Os números da inflação e do setor de empregos foram o assunto principal esta manhã. Os dados de inflação trouxeram algo para os bulls e os bears, enquanto os números de novos pedidos de seguro-desemprego forneceram alimento para os bears. Os futuros de ações negociaram de forma mista após a divulgação dos dados. O índice de volatilidade VIX negocia próximo dos 20 pontos esta manhã, refletindo certa calma em Wall Street, enquanto o dollar index negocia próximo dos 102.5 pontos, depois de cair para novas mínimas de sete meses esta manhã. Os títulos de 10 anos do Tesouro negociam próximos a 3,53%, enquanto os títulos de 2 anos negociam próximos a 4,16%, atingindo novas mínimas de três meses. Os preços do petróleo negociaram em alta de quase 2%, enquanto os mercados de grãos e oleaginosas negociaram de forma mista no mercado noturno.
O índice de preços ao consumidor teve queda de 0,1% no comparativo mensal em dezembro, após dois anos de aumentos. Os analistas esperavam que permanecesse estável em dezembro. O CPI subiu 6,5% no comparativo anual em dezembro, abaixo dos 7,1% do mês anterior e abaixo das expectativas dos analistas de que atingiria 6,6%. O núcleo do CPI, que exclui os setores mais voláteis de alimentos e energia, teve alta de 0,3% no comparativo mensal, como esperado, acima da alta de 0,2% no mês anterior. No comparativo anual, o núcleo do CPI teve alta de 5,7% em dezembro, como esperado, embora tenha diminuído em relação ao aumento de 6,0% no mês anterior.
Essas são boas ou más notícias para a economia e para os mercados? Os números principais são bons, sugerindo que o pico da inflação ficou para trás. Mas vejo sinais de alerta quando me aprofundo nos números. Esses sinais são muito coerentes com o que vi também nos números do mês anterior. Os números principais do CPI estão, em grande parte, em queda porque os preços de energia têm recuado. Isso seria ótimo, se eu sentisse que os fundamentos de oferta e demanda por energia apoiariam a manutenção dos preços baixos, mas vejo um risco significativo de a demanda ultrapassar o ritmo da oferta no próximo ano, o que poderia regenerar as pressões inflacionárias neste setor crítico que impacta tanto a economia norte-americana. Os preços do óleo combustível caíram 16,6% no comparativo anual em dezembro, enquanto a gasolina teve queda de 9,4%. As vendas de carros usados também tiveram queda de 2,5% no mês, mas a maior parte das boas notícias nos últimos dois meses foi sobre a queda nos preços de energia. Enquanto isso, os serviços menos serviços de energia tiveram aumento de 0,5% no comparativo mensal e 7,0% no comparativo anual. Os serviços dependem fortemente da mão-de-obra e a inflação salarial continua a ser um problema. Os custos com abrigo aumentaram mais 0,8% no comparativo mensal e 7,5% no anual. Não estou dizendo que veremos novas altas na inflação este ano, mas estou preocupado que possamos ver esses números se recuperarem rapidamente se observarmos uma forte alta nos preços de energia à medida que a China sai da pandemia de Covid em meio a alguns dos problemas atuais de oferta no mundo.
Na semana encerrada em 7 de janeiro, os novos pedidos de seguro-desemprego dos EUA caíram para 205 mil, contra 206 mil na semana anterior, enquanto os analistas estimavam 215 mil. A média móvel de quatro semanas caiu para 212,5 mil pedidos, contra 214,25 na semana anterior. Os pedidos contínuos para a semana encerrada em 31 de dezembro tiveram queda de 63 mil, para 1,634 milhão. Este é um número-chave a ser observado em busca de sinais de controle da inflação salarial. Atualmente está em níveis historicamente baixos. O número apresentava tendência de alta, mas voltou a diminuir novamente nas últimas duas semanas. Isso se combina com outros dados que sugerem que o mercado de trabalho ainda está bastante apertado, o que significa que a inflação salarial não vai desaparecer tão cedo. Basicamente, não vejo nos dados desta manhã nada que justifique uma mudança de postura por parte do Fed. A autoridade monetária pode moderar o ritmo dos aumentos das taxas, como esperado, mas ainda não vejo nada que justifique a alteração da sua postura em relação à manutenção dessas taxas ao longo do ano, e não começar a reduzi-las ainda este ano, como o mercado esperava.
A bolsa de Rosário reduziu suas estimativas para a produção de milho e soja da Argentina na noite passada, para 45 milhões e 37 milhões de toneladas, respectivamente. As estimativas atuais do USDA se posicionam entre 55 milhões e 49,5 milhões. O USDA atualizará seus números ainda hoje, quando divulgar seu relatório de O&D (WASDE) de janeiro. A Conab revisou seu número para a produção de milho do Brasil levemente para baixo, para 125,1 milhões, com sua estimativa para a soja em 152,7 milhões, em comparação com as estimativas do USDA de dezembro, de 126,0 milhões e 152,0 milhões de toneladas, respectivamente. Os números do Brasil são grandes, mas não são uma surpresa. Os números da Argentina também não são uma surpresa, considerando a intensidade da seca no país, mas é uma surpresa que o número para soja tenha tido queda tão expressiva e tão cedo. Parte dessa redução deve-se às expectativas de uma menor área plantada com soja, enquanto parte da soja plantada tardiamente ainda têm tempo de sobra para responder às chuvas tardias, caso elas ocorram. Os modelos mais recentes são muito mais agressivos quanto ao fim do La Nina, o que aumentaria as possibilidades de uma mudança favorável do padrão climático, mas é difícil acabar com uma seca. É difícil fazer chover onde a umidade se faz mais necessária. Agora, resta saber o que o USDA trará em seu relatório.
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