Comentários de Abertura

Comentários de Abertura
 
Arlan Suderman
Chief Commodities Economist

Não é um bom dia para voar, com Administração Federal de Aviação dos EUA (FAA) em foco esta manhã após registrar falha no sistema de informações de voos. Contudo, os futuros de ações começaram o dia indicando alta com cautela antes da divulgação dos tão aguardados dados de inflação referentes ao mês de dezembro. Mesmo assim, o índice de volatilidade VIX negocia logo abaixo do 21 pontos esta manhã, refletindo calma em Wall Street. O dollar index negocia perto dos 103,3 pontos, uma vez que continua a se consolidar logo acima das mínimas de sete meses de segunda-feira. Os títulos de 10 anos do Tesouro dos EUA negociam próximos a 3,58%, enquanto os títulos de 2 anos negociam próximos a 4,26%, ambos muito próximos dos valores registrados ontem. Os preços do petróleo avançaram 2% esta manhã, enquanto os mercados de grãos e oleaginosas negociaram de forma mista no mercado noturno.

Os relatórios de lucros do quarto trimestre de 2022 começarão a ser divulgados no final desta semana, liderados por relatórios de grandes bancos norte-americanos. Wall Street está quase singularmente focada nos dados do índice de preços ao consumidor (CPI) a serem divulgados amanhã de manhã. O relatório de quinta-feira ganhou outro significado depois que alguns membros do Federal Reserve declararam no início desta semana que os dados seriam críticos para determinar se uma suavização de sua política monetária contracionista é justificada. Grande parte da tensão em Wall Street se deve à disparidade contínua entre a política monetária do Fed e os traders com visão de futuro, que veem um quadro muito diferente em comparação com os formuladores de políticas. O mercado espera mais dois aumentos na taxa de juros, levando-a para 5% antes de começar a diminuir no final deste verão. Por outro lado, o Fed continua a afirmar que os aumentos da taxa a levarão para, no mínimo, 5%, com a possibilidade de uma taxa ainda mais elevada e sem reduções até 2024. Na verdade, a ata da reunião do Federal Reserve de dezembro indicou que zero membros do comitê de política esperam um corte na taxa este ano. A autoridade monetária continua a enfatizar que será necessário obter taxas altas o suficiente para reduzir a inflação salarial e que precisará manter as taxas nesses níveis por tempo suficiente para alterar materialmente a dinâmica econômica a fim de evitar que a inflação se recupere. Os traders, no entanto, não acreditam que o Fed terá estômago para fazê-lo em meio a uma crise econômica.

Houve pouca discussão até este ponto sobre o impacto que o aumento das taxas de juros terá no orçamento federal. Os EUA acumularam USD 31,5 trilhões em dívidas, que têm crescido a um ritmo de cerca de USD 1,5 trilhão por ano. O Federal Reserve tem encolhido seu balanço em cerca de USD 1,14 trilhão por ano, reduzindo a demanda por certificados de dívida. Os gastos do Congresso tem adicionado cerca de USD 1,5 trilhão por ano para a oferta de certificados de dívida. A oferta e a demanda precisam ser equilibradas. Isso significa que o mercado precisa gerar demanda por mais de USD 2,5 trilhões em certificados de dívida por ano, e o faz com rendimentos mais altos. Esta é uma força que eleva as taxas de juros para além do que o Federal Reserve tem feito. É importante considerar o impacto dessas taxas de juros mais altas no orçamento federal. Não vemos o impacto de imediato, mas ele se torna mais evidente à medida que os certificados de dívida vencem e precisam de ser rolados. A obrigação atual de pagamentos anuais de juros sobre a dívida nacional dos EUA é de USD 517 bilhões, um aumento de cerca de USD 100 bilhões no último semestre, e continua a aumentar. O próximo aumento de 2 pontos percentuais nas taxas, à medida que os certificados de dívida são rolados, tornará a obrigação de pagamento de juros dos EUA aproximadamente igual ao que o país paga em previdência social a cada ano, com o próximo ponto percentual elevando o total a mais do que o país paga para os programas Medicare e Medicaid combinados a cada ano. Isso exigirá impostos mais altos, cortes de gastos, impressão de dinheiro para comprar mais certificados de dívida, ou uma combinação desses itens.

A seca na Argentina tem afetado as safras de milho e soja na região, com o estresse hídrico devendo continuar em meio às altas temperaturas ao longo de cerca de dois terços do cinturão de grãos nos próximos 10 dias. O milho plantado mais cedo já se encontra na fase de enchimento de grãos e sofreu um impacto substancial. No entanto, o último quarto da safra ainda está em fase de plantio ou em fase inicial de desenvolvimento e ainda pode responder a uma mudança no padrão. Desse modo, penso que a produção final de milho pode ser reduzida em, pelo menos, 10 milhões de toneladas, mas isso levará algum tempo para aparecer no balanço. A safra de soja também foi prejudicada, mas foi plantada mais tarde e tem a capacidade de responder às chuvas tardias, caso elas sejam registradas. O medo mais imediato agora é conseguir que os 10-15% finais da safra de soja sejam plantados nas próximas semanas. Ainda espero que a grande safra brasileira preencha o déficit de produção perdida de soja, embora ainda exista o risco de que a seca perdure, criando mais perdas do que se acreditava anteriormente. Isso exigirá que a soja se desloque para o sul, no Rio Paraná, para ser esmagada na Argentina, que é o que normalmente acontece quando a Argentina enfrenta uma safra curta. Espera-se que o USDA comece a reduzir suas estimativas para a produção de milho e soja da Argentina no relatório de O&D a ser divulgado amanhã, com cortes mais significativos realizados em fevereiro. Vale ficar atento também às possíveis surpresas nos relatórios trimestrais de estoques de milho do USDA.

Este documento contém opiniões do autor e não necessariamente reflete as estratégias da StoneX. As previsões de mercado são especulativas e podem variar. O investidor é responsável por qualquer decisão baseada neste material. A StoneX só negocia com clientes que atendem aos critérios legais. O aviso legal completo está em https://brasil.stonex.com/aviso-legal/.


É proibida a cópia ou redistribuição deste material sem permissão da StoneX.


© 2024 StoneX Group, Inc.



Descubra mais insights

Nossos assinantes têm acesso às análises de mercado da StoneX, abrangendo commodities, ações, moedas e muito mais.
Abrimos mercados

Utilizamos nosso capital, conhecimento e profunda experiência para proteger as margens de nossos clientes, reduzir custos e fornecer soluções personalizadas para obter sucesso nos mercados globais competitivos de hoje.

  • Confiança

    Valorizamos relacionamentos próximos e de longo prazo com nossos clientes. Ao oferecer o melhor serviço e suporte tecnológico, nossos clientes confiam em nós para entrar nos mercados mais desafiadores e atender aos seus pedidos mais difíceis.

  • Transparência

    Oferecemos preços competitivos e transparentes, além de entrega garantida e segura em mais de 140 moedas em mais de 185 países.

  • Especialização

    Com insights e informações de todo o mundo, fornecemos aos nossos clientes notícias, dados e comentários agregados de todas as vertentes de nossos mercados, desde interconexões de complexos de commodities até fluxos globais de capital.

+
!

Ao enviar este formulário, você está enviando ao Grupo StoneX e suas subsidiárias suas informações pessoais para serem usadas para fins de marketing. Consulte nossa  Política de privacidade  para saber mais.

+
!

Ao enviar este formulário, você está enviando ao Grupo StoneX e suas subsidiárias suas informações pessoais para serem usadas para fins de marketing. Consulte nossa Política de privacidade  para saber mais.