a inflação sobre os preços ainda segue alta, alcançando 11,3% no mês de agosto, de acordo com os dados do Eurostat.
Nesta sentido, os volumes de importação de café nos principais consumidores foram menores em 2023. De acordo com o USDA, as importações de café nos EUA nos primeiros 8 meses deste ano totalizaram 14,5 milhões de sacas, volume 12,6% menor que o observado no mesmo período em 2022. Os dados do Eurostat apontam que a União Europeia importou 27,05 milhões de sacas até julho, volume 6,5% menor que o observado no mesmo período do ano passado.
De acordo com o último relatório oficial do Cecafé, o Brasil exportou 3,3 milhões de sacas de café, representando uma queda de 5,3% se comparado com o mesmo mês de 2022. Destes, 3,02 milhões de sacas foram de café cru, 265 mil sacas de café solúvel e o restante de café torrado e moído. A receita das exportações no mês de setembro totalizou 638 milhões de dólares ou 3,14 bilhões de reais, o que representou um recuo de 27,6% se comparado com a receita em setembro de 2022.
Do total de café cru exportado, as exportações de café arábica apresentaram recuo de 20,3%, totalizando 2,4 milhões de sacas. As exportações de café arábica seguem enfraquecidas devido a relutância dos produtores em comercializar o café nos patamares de preço atuais e aos diferenciais pouco atrativos para o mercado de exportação FOB. Para alguns players, o volume reduzido das exportações brasileiras também está associado a demanda enfraquecida nos principais países consumidores. Além disso, o elevado patamar da taxa básica de juros onera o carrego dos estoques, o que desestimula a aquisição de grandes volumes por parte das empresas.
Exportações brasileiras de café cru (milhões de sacas)
Por outro lado, as exportações brasileiras de café robusta apresentaram novamente um forte avanço no comparativo anual, refletindo um cenário favorável para as exportações brasileiras do tipo. Em setembro, o Brasil exportou quase 625 mil sacas de café robusta, volume 317% maior que o observado em setembro de 2022. O choque de oferta na Ásia é o principal motivo por trás dos avanços das exportações brasileiras do tipo. A quebra na safra da Indonésia e um estoque de passagem apertado no Vietnã promoveram um forte avanço nos diferenciais de preço na Ásia, tornando estas origens menos competitivas se comparado ao Brasil.
Exportações brasileiras de café robusta (milhões de sacas)
Com relação ao café industrializado, as exportações de café torrado e moído apresentaram uma queda de 18,2% no mês, totalizando 3,3 mil sacas (equivalente a saca de 60kg de café cru). Os embarques de café solúvel também apresentaram perdas, recuando 15,9% no mês, cujas exportações totalizaram o equivalente a 265,4 mil sacas de café cru.
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