Mercados Externos – Estados Unidos e Europa: alta. China: baixa.
Campinas, 20 de março – A semana se inicia com o panorama externo ainda repercutindo os acontecimentos da semana anterior, quando os mercados ficaram mais cautelosos em relação à uma possível crise bancária. O panorama externo segue sendo de precaução, ao mesmo tempo em que se espera pela decisão do Federal Reserve para as taxas de juros dos EUA nesta quarta-feira (22).
Ainda no fim de semana, o banco suíço UBS anunciou a compra do Credit Suisse por US$ 3,2 bilhões. O acordo foi intermediado pelo governo da Suíça, o qual participou fornecendo garantias para a realização do negócio – como a assistência de até US$ 108 bilhões, encarada como uma solução comercial pela Ministra das Finanças do país, Karin Keller-Sutter. Tal movimento marca a tentativa de suavizar o sentimento dos mercados, os quais repercutiram uma maior aversão ao risco após sentirem que o setor bancário global estava ameaçado.
Outro movimento que marca a tentativa de reestabelecimento da confiança dos investidores foi feito pelo Federal Reserve, que afirmou uma ação conjunta com outros 5 bancos centrais – Banco do Japão, Banco da Inglaterra, Banco do Canadá, Banco Nacional Suíço e Banco Central Europeu – a fim de garantir a liquidez no sistema financeiro mundial.
Na China, as taxas básicas de juros (LPRs, sigla em inglês) não sofreram alterações em março. Assim, o Banco do Povo da China (banco central do país) manteve a LPR de um ano – utilizada para empréstimos domésticos e corporativos – em 3,65% ao ano, além de também manter a LPR de cinco anos – utilizada para hipotecas – em 4,3% ao ano. Vale lembrar que, a última mudança nas taxas básicas foi feita em agosto do ano passado, quando a autoridade monetária diminuiu em 0,05 p.p. a LPR de um ano. Além disso, foi anunciado a redução de 0,25 p.p. na taxa de compulsório dos bancos (RRR) a fim de aumentar a demanda por fundos pelo setor privado, evidenciando o esforço das autoridades para que a economia do país se recupere.
Por fim, após a renovação da Iniciativa de Grãos do Mar Negro neste sábado (18), o mercado chinês segue ponderando a participação chinesa na mediação do conflito. O presidente da China, Xi Jinping, estará na Rússia de segunda-feira a quarta-feira encontrando com autoridades do governo, o que pode mostrar um fortalecimento nas relações entre os dois países, ao mesmo tempo em que, do outro lado, os Estados Unidos e a Ucrânia interpretam o movimento como um possível risco. O índice CSI 300 fechou em baixa de 0,50%.
O mercado de grãos inicia a semana com perdas na variação diária no pregão noturno desta segunda-feira (20). Como esperado, as commodities refletem a renovação do acordo Iniciativa de Grãos, firmado no sábado.
Para o complexo de soja, a pressão também veio pelo lado da oferta e demanda, com o avanço da colheita de soja no Brasil e o ritmo lento de exportação dos EUA.
Para o óleo de soja, os preços foram afetados pela expectativa de volume recorde para a produção de óleo de canola da Índia, o que contribui para reduzir sua dependência do mercado internacional de óleo comestível.
Milho em baixa
O pregão noturno encontrou pouco espaço para movimentos mais amplos e também encerrou com variação diária negativa para os preços do milho. A pressão vem de diversos lados, incluindo pela oferta e pelo lado financeiro global mais avesso ao risco.
O relatório Cattle on Feed de sexta-feira do USDA, que relata o número total mensal de gado e bezerros em engorda, indicou um ligeiro aumento no volume de oferta, entretanto, a oferta de gado continua historicamente apertada. O volume foi o menor estoque de gado em 1º de março desde 2017, o que é um efeito da seca nas planícies e aos altos preços dos suprimentos.
Para os produtores de milho, o encolhimento do rebanho bovino gera preocupação para o uso da ração e deixa o balanço do milho mais dependente do etanol, do uso industrial e das exportações na medida que a segunda metade do ano comercial 2022/23 avança.
A renovação do Acordo Iniciativa de Grãos pulverizou pressão sobre os preços de commodities, com destaque para o milho e trigo. Tal medida reduz a incerteza sobre a oferta ucraniana para os próximos 4 meses.
A ONU e Turquia intermediaram o acordo entre Rússia e Ucrânia, que darão continuidade ao corredor de exportações no Mar Negro de forma segura nos próximos 120 dias. Apesar da resistência em renovar para esse período, as autoridades convenceram os russos que apenas 60 dias não seria aceitável.
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