Na última quinta-feira (14), as cotações de futuros do Brent e WTI encerraram as negociações em forte alta, sendo cotadas a USD 93,7 bbl (+1,98%) e USD 90,16 bbl (+1,85%).
Após registrar leve queda na quarta-feira, reflexo do aumento do CPI norte-americano e das reservas de petróleo do país (movimento não antecipado pelo mercado), os preços do petróleo voltaram a subir na última sessão. Projeções sinalizando um déficit no balanço global da commodity apoiaram o sentimento altista, sustentando as referências para os maiores patamares em 11 meses, com o Brent acumulando uma alta semanal de 4,2% e o WTI operando acima de USD 90 bbl desde outubro/22.
Projeções da IEA apontam balanço deficitário Um dos fatores que ofereceu suporte para as cotações nos últimos dias foram as atualizações de projeções de agentes do mercado após o anúncio dos cortes voluntários na Arábia Saudita e Rússia. A Agência Internacional de Energia (IEA, sigla em inglês), apontou que o balanço global em 2023 deverá ser deficitário em 1,2 mbpd, com o resultado refletindo a queda da oferta de países da OPEP em meio ao crescimento da demanda global em 2,2 mbpd nesse ano, atingindo 102,8 mbpd. O déficit deve ser amenizado, por sua vez, pelo aumento da produção dos Estados Unidos, Brasil e Irã, o que leva a oferta total a crescer 1,5 mbpd nesse ano em relação a 2022. Assim, considerando também as projeções do STEO e da OPEP, os futuros do petróleo seguiram a tendência altista que já perdura por três semanas no mercado da commodity.
Alta dos combustíveis nos Estados Unidos Como apontado nos últimos diários, a alta dos preços de combustíveis nos Estados Unidos, especialmente da gasolina, tem impactado o mercado de derivados no país. Os estoques em níveis próximos às mínimas sazonais deixam os EUA mais vulneráveis a grandes variações de preços, considerando que mesmo com demanda abaixo da média tanto para o diesel quanto a gasolina em meio a altos níveis de processamento não tem sido suficiente para aliviar as reservas. A alta do CPI em agosto foi atribuída principalmente pela escalada das cotações da gasolina para o consumidor final, dificultando o controle da inflação no país e aumentando o desconforto dos norte-americanos que passaram a consumir gasolina a um preço médio de USD 3,9 por galão. Diante desse cenário, o presidente Joe Biden anunciou que irá reduzir os preços do combustível fóssil em discurso ontem (14). Biden, no entanto, não especificou quais medidas seriam realizadas para atingir esse objetivo, mas a pauta dos preços da gasolina estaria em alta entre os partidos, especialmente o Democrata, tendo em vista as eleições presidenciais em 2024.
China impactada por alta nos preços do petróleo Nas últimas três semanas, os futuros do Brent expandiram quase 11%, o que contribuiu para suportar diversas referências no mercado internacional. Com esse aumento expressivo nos preços, países dependentes de importações de petróleo devem desembolsar mais a fim de atender suas necessidades pela commodity, sendo a China um caso importante para o comércio internacional. O país é cronicamente importador de óleo bruto desde a década de 1990, com a demanda doméstica expandindo em ritmo acelerado nos últimos anos. O crescimento da indústria e dos níveis de mobilidade apoiam a dependência de petróleo, e levam ao país a aumentar o nível de importações. Atualmente, a China conta com grandes fornecedores, especialmente Arabia Saudita, e, mais recentemente, Rússia, mas as decisões desses agentes entram em conflito direto com interesses chineses.
Balanço de oferta e demanda de petróleo - China (milhões de toneladas)
Fonte: Energy Institute. Elaboração: StoneX.
Os cortes de oferta defendido pelos países da OPEP impactam os termos de troca chinês, com o país podendo desacelerar as compras de óleo bruto no mercado internacional e liberar estoques estratégicos (que hoje se estima acima de 1 bilhão de barris) para conter o impacto inflacionário sobre a economia. Caso esse movimento se verifique, poderá reverter parte dos ganhos que os futuros do petróleo acumularam recentemente ao limitar a demanda pelo produto importado, apesar das reservas não serem suficientes para abastecer completamente o mercado doméstico por mais que dois meses, considerando que a demanda chinesa é estimada em 16,2 mbpd atualmente.
Petróleo amanhece em alta Hoje pela manhã (15), as cotações abriram a sessão em alta, com o contrato do Brent para vencimento em novembro/23 operando em USD 93,3 (+0,39%) até as 09h0. Rumores de que o governo chinês irá promover estímulos econômicos, e, consequente, promover o consumo de combustíveis ao longo de 2023.
Fonte: NYMEX, ICE, S&P, StoneX.
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