Resumo Semanal de Milho

Em meio a perspectivas mais favoráveis para oferta norte-americana, cereal recua em Chicago
 
João Pedro Lopes
Analista de Inteligência de Mercado
Nível dos rios nos EUA segue gerando questionamentos sobre ritmo de embarques norte-americanos
Fatores baixistas
  • Ritmo lento de embarques e vendas dos EUA;
  • Aumento na estimativa de produção da safra 2023/24 dos EUA e 2022/23 do Brasil pelo USDA;
  • Preocupação com nível dos rios nos EUA e impactos sobre o fluxo de grãos.
Fatores altistas
  • Agravamento das tensões entre Rússia e Ucrânia;
  • Preocupação com os impactos climáticos sobre a safra de milho na China.

O Dezembro/23 encerrou a última sexta-feira, 15 de setembro, cotado a 476,25 cents/bu, apresentando uma contração de 1,6% no comparativo semanal. Na última semana, foi divulgado o relatório de oferta e demanda do USDA, muito aguardado pelo mercado pelas expectativas para ajustes nos números da safra norte-americana 2023/24, uma vez que já tinha sido sinalizada a possível revisão também da área plantada.

 

Intraday (15 min) contrato de dezembro/23 (CBOT)
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Fonte: CME. Elaboração: StoneX.

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Fonte: CME. Elaboração: StoneX.

 

 

 

USDA eleva estimativa de produção dos EUA: Como comentado, os agentes estavam muito interessados nos novos números de produção dos EUA e aguardavam por um recuo na estimativa para a safra 23/24, motivada pelo clima adverso observado em partes do Meio-Oeste norte-americano. A média das estimativas do mercado apontava para uma queda na produção de 2,6 milhões de toneladas em relação ao número de agosto, para 381,2 milhões, puxada por uma queda no rendimento médio para 10,89 ton/ha, contra a previsão anterior de 10,99 ton/ha. Contudo, o USDA realizou um corte menor que o esperado em sua estimativa de produtividade, para 10,91 ton/ha, mas a grande surpresa foi na área plantada, elevada em 320 mil hectares, para 38,4 milhões, o que impulsionou a produção norte-americana para 384,4 milhões de toneladas. Com isso, os estoques finais em 2023/24 avançaram de 55,9 para 56,2 milhões de toneladas, quase 2 milhões de toneladas a mais que a média das estimativas do mercado.

No que diz respeito aos demais players, vale comentar a revisão na safra 2022/23 brasileira para 137 milhões de toneladas. Outra alteração relevante foi na estimativa de produção para a safra 23/24 da Ucrânia, que se posiciona agora em 28 milhões de toneladas, 500 mil acima do número anterior. Outro país que tem recebido questionamentos sobre sua produção é a China, que foi atingida por extremos climáticos. A produção chinesa de milho se concentra nas regiões norte e nordeste, que registraram fortes tempestades e inundações em julho e agosto. Apesar disso, o USDA manteve sua estimativa para a safra chinesa em 277 milhões de toneladas.

Brasil se posicionando como maior exportador de milho: O mercado esteve atento principalmente aos números de produção da safra 2023/24 dos EUA, mas um ponto interessante de ser explorado são as exportações da safra 2022/23. O USDA estima que os EUA exportaram 42,3 milhões de toneladas em 2022/23, volume que coloca o país em segundo lugar no ranking dos principais exportadores, atrás justamente do Brasil. Compatilizando os embarques brasileiros com o ano-safra americano, ou seja, analisando os volumes entre setembro de 2022 e agosto de 2023, o Brasil embarcou 50,6 milhões de toneladas de milho. Essa foi a primeira vez desde a temporada 2012/13 que os EUA não ocuparam a primeira colocação entre os exportadores.

Condições da safra americana: Segundo o Relatório de Acompanhamento de Safra do USDA, 52% das lavouras de milho estava classificada como boa/excelente (B/E) no dia 10 de setembro, 1 ponto percentual abaixo do observado uma semana antes, 1 ponto a menos que no mesmo período do ano passado e 7 pontos abaixo da média de 5 anos. A safra dos EUA segue avançando em um bom ritmo. Cerca de 34% da safra está madura, 10 pontos percentuais acima do registrado no mesmo período do ano passado e 6 pontos acima da média de 5 anos. O mercado volta seus olhos agora para a colheita, que atingiu 5% a nível nacional, em linha com o esperado pelos agentes.

Produção de etanol nos EUA: Conforme dados divulgados pela Administração de Informação Energética (EIA), a produção norte-americana de etanol totalizou 1.039 mil barris por dia (mbpd) na semana encerrada em 8 de setembro, um avanço de 27 mbpd no comparativo semanal. O volume registrado superou o observado na mesma semana do ano passado em 76 mbpd e a média de 5 anos em 62,2 mbpd. No dia 8 de setembro, os estoques de etanol haviam atingido 21,17 milhões de barris, 450 mil barris a menos que uma semana antes.

Vendas semanais de exportação - EUA (mil toneladas)

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Fonte: USDA. Elaboração: StoneX.

Inspeções de exportação dos EUA: De acordo com o Relatório de Inspeção de Exportações do USDA, os EUA embarcaram 623,9 mil toneladas de milho na semana encerrada em 7 de setembro, 141,1 mil toneladas a mais que uma semana antes e 61,6 mil abaixo do registrado na mesma época de 2022.

Vendas de exportação dos EUA: As vendas líquidas referentes à temporada 2023/24 foram de 753,3 mil toneladas na semana encerrada em 7 de setembro. Na mesma semana do ano-safra passado, haviam sido registradas vendas líquidas de 583,1 mil toneladas. Os compromisso para todos os destinos chegaram a 11,2 milhões de toneladas, contra 12,3 milhões de toneladas na mesma época da safra 2022/23.

Níveis dos rios nos EUA  seguem motivo de preocupação: Por mais que as vendas de exportação na semana do dia 7 de setembro tenham superado o registrado na semana equivalente de 2022, os negócios de exportação seguem enfraquecidos. Um dos pontos que tem limitado os negócios e que traz grande preocupações para as próximas semanas é o nível dos rios no país. As previsões para o Rio Mississippi preveem níveis excepcionalmente baixos até o começo de outubro, o que pode impedir o fluxo normal de grãos.

PREÇOS FÍSICOS (R$/sc 60kg)
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Fonte: StoneX. Elaboração: StoneX.
 

AGENDA DE INDICADORES ECONÔMICOS
Tags relacionadas: Grãos e Oleaginosas

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