Resumo Semanal de Milho

Após duas semanas sem direção bem definida, futuros do milho registram forte avanço na CBOT
 
João Pedro Lopes
Analista de Inteligência de Mercado
Tensões entre Rússia e Ucrânia e aceleração das vendas norte-americanas deram suporte às cotações. Agentes se preparam para divulgação do relatório de oferta e demanda do USDA
Fatores baixistas
  • Ritmo lento de embarques dos EUA;
  • Preocupação com nível dos rios nos EUA e impactos sobre o fluxo de grãos;
  • Sinalizações por parte da Rússia de que não descarta retomada do Acordo de Grãos, apesar das tensões continuarem.
Fatores altistas
  • Tensões entre Rússia e Ucrânia;
  • Recente elevação no ritmo de vendas por parte dos EUA;
  • Preocupação com os impactos climáticos sobre a safra de milho na China.

Após semanas seguidas sem um direcionamento muito bem definido, os futuros do milho apresentaram um forte movimento de alta na CBOT na última semana. O Dezembro/23 encerrou o período cotado a 492 cents/bu, um avanço de 3,2% no comparativo semanal.

 

Intraday (15 min) contrato de dezembro/23 (CBOT)
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Fonte: CME. Elaboração: StoneX.

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Fonte: CME. Elaboração: StoneX.

 

 

 

Condições da safra norte-americana: O clima nos EUA continua no radar dos agentes e as condições têm se mostrado favoráveis para a rápida secagem dos grãos e a operação das colheitadeiras. Segundo o Relatório de Acompanhamento de Safra do USDA, 23% das lavouras norte-americanas de milho haviam sido colhidas até o dia 1º de outubro, um avanço de 8 pontos no comparativo semanal, 2 p. p. a menos que o esperado pelo mercado. Em relação à temporada passada, a colheita se encontra 4 pontos adiantada, e 2 pontos à frente da média de 5 anos para o mesmo período. Como esperado pelo mercado, 53% das lavouras seguem classificadas em condição boa/excelente, o que dá indícios de que não há um declínio facilmente detectável na safra restante dos EUA.

Nível dos rios nos EUA: As condições fluviais seguem motivo de atenção para os agentes, visto que leituras muito baixas continuam sendo observadas em diversos pontos do Rio Mississippi. Segundo dados do NOAA, os níveis em Memphis se encontravam em -3,1 metros na manhã desta segunda-feira (09), levemente abaixo do observado uma semana antes (-3 metros) e 1,6m abaixo da marca de estágio baixo. O NOAA continua alertando para a manutenção do baixo nível das águas até pelo menos o dia 22 de outubro, prevendo que o nível do rio em Memphis possa cair para -3,3 metros. Apesar do receio e das leituras muito baixas, os valores do frete de barcaça recuaram no comparativo semanal, conforme tem se observado certo sucesso ao evitar fechamentos por embarcações encalhadas e uma demanda internacional pouco aquecida pelos grãos norte-americanos. De qualquer forma, o tópico permanece no centro das atenções, visto que as previsões não indicam melhora no nível da água.

Produção de etanol nos EUA: O relatório NASS mostrou que os EUA utilizaram 11,24 milhões de toneladas de milho para a produção de etanol em agosto, contra 10,94 milhões há um ano. Com isso foram esmagados 131,5 milhões de toneladas de milho para a produção de etanol na safra 2022/23 dos EUA, 410 mil a menos que a projeção do USDA em setembro. Ainda em relação à produção do biocombustível, conforme dados divulgados pela Administração de Informação Energética (EIA), a produção norte-americana de etanol totalizou 1.009 mil barris por dia (mbpd) na semana encerrada em 29 de setembro, mesmo volume observado uma semana antes. O número registrado superou o observado na mesma semana do ano passado em 120 mbpd e a média de 5 anos em 64,8 mbpd. Pelo lado dos estoques, no dia 29 de setembro, os estoques de etanol haviam atingido 21,88 milhões de barris, 164 mil a menos que uma semana antes, mas 290 mil a mais que no mesmo período do ano passado.

Vendas semanais de exportação - EUA (mil toneladas)

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Fonte: USDA. Elaboração: StoneX.

Inspeções de exportação dos EUA: De acordo com o Relatório de Inspeção de Exportações do USDA, os EUA seguem registrando baixos volumes embarcados. O país exportou 625,9 mil toneladas de milho na semana encerrada em 28 de setembro, 84,7 mil toneladas a menos que uma semana antes e 57,3 mil abaixo do registrado na mesma época de 2022. As exportações acumuladas totalizaram 2,64 milhões de toneladas na temporada 2023/24, 257,6 mil a mais que no mesmo período da temporada passada.

Vendas de exportação dos EUA: As vendas líquidas referentes à temporada 2023/24 totalizaram 1,8 milhão de toneladas na semana encerrada em 28 de setembro, 974,2 mil toneladas a mais que uma semana antes. Ainda, o volume superou o registrado no mesmo período do ano passado em 1,6 milhão de toneladas. Com o elevado volume, os EUA retiraram o atraso em relação à temporada passada. O país negociou ao todo 14,4 milhões de toneladas em 2023/24, contra 13,2 milhões no mesmo período da safra anterior.

Mar Negro: A última semana foi marcada pela ausência de grandes novidades a respeito do conflito russo-ucraniano. Notícias indicavam que a Rússia havia tomado medidas contra estruturas relacionadas a grãos no porto de Odessa. Além disso, o Kremlin afirma que não descarta a possibilidade de retomar o Acordo de Grãos, mas que os pedidos da ONU não são realistas.

Exportações consolidadas dos EUA em agosto: O Escritório do Censo dos EUA divulgou os dados comerciais de agosto. As exportações de milho no ano-safra 2022/23 dos EUA (set/22 a ago/23) totalizaram 42,09 milhões de toneladas, levemente abaixo da estimativa de setembro do USDA para a temporada 2022/23, de 42,29 milhões de toneladas.

Estimativa da StoneX para a safra 2023/24 dos EUA: Na última terça-feira, 2 de outubro, a StoneX divulgou sua nova estimativa para a safra 2023/24 dos EUA. A produtividade norte-americana foi elevada de 10,98 para 11,02 ton/ha, superando a estimativa do USDA de 10,91 ton/ha. Com isso, a produção dos EUA passou de 383,61 para 386,15 milhões de toneladas, contra a estimativa de setembro do USDA de 384,42 milhões de toneladas. Clique aqui para acessar o relatório completo

Plantio de milho no Brasil: Segundo acompanhamento da StoneX, o plantio da safra de verão de milho 2023/24 atingiu 30,8% até o final da semana passada, 5 pontos percentuais a menos que um anos antes. Clique aqui para acessar o relatório completo.

Mar Negro: Logo no início da semana passada, surgiram novos relatos de que a Ucrânia iria embarcar mais 5 navios com grãos, após os sucessos das duas iniciativas anteriores. Ao longo da semana, Kiev seguiu desafiando a Rússia e, até o final da semana passada, a marinha ucraniana já havia anunciado 12 navios prontos para entrar no corredor temporário criado para o transporte de grãos no Mar Negro. Outro assunto que chamou a atenção na semana anterior foi um navio turco ter sido atingido por uma mina próximo de um dos portos da Ucrânia. Apesar das especulações iniciais, os detalhes que surgiram posteriormente indicavam que a mina estava fora do corredor temporário criado pela Ucrânia e que a embarcação não fazia parte dos 12 navios destinados ao transporte de grãos. Além disso, os relatos indicaram que os danos ao navio turco não foram graves e que a operação não foi interrompida. 

Por outro lado, por mais que o fluxo de grãos pelo corredor temporário venha ocorrendo sem interrupções, a guerra ainda traz incertezas para a disponibilidade do cereal. Na sexta-feira, 6 de outubro, a Ucrânia relatou que ataques feitos por drones danificaram infraestruturas portuárias do porto de Reni, no Rio Danúbio. A continuidade dos ataques russos aos portos da região são motivo de preocupação, visto que a rota de exportação através do Rio Danúbio tem sido crucial para o escoamento dos grãos ucranianos desde o fim do acordo para a exportação de grãos pelo Mar Negro.

Nesta semana que está começando, será divulgado na quinta-feira (12 de outubro) o relatório mensal do USDA, sempre muito aguardado pelo mercado.
 

PREÇOS FÍSICOS (R$/sc 60kg)
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Fonte: StoneX. Elaboração: StoneX.
 

AGENDA DE INDICADORES ECONÔMICOS
Tags relacionadas: Grãos e Oleaginosas

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