O novo mês de negociação começou em um tom positivo, o que não é incomum, mas hoje também marca o início de dois dias de reuniões de política monetária do Federal Reserve antes de sua atualização, que deve ser seguida de um discurso e uma coletiva de imprensa que deverá ser acompanhada pelos traders de Wall Street. Ainda assim, Wall Street parece confiante de que precificou os movimentos do Fed antecipadamente, com índice de volatilidade VIX caindo abaixo dos 26 pontos para o seu nível mais baixo em seis semanas no mercado noturno. O dollar index recuou para 110,8 pontos. Os títulos de 10 anos do Tesouro dos EUA negociaram próximos a 3,96% na manhã de hoje, enquanto os títulos de 2 anos negociaram próximos a 4,42%. Os preços do petróleo negociaram em alta de 3% na manhã de hoje em razão de rumores que a China tem cogitado repensar sua política contra a Covid-19, enquanto os mercados de grãos e oleaginosas negociaram de forma mista.
Rumores de que a China estaria reconsiderando sua política de tolerância zero contra a Covid-19 tem circulado novamente. Tais rumores provocaram um forte rali nos mercados chineses hoje, com o índice de ações CSI 300 caindo para o seu nível mais baixo desde fevereiro de 2019 na segunda-feira. O yuan negociou em 7,327 por dólar, seu nível mais baixo desde dezembro de 2007. Os rumores de que as autoridades chinesas têm considerado reabrir o país são baseados em relatos não confirmados nas redes sociais na China de que um “comitê de reabertura” foi estabelecido e será liderado por Wang Huning – um dos sete principais representantes chineses no Comitê Permanente do Politburo, nomeado recentemente na 20ª reunião do Congresso. O comitê tem supostamente revisado os dados da Covid-19 de todo o mundo para considerar vários cenários de reabertura para a China. A data de reabertura seria em março de 2023. Essa data seria escolhida porque a China normalmente realiza uma reunião de política em fevereiro de cada ano, com novas políticas anunciadas após essa reunião.
Vale lembrar que já vimos esses rumores várias vezes antes, e cada um terminou em decepção. No entanto, a atual rodada de rumores segue o caos na fábrica chinesa da Foxconn, que produz iPhones para a Apple. A Foxconn empregou 1,29 milhão de pessoas em 2020. Sua fábrica em Zhengzhou manteve (dependendo do relatório) entre 200 mil e 300 mil funcionários em um gerenciamento de ciclo fechado (quando os funcionários permanecem no trabalho). Acredita-se que 20.000 pessoas estavam em quarentena forçada na fábrica. Eles chegaram a pular cercas e fazer o que fosse necessário para escapar das fábricas, com as rodovias sendo preenchidas de pessoas que conseguiram escapar. As autoridades chegaram a reunir trabalhadores fugindo das fábricas para enviá-los para instalações de quarentena. Surgiram relatos de que a Foxconn estaria oferecendo desesperadamente bônus expressivos aos trabalhadores que permanecessem no trabalho. Esse incidente pode ter sido um alerta para as autoridades chinesas em relação a) à impaciência da população quanto à política de zero-Covid, b) ao aumento nos custos para manter as cadeias de suprimentos operando sob a política atual, e c) o custo para a sua economia e para a economia global, em um momento em que a China quer ser vista como líder.
O Banco Central Europeu (BCE) está comprometido em aumentar sua taxa de juros para combater a inflação, mesmo que isso leve a uma recessão, de acordo com a presidente do BCE, Christine Lagarde. Ela afirmou que o BCE tem o compromisso de manter a estabilidade de preços, o que significa trazer a inflação em níveis recordes de dois dígitos para a marca de 2%. Os formuladores de política do Federal Reserve fizeram declarações semelhantes, embora a dinâmica seja diferente para os EUA em relação à Europa, que está do lado da guerra na Ucrânia. No entanto, ambos os bancos centrais enfrentam desafios semelhantes, pois controlam apenas parte das políticas que afetam suas respectivas economias. Os desafios aumentam quando há um aperto monetário para controlar a inflação, enquanto a política fiscal se expande para estimular a economia à medida que alguns representantes buscam votos durante as eleições de meio de mandato. Eles tendem a trabalhar uns contra os outros, o que é o caso tanto nos EUA quanto na Europa.
As Nações Unidas insistem que o acordo para exportação de grãos da Ucrânia permaneça intacto, mesmo sem o envolvimento da Rússia. Cerca de 350 mil toneladas de grãos deixaram a Ucrânia ontem, o que representa um recorde sob o acordo. Contudo, permitir que esses navios continuem chegando aos portos pode ser o maior problema. Os preços do milho nos portos já negociam em queda em razão da queda no número de compradores dispostos a correr riscos ao deixarem os portos, com seguro para essas cargas se tornando cada vez mais difícil de se obter. Os riscos de uma escalada na guerra crescem, afetando as exportações da Ucrânia. Os preços do milho e do trigo têm se consolidado após os ganhos de ontem, mas a soja continua a receber suporte do aperto na oferta global de óleos alimentares.
Este documento contém opiniões do autor e não necessariamente reflete as estratégias da StoneX. As previsões de mercado são especulativas e podem variar. O investidor é responsável por qualquer decisão baseada neste material. A StoneX só negocia com clientes que atendem aos critérios legais. O aviso legal completo está em https://brasil.stonex.com/aviso-legal/.
É proibida a cópia ou redistribuição deste material sem permissão da StoneX.
© 2024 StoneX Group, Inc.