Campinas, 03 de agosto – A sessão desta quinta-feira pode continuar com o sentimento de cautela, com os dados de emprego dos EUA no radar dos agentes. Além disso, o rebaixamento da nota de crédito de longo prazo dos EUA, promovido pela agência Fitch na terça-feira (01), pode seguir contribuindo para o apetite por ativos considerados seguros, o que enfraqueceria as commodities.
Enquanto aguardam o relatório de payroll, que trará o número de novos empregos não agrícolas dos EUA no mês de julho, a ser publicado amanhã (04), os investidores repercutem os dados não oficiais divulgados ontem (02) pelo ADP. De acordo com o instituto, foram criados 324 mil empregos privados não agrícolas em julho, inferior aos 455 mil revisados em junho.
O resultado veio acima dos +189 mil projetados, e foi recebido com um tom de cautela, visto que parte do mercado entende que um mercado de trabalho aquecido poderia dificultar o processo de enfraquecimento da inflação estadunidense. Embora não seja o dado oficial dos EUA, é comum que o relatório ADP provoque volatilidade nos mercados.
Na Inglaterra, o Banco Central (BoE) decidiu elevar a taxa básica de juros em 0,25 p.p., movimento já esperado pelos investidores. Com isso, os juros estão em 5,25% a.a., o maior patamar nos últimos 15 anos, podendo contribuir para a aversão ao risco.
Vale lembrar que, em junho, o BoE surpreendeu o mercado com um aumento de 0,50 p.p., chamando a atenção para o cenário inflacionário da região. Por fim, o órgão afirmou que continuará acompanhando os indicadores macroeconômicos para as próximas decisões, uma vez que a inflação está bem acima da meta de 2%.
A soja apresentava valorizações no pregão noturno desta quinta-feira (dia 03) na CBOT. A StoneX divulgou ontem seu primeiro levantamento para as safras norte-americanas de soja e milho. A consultoria estima uma produtividade média de 3,4 ton/ha para a safra da oleaginosa, contra as 3,5 ton/ha estimadas em julho pelo USDA. Com isso a StoneX espera uma produção de 113,57 milhões de toneladas, quase 3,5 milhões de toneladas a menos que o último número do Departamento.
Apesar dessa perspectiva altista para os preços da soja, a oferta apresenta fundamentos mistos. O mês de julho foi menos úmido que o esperado pelo mercado, mas os modelos climáticos estão apontando para um elevado volume de chuvas ao longo das próximas duas semanas, o que pode beneficiar a produtividade dos EUA.
Já o milho registrava perdas no pregão noturno em Chicago. Modelos apontam que bons volumes de chuva estão a caminho das atualmente secas regiões do norte e noroeste do Cinturão do Milho, o que pode favorecer as lavouras do cereal. Contudo, se por um lado as perspectivas se tornaram melhores para a produção, não se pode dizer o mesmo para a demanda por exportações, que seguem fracas neste final de ciclo 2022/23. Com essa combinação de fundamentos, as forças baixistas se sobressaíram na sessão.
Como comentado, a StoneX divulgou seu primeiro número para a safra 2023/24 de milho dos EUA. O rendimento médio norte-americano está estimado em 11,11 ton/ha, ligeiramente abaixo da última estimativa do USDA (11,14 ton/ha). Com isso, a StoneX projeta uma produção um pouco inferior ao número do Departamento (389,14 milhões de toneladas), em 387,97 milhões de toneladas.
No pregão noturno desta quinta-feira (dia 03), as cotações de trigo apresentavam comportamento misto entre as diferentes bolsas de referência do cereal nos EUA, mas se posicionavam no campo positivo em Chicago, ainda influenciadas pela situação no Mar Negro, visto que a Rússia segue causando danos à infraestrutura ucraniana. Foi relatado que, ontem, drones russos atacaram mais uma vez construções ao longo do Rio Danúbio, via pela qual exportadores ucranianos estão tentando escoar seus produtos.
Segundo o vice-primeiro-ministro ucraniano Oleksandr Kubrakov, cerca de 40 mil toneladas de grãos – que tinham como destino China, Israel e países africanos – foram danificadas pelo ataque. A investida russa impediu que navios que se preparavam para carregar portos ucranianos finalizassem a operação, alimentando as incertezas em relação à oferta proveniente do Mar Negro e impulsionando os preços em Chicago.
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