Diário Sucroenergético

Exportações de açúcar se recuperam em novembro
 
Filipi Cardoso
Marcelo Di Bonifacio Filho
Rafael Borges
Açúcar | MDIC divulga dados para exportação de açúcar e etanol em novembro de 2023
Nesta quarta-feira (06), o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC) divulgou os dados de exportação e importação detalhados da balança comercial brasileira no mês de novembro. Os embarques de açúcar, como esperado, cresceram em termos mensais, totalizando 3,68 milhões de toneladas (maior número mensal de 2023), 28,3% acima do volume de outubro, que foi de apenas 2,87 MMT – só para o açúcar bruto, o aumento mensal foi de 32%.
A melhora nas exportações brasileiras de açúcar está diretamente ligada à menor quantidade de chuvas em novembro frente a outubro no porto de Santos (principal escoador da commodity), que vinha enfrentando dificuldades logísticas e aumento nas filas de navios para carregamento e nomeação de cargas do adoçante. No porto paulista, os embarques do produto atingiram 2,6 MMT, crescimento mensal de 34%. Além disso, as safras no Nordeste, sob desempenho acima do ano passado até o momento no ciclo iniciado em setembro de 2023, aumentaram seu excedente exportável disponibilizando maiores volumes de exportação de açúcar.
Exportações brasileiras de açúcar (milhões de toneladas)
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Fonte: MDIC. Elaboração: StoneX.

O crescimento dos embarques brasileiros explica parte das quedas recentes no açúcar em Nova Iorque, uma vez que havia preocupações quanto à capacidade do Brasil escoar tamanha produção nesta safra 2023/24 (abr-mar) no Centro-Sul. Em outubro, movimentos altistas refletiam o aumento das chuvas em Santos, que se dissiparam na virada do mês, revertendo o direcionamento do mercado até esta primeira semana de dezembro, quando o contrato de março/24 voltou para US¢ 23,00/lb, acumulando, em 10 pregões, uma queda de 475 pontos.

Pelo lado do escoamento brasileiro, o otimismo tende a continuar, sob expectativa de que o país exporte volumes acima da média nos meses de dezembro, janeiro, fevereiro e março – entressafra de cana no Centro-Sul – resultado tanto do atraso das exportações ao longo do ano quanto do crescimento produtivo. Em termos de chuvas, novembro já foi menos chuvoso no comparativo com outubro e, pelo realizado e frente às previsões, até agora, dezembro também pode ser menos chuvoso frente a outubro. Segundo os dados da Williams Shipping Agency, para embarques em dezembro, o lineup de açúcar se encontrava em 3,8 milhões de toneladas, na semana passada – volume que não deve, integralmente, se realizar até o final do mês, mas já indica a grande disponibilidade da commodity pelo Brasil, ainda impactada pelo fraco mês de outubro.

Assim, em 2023, a estimativa da Inteligência de Mercado da StoneX estima exportações de 30,7 milhões de toneladas, levemente acima do recorde registrado em 2020. Para 2024, serão necessários investimentos em logística, principalmente nos terminais portuários, para que o país consiga exportar todo o açúcar que ficará disponível dadas as projeções cada vez melhores para a safra 2024/25 (abr-mar) no CS – tendo um potencial dos embarques nacionais atingirem mais de 35 milhões de tons.

Como trazido em recente análise (confira aqui), os estoques de açúcar no Brasil se encontram acima de 16,0 MMT, volume recorde. No Centro-Sul, os embarques não devem ser capazes de escoar todo o aumento de produção, colocando um potencial de estoques de passagem de 2023/24 para 2024/25 ao redor de 6,0 MMT, quase o dobro de 2022/23, que foi de 3,33 MMT. Na próxima temporada, mesmo que as exportações aumentem, o cenário deve ser parecido, uma vez que a maximização do mix de açúcar colocará mais produto no mercado, frente ao descompasso natural dos investimentos portuários, que demoram mais tempo para serem efetivos e aumentarem a capacidade de exportação.

Estoques finais de açúcar no Centro-Sul (milhões de toneladas)

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* Estimativas StoneX. Fonte: UNICA. Elaboração: StoneX.

Para a comercialização do etanol, em novembro, o biocombustível manteve as exportações acima dos 200 mil m³, contudo registrou uma retração mensal de 13,3% e no comparativo com o mesmo período de 2022 registrou uma queda de 20,3%. No acumulado o ano, as exportações de etanol totalizam 2,22 milhões de m³, 4,3% superior ao mesmo período do ano passado. 

Exportação mensal brasileira de etanol (milhões de m³)

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Fonte: MDIC. Elaboração: StoneX.

O número elevado de exportações de etanol verificado em 2023 pode ser atribuído, em grande parte, à maior oferta do biocombustível, uma vez que a safra Centro-Sul tem registrado um elevado nível de produtividade e uma moagem que já se aproxima das 600 milhões de toneladas (até a primeira quinzena de novembro), e também à paridade entre o etanol e a gasolina acima de 70% no primeiro semestre do ano, fator que reduziu o consumo de hidratado no mercado doméstico enquanto o consumo de ciclo Otto registrou crescimento significativo. 

Segundo as estimativas da StoneX divulgada no fim de novembro, a produção total de etanol durante a safra 2023/24 (abr-mar), somando-se os produtos fabricados a partir do milho e cana, está estimada em 32,8 milhões de m³, um aumento de 13,5% em relação à safra anterior, fator que tem mantido as usinas com estoques elevados – dessa forma, é possível manter os níveis de exportação acima da média dos últimos 5 anos. 

De acordo com as projeções, em 2023 o setor deve exportar cerca de 2,5 milhões de m³, cenário semelhante a 2022. A principal diferença está no consumo doméstico de hidratado, que desde agosto vem registrando uma recuperação e deve manter o consumo em patamares elevados no mês de dezembro. Portanto, com a demanda nacional aquecida, o mercado deve manter os volumes exportados acima dos 200 mil m³, mas não deve alcançar o mês de dezembro de 2022, quando foram exportados mais de 310 mil m³.

 

Resumo do dia
No pregão de hoje (06), o açúcar bruto em Nova Iorque apresentou forte queda, e o março/24 fechou em US¢ 23,00/lb, retração diária de 196 pontos, ou 7,9% - alcançando a menor cotação desde o final de junho. A queda percentual foi a maior desde o dia 03 de fevereiro de 2011, após, no dia anterior, o demerara atingir o maior valor da história, em US¢ 35,51/lb.
Além dos altos volumes de exportação do açúcar brasileiro, que vinham trazendo influência baixista nos últimos dias, a commodity recebeu atualizações pelo lado da Índia, que trouxeram argumentos para expressiva pressão de venda no dia de hoje. Segundo rumores, o governo indiano poderia rever a meta de mistura do etanol na gasolina em 2024, podendo assim desviar menos açúcar para a fabricação do biocombustível - abrindo a possibilidade de excedente exportável do adoçante pelo país.
Por fim, importante salientar um movimento comum de desvalorização brusca em outros mercados de commodities, como o caso do Brent (-3,83%), milho (-1,3%), soja (-0,8%), dentre outros, demonstrando um ambiente financeiro mais avesso ao risco nesta quarta-feira (06).
TABELA DE INDICADORES
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Fontes: ICE, CEPEA, B3, ANP, NYMEX, CBOT, Banco Central do Brasil, California Air Resources Board (CARB), CONSECANA, StoneX. Elaboração: StoneX.
 
 
 
Tags relacionadas: Combustíveis Renováveis

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