O novo mês começou em modo de aversão ao risco em Wall Street, com as ações e commodities na defensiva durante a sessão noturna em meio aos problemas econômicos. O índice de volatilidade VIX oscilou em torno dos 27 pontos, refletindo aumento dos medos de Wall Street. O dollar index negociou próximo dos 109,3 pontos. Os títulos de 10 anos do Tesouro dos EUA negociam próximos das máximas de dois meses em 3,25%, enquanto os títulos de 2 anos negociam próximos a 3,51%. Os preços do petróleo tiveram queda de mais de 2%, enquanto o setor de grãos e oleaginosas tiveram queda de quase 1%.
Na semana encerrada em 27 de agosto, os novos pedidos de seguro-desemprego dos EUA totalizaram 232 mil, contra 246 mil na semana anterior. Além disso, o total da semana anterior foi revisado para 237 mil pedidos, contra 243 mil reportados anteriormente. A média móvel de quatro semanas caiu para 241,5 mil, contra 245,5 mil na semana anterior. Os pedidos contínuos da semana encerrada em 20 de agosto tiveram aumento de 26 mil, para 1,438 milhão, continuando a tendência vista nas últimas semanas, embora o número continue baixo em uma perspectiva histórica. O relatório de demissões da Challenger indicou queda para apenas 20.485 avisos de demissões anunciadas em agosto, contra 25.810 no mês anterior. Isso sugeriria uma perspectiva mais estável para o setor de empregos.
A produtividade não-agrícola caiu a uma taxa anualizada de 4,1% no segundo trimestre, o que representa uma melhora em relação à estimativa anterior, de queda de 4,6%, e melhor do que a queda de 4,4% prevista pelos analistas. Esta é a segunda leitura para os dados do segundo trimestre. Os custos unitários do trabalho avançaram a uma taxa anual de 10,2% no segundo trimestre, abaixo dos 10,8% relatados originalmente e abaixo das expectativas dos analistas de que atingiriam 10,7%. Isso sugere que a inflação salarial foi um problema muito grande no segundo trimestre, mas não foi tão grande quanto indicado inicialmente.
Combater a inflação é uma prioridade maior do que evitar uma recessão, de acordo com comentários feitos por Loretta Mester, presidente e CEO do Federal Reserve de Cleveland, que falou publicamente na quarta-feira, dizendo que, se os EUA precisarem entrar em recessão para controlar a inflação farão isso. Mester espera que a taxa básica de juros do Fed atinja 4% este ano, o que atualmente está acima das expectativas do mercado, de 3,75%. Ela também não espera que o Fed reverta o curso com uma redução das taxas até pelo menos depois de 2023. Em outras palavras, Mester sinalizou que as taxas devem subir mais agressivamente do que o previsto pelo mercado e permanecer assim por mais tempo do que o esperado. Mester é apenas um membro votante do Comitê Federal de Mercado Aberto (FOMC), mas o grupo político como um todo tem falado a mesma coisa nos últimos meses, tentando convencer os mercados de que leva a sério o combate à inflação.
Os comentários de Mester ecoam os feitos pelo presidente do Fed, Jerome Powell, na semana passada, ao discursar no simpósio anual do Federal Reserve de Kansas City em Jackson Hole, em Wyoming. O presidente da autoridade monetária enfatizou que “embora as taxas de juros mais altas, o crescimento mais lento da economia e as condições mais suaves do mercado de trabalho reduzam a inflação, eles trarão alguns problemas para famílias e empresas. Infelizmente, esse é o preço a ser pago para reduzir a inflação. Mas uma falha em restaurar a estabilidade de preços significaria uma dor muito maior.” O Fed tem intensificado seu plano para reduzir seu balanço – retirando estímulos da economia– hoje, deixando de reinvestir recursos de até USD 60 bilhões em títulos do Tesouro com vencimento a cada mês e USD 35 bilhões em títulos lastreados em hipotecas. O ritmo em que o balanço vem encolhendo neste verão tem dobrado. Esse aperto quantitativo também deve começar a aumentar as taxas de juros, já que a demanda por títulos do Tesouro cai abaixo da oferta de títulos do Tesouro a uma taxa prevista de aproximadamente USD 2,5 trilhões por ano, exigindo rendimentos mais altos para atrair novos compradores.
A Ucrânia embarcou mais de 1,5 milhão de toneladas de grãos e produtos de três portos em agosto, que passaram por corredores de passagem segura em 65 navios. Isso equivale a um quarto do que o país costumava embarcar nos anos anteriores. Do total, 64% do volume foi de milho, enquanto apenas 18% de trigo. Enquanto isso, os inspetores da ONU chegaram a maior usina nuclear da Europa, perto de Kherson, no sul da Ucrânia, que tem sido o foco dos ataques. Na verdade, sua chegada foi atrasada em razão dos ataques próximos das plantas. As autoridades temem que um projétil equivocado possa desencadear um desastre nuclear na usina, o que poderia contaminar grandes áreas agrícolas nos próximos anos. Já aconteceram vários “quase desastres” que os trabalhadores foram capazes de conter na usina. No mercado noturno, o setor de commodities refletiu preocupações com a inflação. A StoneX divulgará os resultados de seu levantamento mensal com clientes na tarde de hoje, revisando suas estimativas para os rendimentos de soja e milho para o ano-safra atual. Enquanto isso, a China continua a comprar soja em um momento em que o sistema de divulgação de vendas de exportação do USDA está fora do ar. O Departamento planeja retomar seu sistema de divulgação anterior no dia 15 de setembro, enquanto revisa o sistema novo. O USDA também reportou que destinos desconhecidos compraram 400 mil toneladas de soja, elevando as vendas anunciadas para a China e destinos desconhecidos desde o dia 23 de agosto para 1,6 milhão de toneladas. Contudo, não temos uma noção de quantas vendas não passaram pelo sistema de divulgações diário enquanto o sistema de vendas semanais está fora do ar.
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