Os futuros de ações negociaram em alta no mercado noturno, enquanto os preços das commodities negociavam em queda. É dia de eleição nos Estados Unidos, com muito em jogo para a economia. Os traders de ações buscam um ambiente mais favorável aos negócios. Às vezes, isso significa um impasse em Washington, o que pode muito bem ser o caso após a eleição de hoje. No entanto, o aumento nos números da Covid-19 na China e a imposição de novos lockdowns lançaram uma nuvem baixista sobre o complexo mais amplo de commodities no mercado noturno. O índice de volatilidade VIX negociou próximo dos 24 pontos durante a manhã, refletindo aumento nas preocupações de Wall Street. O dollar index se consolidou para perto dos 110,2 pontos após alguns dias de perdas significativas. Os títulos de 10 anos do Tesouro dos EUA negociam próximos a 4,19%, enquanto os títulos de 2 anos negociam próximos a 4,70%. O petróleo e os mercados de grãos e oleaginosas registraram perdas na sessão noturna.
As eleições são assuntos delicados no mundo de hoje. A velha regra de não falar sobre religião e política se deve às emoções ligadas a esses assuntos. Não importa o comentário, as pessoas interpretam como querem. Mas o fato é que Wall Street tem um viés. Esse viés é de uma política que seja favorável aos negócios. Às vezes, isso significa uma agenda pró-negócios e, às vezes, isso significa um impasse. Ironicamente, um impasse – quando nenhuma das partes tem poder total, resultando em nenhuma delas conseguir o que quer – é muitas vezes considerado bom. Os céticos no mundo dos negócios acreditam que os negócios são melhores quando o governo fica fora do caminho. Os políticos normalmente não entendem de negócios, então tendem a promover políticas que acham que serão boas, sem entender as implicações para a economia. Essa ingenuidade pode cruzar as linhas partidárias. Desse modo, Wall Street geralmente fica feliz quando há um impasse, o que significa que nada é feito em Washington, e os formuladores de políticas ficam fora do caminho dos negócios. Essa é a ideia por trás da força desta semana em Wall Street, apesar das notícias negativas vindas da China e dos riscos geopolíticos contínuos na região do Mar Negro.
O índice de otimismo de pequenas empresas produzido pela Federação Nacional de Empresas Independentes (NFIB, em inglês) recuou para 91,3 pontos em outubro, contra 92,1 no mês anterior, ficando aquém das estimativas dos analistas (91,8). Foi o 10º mês consecutivo em que o índice ficou abaixo de sua média de 49 anos, de 98. Um terço (33%) dos proprietários de pequenas empresas relatam que a inflação é o principal problema para administrar seus negócios. Isso representa um aumento de 3 pontos no mês, mas ainda 4 pontos abaixo da máxima estabelecida em julho. Essa alta de julho foi máxima desde 1979. Há uma quantidade significativa de dados mostrando que a força da economia atual está baseada em pequenas empresas, que são mais flexíveis em se ajustar aos desafios atuais. No entanto, a pesquisa revelou que o percentual de empresários que esperavam melhores condições de negócios nos próximos seis meses se deterioraram mais 2 pontos em relação ao mês anterior, para uma baixa líquida de 46%. A porcentagem de proprietários que esperavam que as vendas reais (ajustadas pela inflação) fossem maiores caiu 3 pontos para um resultado líquido negativo de 13%. Mesmo assim, 46% dos empresários relataram vagas difíceis de serem preenchidas desde setembro. Noventa por cento relataram poucos ou nenhum candidato qualificado para suas vagas em aberto.
Os lockdowns têm aumentado novamente na China. O epicentro da atual onda de Covid-19 no país está em Guangzhou e em uma dúzia de outras cidades com números de infecções em rápido aumento. As autoridades relataram 7.475 novos casos de Covid-19 na segunda-feira, um aumento de 36% em relação ao dia anterior. Novos casos em Guangzhou chegaram a 2.377 na segunda-feira. Essa é uma fração muito pequena das mais de 15 milhões de pessoas que vivem lá, mas é um número enorme para as autoridades comprometidas com uma política de tolerância zero contra a Covid-19 do país. Os líderes sabem que os lockdowns e restrições têm prejudicado a economia chinesa, por isso continuam buscando novas estratégias para abrir a economia enquanto tentam conter os novos casos, mas o coronavírus está vencendo. As novas variantes têm provado até agora que não podem ser contidas.
Os fechamentos da China aumentam as preocupações com a demanda por commodities, levando as negociações noturnas a um tom negativo nos mercados de energia e grãos e oleaginosas. O trigo continua encontrando suporte nas quebras de preços devido aos medos de que a Rússia suspenda a extensão do acordo comercial que permite à Ucrânia usar três portos para embarcar grãos. Esse acordo expira no dia 19 de novembro, então devemos estar perto de uma decisão por parte da Rússia de uma forma ou de outra. A narrativa da soja tem sido construída em torno do clima do Brasil e da demanda chinesa. Os compradores chineses podem acessar a soja sul-americana por um desconto de até USD 1,40 por bushel em comparação com a soja que desce o Rio Mississippi devido aos problemas relacionados aos níveis do Rio, então é para onde o país tem se direcionado. Isso é um problema, já que o problema do Rio Mississippi não será solucionado até que as ofertas da safra nova mais baratas do Brasil estejam disponíveis. O USDA deve refletir os problemas relacionados às exportações no relatório de O&D a ser divulgado amanhã. Os bulls do mercado têm lutado para manter suas posições, principalmente no milho, onde os gráficos estão começando a parecer pesados. O relatório do USDA de amanhã deve nos dar uma boa ideia de qual será o tamanho final das safras de milho e soja, o que significa que o foco será cada vez mais direcionado para a fraca demanda de exportação atrelada ao forte dólar e aos baixos níveis do Rio Mississippi, com o foco dos traders de trigo continuando no Mar Negro. O marasmo do feriado está quase virando a esquina, deixando os bulls em busca de qualquer coisa que sustente seu argumento.
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