Os futuros de ações tiveram um impulso extra esta manhã, quando os últimos dados de consumo e gastos pessoais foram divulgados, revelando o alívio das pressões inflacionárias para a economia dos EUA. O índice de volatilidade VIX continua a negociar perto dos 19 pontos esta manhã, refletindo um otimismo crescente mais uma vez em Wall Street, embora com cautela. O dollar index negocia perto dos 102,4 pontos, depois de ser pressionado com a divulgação dos dados desta manhã. Os títulos de 10 anos anos do Tesouro negociam perto de 3,52%, sob pressão após a divulgação dos dados do PCE em razão de ideias de que isso encorajará um pivô da política monetária do Federal Reserve, que é esperado pelo mercado. Os títulos de 2 anos negociam perto de 4,12%. Os preços do petróleo negociam em máximas de duas semanas, em alta de cerca de 1%, enquanto os mercados de grãos e oleaginosas negociam de forma mista antes da divulgação do conjunto de relatórios de safra do USDA hoje.
A renda pessoal nos EUA subiu 0,3% no comparativo mensal em fevereiro, correspondendo às expectativas dos analistas, mas abaixo dos ganhos de 0,6% em janeiro. Os gastos com consumo pessoal aumentaram 0,2% no comparativo mensal em fevereiro, correspondendo novamente às expectativas dos analistas, mas caíram notavelmente em relação aos ganhos de 2,0% em janeiro. O índice de preços PCE subiu 0,3% em fevereiro, abaixo das expectativas dos analistas de que atingiria 0,4% e apenas metade do ganho de 0,6% observado em janeiro. No comparativo anual. o índice de preços PCE teve alta de 5,0% em fevereiro, abaixo das expectativas de 5,1% e abaixo dos 5,4% observados em janeiro. O Federal Reserve dá especial atenção ao núcleo do índice de preços PCE, que exclui os setores mais voláteis de alimentos e energia à medida que monitora a inflação. O núcleo do índice de preços PCE subiu 0,3% em relação ao mês anterior em fevereiro, abaixo das expectativas dos analistas de que atingiria 0,4% e metade dos ganhos de 0,6% observados em janeiro. Note-se que os dados do núcleo do índice de preços PCE são idênticos no comparativo mensal aos números das manchetes, indicando que os custos com alimentos e energia tiveram pouco impacto sobre a inflação geral em fevereiro. No comparativo anual, o índice de preços PCE subiu 4,6% em relação ao ano anterior em fevereiro, abaixo das expectativas dos analistas de que permaneceria inalterado em 4,7%.
A Rússia invadiu a Ucrânia em 24 de fevereiro de 2022, fazendo com que os preços das commodities subissem, temendo que o fluxo de produtos alimentares e energéticos essenciais desta parte do mundo rica em commodities diminuísse. Isso foi um contribuinte significativo para o índice de preços um ano atrás, então esperamos algum declínio nos princiais números anuais à medida que passamos pelo aniversário de um ano. Os números de hoje não são realmente uma surpresa, nem deveríamos ficar surpreendidos se virmos algo semelhante nos dados de março. Os números mensais são encorajadores, traduzindo-se numa taxa de inflação anual de cerca de 3,6%. Isso é muito melhor do que 10%, mas não é a meta de 2%. Não podemos atingir esse nível mais baixo de 2% sem trazer equilíbrio ao mercado de trabalho, e é aí que entra a dor. Só se pode reduzir a inflação salarial aumentando a oferta de trabalhadores, diminuindo a demanda por trabalhadores ou alguma combinação. O Fed não tem uma ferramenta na sua caixa de ferramentas para aumentar a oferta de trabalhadores. Uma queda na demanda por trabalhadores pode ser o produto do Fed freando a economia com taxas de juros mais altas e apertando o balanço, ou pode vir de algum fator externo que freia a economia, como o contágio no setor bancário, que foi um grande medo em março. De qualquer forma, envolve dor. Claro, tudo isso assumindo que não tenhamos algo para criar inflação no setor de commodities novamente, como um ressurgimento da demanda por energia. É possível que haja um aumento na pressão sobre o Fed para aumentar o mandato de 2%, em vez de passar pela dor necessária.
A Argentina é abençoada com algumas das melhores áreas de produção agrícola do mundo, o que lhe permitiria ser uma grande força no mercado global se não fosse pelos seus problemas políticos e econômicos. Eu senti que era o caso quando o dólar valia 15 pesos, mas a taxa de câmbio oficial agora é de 209 pesos por dólar, já que a inflação domina o país. A taxa de câmbio não oficial está perto de 400 pesos. A Argentina construiu seus programas sociais com base em seu setor agrícola com impostos pesados que abocanham um terço de seu valor quando exportados. A sua economia depende da agricultura, o que cria problemas quando as secas reduzem a produção, como tem sido o caso nos últimos três anos em razão de um padrão meteorológico de La Nina. Os gastos sociais agressivos da Argentina levaram o país a um caminho de construção de uma dívida significativa denominada em dólar. O país precisa de dólares para pagar essa dívida. Os produtores argentinos vendem seu milho e soja em dólares com base nos mercados dos EUA, que são então convertidos em pesos. Mas o incentivo para vender e converter o valor da sua safra em pesos desaparece quando esses pesos perdem valor mais rapidamente do que o grão. Assim, os produtores usam soja como dinheiro em transações comerciais. Mas o governo precisa desses dólares, então criou um plano em setembro para dar aos produtores uma taxa de conversão bônus se eles vendessem soja para exportação, colocando dólares nos cofres do governo. O programa foi um sucesso, mas o governo teve de o repetir em dezembro. Os produtores sabem agora que têm o poder de alavanca e recusam-se a vender até que o governo faça outro programa, o que será feito em abril. A Argentina tem trabalhado na criação de um "dólar agrícola" ou um "dólar soja" para tornar este programa mais contínuo. Espera-se que os incentivos mantenham a soja em casa para ser esmagada, de modo que o governo possa obter os altos impostos de exportação associados ao farelo de soja e ao óleo de soja, que, dependendo de como é construído, também poderia incentivar a importação de soja do Brasil para esmagamento.
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