As ações sofreram uma pressão modesta durante a noite, uma vez que as preocupações com o setor bancário voltaram a surgir. Isso impulsionou o índice de volatilidade VIX para perto dos 18 pontos, enquanto o dollar index se firmou para perto dos 101,6 pontos. Os títulos de 10 anos do Tesouro dos EUA negociam perto de 3,45%, enquanto os títulos de 2 anos negociam perto de 4,07%. Os preços do petróleo negociam quase 1% mais baixos, enquanto o setor dos grãos e oleaginosas negociam majoritariamente em queda no mercado noturno.
O Federal Reserve começou a oferecer dólares aos bancos em leilões diários no final de março, depois que as quebras do Silicon Valley Bank e a venda do Credit Suisse criaram preocupações no setor que aumentaram os riscos de liquidez para os bancos, com outros bancos centrais cooperando também. O programa foi pouco utilizado, mas forneceu uma rede de segurança. Os bancos centrais estão voltando aos seus leilões semanais habituais agora, indicando que o susto relacionado ao setor bancário ficou para trás. No entanto, o dinheiro continua a fluir para fora dos bancos regionais a um ritmo alarmante, buscando maiores retornos e segurança. Os problemas bancários de março deixaram dúvidas na mente dos depositantes, ao mesmo tempo que realçaram os baixos retornos que recebiam pelo seu dinheiro versus investimentos alternativos. As ações do First Republic Bank caíram 21% no mercado noturno, quando revelou que os depositantes haviam retirado mais de USD 100 bilhões, segundo a Reuters. Muitos bancos também têm aumentado suas exigências para empréstimos, fazendo o trabalho de desacelerar a economia para o Federal Reserve, mesmo que por razões diferentes. O setor sobreviveu em grande parte até este ponto devido à enorme liquidez que ainda existe no sistema após vários anos de estímulo fiscal e monetário – o mesmo estímulo que contribuiu para nosso problema da inflação no país. No entanto, isso mantém a saúde geral do setor bancário no pensamento dos investidores, aumentando a incerteza em Wall Street antes da reunião do Federal Reserve da próxima semana.
As tensões com o Ocidente continuam a criar incertezas na China, sendo o Reino Unido o país mais recente a pedir por maior transparência. A Reuters relatou que o ministro britânico das Relações Exteriores, James Cleverly, durante um discurso esta noite, pedirá a China para ser mais transparente sobre suas razões para o maior acúmulo de força militar em tempo de paz, indicando que o sigilo por trás disso pode causar “um trágico erro de cálculo”, levando à guerra. Cleverly dirá que a Grã-Bretanha é muito aberta quanto ao desejo de aumentar a cooperação com os seus aliados na região do Indo-Pacífico, e pedirá que a China seja igualmente aberta quanto às suas intenções. Espera-se que Clerverly também diga que isolar a China seria um erro, mas, ao mesmo tempo, teme que o sigilo do país asiático possa levar a mal-entendidos que possam levar a conflitos desnecessários. Espera-se também que chame a atenção da China para as violações dos direitos humanos contra o povo Uigur, o que certamente não será bem recebido. Esta não foi uma boa semana para as Relações Internacionais da China, o que pode ter implicações para os mercados de commodities. Grande parte da tensão se concentra em uma crescente presença militar em torno de Taiwan. Um importante diplomata da União Europeia pediu que a Marinha da UE patrulhasse o Estreito de Taiwan, e o presidente da Coreia do Sul declarou recentemente que a questão de Taiwan é uma questão global – não apenas uma questão interna chinesa, como a China preferiria mantê-la.
A Iniciativa de Grãos da Ucrânia continua em foco, mas não tem provocado tantas preocupações no mercado como antes. A Rússia exigiu que a Iniciativa fosse prorrogada apenas 60 dias em março, colocando o prazo para renovação em 18 de maio. O país fez muitos comentários nos últimos dias e semanas que indicam que não tem interesse em prorrogar a iniciativa que permite que a Ucrânia exporte grãos, a não ser que se verifique uma diminuição significativa das sanções contra o país, o que, para o Ocidente, é praticamente impossível. A Rússia tem se posicionado desta maneira para obter algum alívio das sanções, ou será que tem levado a sério a suspensão do escoamento de grãos dos portos da Ucrânia?
A resposta a esta pergunta é de grande preocupação para a China. A Ucrânia é a sua principal fonte de importação de milho, respondendo por 909 mil toneladas em março. O país não pode ficar sem sua fonte, embora a sua demanda interna seja fraca atualmente, com os preços do trigo recuando abaixo dos preços dos grãos forrageiros, o que leva a uma substituição considerável. É preciso saber se o cancelamento chinês de uma compra anterior de 330 mil toneladas estava relacionado com a notícia que recebeu da Rússia de que planejava prolongar a Iniciativa, ou relacionado a uma maior confiança na dimensão e disponibilidade da safra brasileira. Acredito na segunda opção, mas não é possível saber de fato. O Brasil exportou 686 mil toneladas para a China em março, tornando-se a segunda maior fonte de importações chinesas atualmente, mas as ofertas brasileiras estão diminuindo até sua próxima colheita em 60 a 75 dias. A Rússia exportou 52 mil toneladas de milho para a China em março.
A safra de trigo de inverno dos EUA mostrou mais deterioração na semana passada, com sua pontuação no índice de condições caindo mais 2 pontos, para 270, nesta semana, em linha com a pontuação mais baixa para a semana registrada em 1996. A safra de 1996 também foi afetada por graves secas nas regiões do central e sul das Planícies, como a safra deste ano. Oklahoma registrou a maior deterioração esta semana, com a pontuação mais baixa do índice de condição nacional, atingindo 211, seguida por Kansas em 222 e Texas em 236. Todos os três estados viram o seu número diminuir esta semana. Sessenta e três por cento da safra de trigo de inverno de Oklahoma foi classificada como ruim/muito ruim esta semana, seguida pelo Kansas com 62% e pelo Texas com 55%.
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