Resumo Semanal de Milho

Milho tem semana marcada por elevada volatilidade em Chicago
 
João Pedro Lopes
Analista de Inteligência de Mercado
Após forte recuo no início da semana em função de fraca demanda por exportação dos EUA, preocupação com clima fez cereal encerrar período no campo positivo
Fatores baixistas
  • Perspectiva favorável para a produção brasileira;
  • Ritmo enfraquecido de vendas dos EUA;
  • Perspectiva favorável para a produção dos EUA atualmente.
Fatores altistas
  • Condições ruins e atraso da colheita da safra argentina de milho;
  • Receio com os embarques de grãos pelo Mar Negro;
  • Preocupação com o desenvolvimento de um padrão mais seco em parcela do Meio-Oeste dos EUA.
A última semana foi marcada por uma expressiva volatilidade no mercado de milho em Chicago. Até quinta-feira (1º de junho), o Julho/23 acumulava uma queda de 11,5 cents/bu na semana, pressionado, em grande parte, pelo ritmo enfraquecido de embarques e vendas de exportação dos EUA. Contudo, na sexta-feira (2 de junho), o contrato se recuperou das perdas observadas nos dias anteriores e encerrou a semana no campo positivo, cotado a 609 cents/bu, um avanço de 5 cents/bu, ou 0,8%, no comparativo semanal. O Setembro/23 apresentou uma variação de 1,2%, chegando a 535,5 cents/bu, enquanto o Dezembro/23 valorizou 1,3%, encerrando a semana cotado a 541,25 cents/bu.
Intraday (15 min) contrato de julho/23 (CBOT)
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Fonte: CME. Elaboração: StoneX.

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Fonte: CME. Elaboração: StoneX.

Ritmo de embarques dos EUA apresenta estabilidade no comparativo semanal, mas déficit em relação à temporada passada avança mais uma vez. Segundo o Relatório de Inspeção de Exportações do USDA, os EUA embarcaram 1.313,4 mil toneladas na semana encerrada em 25 de maio, apenas 12,9 mil toneladas a menos que uma semana antes, mas 98,8 mil abaixo do observado no mesmo período do ano anterior. Com isso, os embarques acumulados na temporada 2022/23 totalizaram 28,7 milhões de toneladas, 13,6 milhões a menos que no mesmo período do ciclo anterior, sendo que uma semana antes o déficit era de 13,5 milhões de toneladas.

Plantio de milho nos EUA se aproxima da reta final. No dia 30 de maio, o USDA divulgou seu Relatório de Acompanhamento de Safra. O Departamento reportou que o plantio de milho nos EUA atingiu 92% até o dia 28 de maio, um avanço semanal de 11 pontos percentuais (p. p.), 8 p. p. acima do registrado um ano antes e da média de 5 anos para o mesmo período (84%). O progresso no país como um todo apresentou um bom ritmo ao longo das últimas semanas, com excessão, especialmente, da Dakota do Norte, que tem levantado questionamentos sobre o plantio impedido no estado.

Produção de etanol avança na semana. De acordo com os dados divulgados pela Administração de Informação Energética (EIA), a produção norte-americana de etanol avançou para 1.004 mil barris por dia (mbpd) na semana entre 20 e 26 de maio, um crescimento de 21 mbpd no comparativo semanal. A produção observada superou em 18,6 mbpd a média de 5 anos para o mesmo período, mas ficou 67 mbpd abaixo do registrado um ano antes. Os estoques do biocombustível também avançaram, para 22,33 milhões de barris, 291 mil barris a mais que uma semana antes.

EUA voltam a registrar vendas líquidas, mas ritmo segue enfraquecido e atraso em relação à safra anterior persiste. Em seu Relatório de Vendas de Exportação, o USDA informou que as vendas líquidas norte-americanas totalizaram 186,7 mil toneladas na semana encerrada em 25 de maio, 261,8 mil toneladas a mais que uma semana antes, mas apenas 0,9 mil toneladas acima do registrado no mesmo período de 2022 e 463,4 mil abaixo da média de 5 anos. Com isso, as vendas acumuladas avançaram para 38,2 milhões de toneladas, mas o déficit em comparação com a temporada 2021/22 permaneceu em 21,1 milhões de toneladas.

Vendas semanais de exportação - EUA (mil toneladas)
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Fonte: USDA. Elaboração: StoneX.
Ritmo da colheita de milho na Argentina segue atrasado. A Bolsa de Cereales de Buenos Aires informou que 4% das lavouras do cereal argentino se encontrava em condição boa/excelente no dia 1º de junho recuo de 1 p.p. no comparativo semanal, mas 11 p.p. abaixo do registrado na mesma semana de 2022. A colheita do cereal no país atingiu 28,6%, 3,4 p. p. abaixo do observado um ano antes e 11,6 p. p. abaixo da média de 5 anos. A BCBA segue estimando a safra argentina em 36 milhões de toneladas, 16 milhões a menos que no ciclo 2021/22. 

StoneX eleva estimativa de produção da 2ª safra 2022/23. No dia 1º de junho, a StoneX atualizou suas estimativas para a safra de milho 2022/23 (clique aqui para acessar o relatório completo). A primeira safra do cereal segue estimada em 28,6 milhões de toneladas. Com a colheita da safra de verão estando em sua reta final, o número de produção está menos sujeito a novas alterações. Contudo, mudanças ainda não podem ser completamente descartadas, visto que a colheita segue ocorrendo no Nordeste brasileiro. Em relação à segunda safra, a StoneX promoveu mais um ajuste positivo em sua estimativa de produção. A safra de inverno 2022/23 recebeu um incremento de 2,1% em comparação ao relatório anterior, subindo para 102,9 milhões de toneladas. Perspectivas mais favoráveis para o rendimento no Mato Grosso, permitiram uma produção acima do previamente esperado a nível nacional. Com isso, a produção total de milho do Brasil (considerando as três safras) avançou para 133,75 milhões de toneladas.

Preocupação com seca no Meio-Oeste dá suporte aos preços. Como comentado, os futuros do milho acumulavam perdas até o final da última semana, que foram recuperadas, em grande parte, pela preocupação como o clima nos EUA. O Monitor de Secas do NOAA aponta que parte significativa do Meio-Oeste apresenta um padrão de seca. Esse déficit hídrico residual não necessariamente implicaria em algum problema para a safra norte-americana, visto que boas chuvas em junho poderiam compensar a atual situação. Contudo, o NOAA alertou para o desenvolvimento da seca na região leste do Meio-Oeste durante o mês de junho e para a continuidade de um padrão seco em regiões já afetadas. Isso pode ser um indício de que o El Niño possa ter um efeito limitado ao longo do próximo mês e que o aumento de umidade normalmente ligado ao fenômeno (quando se trata de EUA), deva demorar um pouco mais para ser observado. É importante ressaltar que ainda não se pode falar em prejuízos, mas isso já está movimentando o mercado e deve continuar no centro das atenções.

PREÇOS FÍSICOS (R$/sc 60kg)
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Fonte: StoneX. Elaboração: StoneX.
 

AGENDA DE INDICADORES ECONÔMICOS
Tags relacionadas: Grãos e Oleaginosas

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