Comentários de Abertura

A queda dos mísseis supostamente russos na Polônia e que mataram duas pessoas foi um alerta máximo para os mercados, agências de notícias e redes sociais. Contudo, determinou-se que o ataque foi originado da defesa aérea ucraniana e que os restos da colisão caíram em território polonês. Ainda assim, o incidente colocou líderes mundiais e militares em alerta máximo. A Alemanha ofereceu suporte ao espaço aéreo polonês e a OTAN condenou o ataque, tendo seu primeiro país membro atingido diretamente durante a guerra. A Cúpula do G20 foi concluída em Bali, Indonésia, esta manhã, com essa situação em primeiro plano. Os líderes mundiais são claramente contra a guerra na Ucrânia, mas poucas medidas foram tomadas por eles. O incidente na Polônia ocorreu durante uma onda de bombardeios russos ontem, um dos dias de combate mais ativos até agora. A guerra parece longe de acabar.

Nos EUA, uma série de dados econômicos foram divulgados esta manhã, chamando de volta a atenção do mercado. De acordo com a Associação norte-americana de Bancos Hipotecários (MBA), os pedidos de hipoteca na semana encerrada em 11 de novembro tiveram aumento de 2,7% no comparativo semanal, acima de -0,1% na semana anterior, com as taxas de hipoteca caindo levemente abaixo da marca de 7% – a maior queda no comparativo semanal (24 pontos base) desde julho. As vendas no varejo de outubro registraram um aumento de 1,3% em relação a setembro, acima da leitura inalterada do mês anterior e da estimativa média do mercado de alta de +1,0%. Os números de vendas excluindo automóveis e gasolina também superaram as expectativas, outro sinal positivo para a demanda do consumidor e para a economia dos EUA em geral. Os preços de importação para o mês tiveram queda de apenas 0,2%, contra a estimativa de queda de 0,4%. Outros dados serão divulgados durante a manhã, incluindo produção industrial, capacidade utilizada, números para negócios e habitações.

As ações devem ter um segundo dia consecutivo de recuperação hoje, com dados econômicos positivos, juntamente com o otimismo de que a tendência atual de inflação alta e aumento das taxas de juros se aproxima do fim. Após o incidente entre Rússia e Polônia ontem, o sentimento é de maior calma, embora combates intensos continuem sendo registrados.

Os mercados de grãos registraram um rali ontem com os relatos de mísseis russos atingindo a Polônia, mas, sem surpresa, devolveram esses ganhos ontem à noite com a mudança da situação. O trigo lidera as perdas esta manhã com todas as indicações positivas sobre a continuidade da participação da Rússia no acordo de exportação do Mar Negro após o dia 19 de novembro. O complexo de soja continua se mantendo melhor do que os grãos forrageiros, com os estoques dos EUA permanecendo baixos no geral, apesar de um início fraco da temporada de exportação. Isso ocorre porque os esmagadores domésticos ainda desfrutam de margens fortes e a capacidade de esmagamento dos EUA continua a crescer. O gráfico mostra os números de referência do USDA para os próximos dois anos, que podem estar subestimando a capacidade que deve entrar em operação nos próximos anos. A China deve favorecer as ofertas do Brasil, comprando o mínimo possível de grãos dos EUA, mas a mudança para um maior esmagamento doméstico já está em andamento.

Uso de soja nos EUA (%)