Comentários de Abertura

Os traders têm digerido uma enorme quantidade de dados hoje vindas tanto dos Estados Unidos quanto da China, as duas maiores economias do mundo. Os futuros de ações indicam uma abertura mais fraca devido a uma série de fatores, com notícias decepcionantes da China e um tom hawkish (contracionista) dos banqueiros centrais nos EUA e na Europa pesando no sentimento. O índice de volatilidade VIX pode atingir uma máxima de dois meses em torno dos 14,7 pontos. O dólar dos EUA tem elevado os ganhos significativos de ontem, negociando próximo a 103,3 no momento da escrita. Os títulos de 10 anos do Tesouro dos EUA apresentam força novamente, com os títulos de 10 anos subindo para próximo de 4,1%, enquanto os títulos de 2 anos estão próximos de 4,33%. O petróleo bruto começa o dia no vermelho, com o contrato WTI próximo de US$ 71 por barril. As commodities agrícolas estão principalmente em baixa novamente, com os grãos continuando a aumentar as perdas após os dados divulgados na sexta-feira pelo USDA, que mostraram mais melhorias nas safras, incluindo rendimentos recordes de milho nos EUA, apesar das condições climáticas adversas durante o verão.

O PIB da China cresceu 5,2% no quarto trimestre, ficando levemente abaixo das expectativas do mercado de 5,3%, mas ainda representando uma melhoria em relação aos 4,9% observados no terceiro trimestre. Em termos trimestrais, o PIB da China no quarto trimestre mostrou um crescimento de 1,0%, diminuindo em relação aos 1,5% do terceiro trimestre. Isso coloca o crescimento anual do PIB da China em 5,2%, encerrando o ano acima da meta oficial de 5,0%. No entanto, o mercado não está recebendo essa notícia de forma otimista, com uma ampla gama de dados negativos sobre imóveis e vendas no varejo chamando a atenção e apontando para um terreno mais instável no próximo ano. As expectativas são de que as metas oficiais de crescimento do PIB para 2024 permaneçam na faixa de 5%, mas alcançar esse objetivo parece muito difícil hoje, a menos que haja grandes mudanças de política.

O setor imobiliário em dificuldades da China continua a levantar preocupações para a saúde econômica geral devido à sua grande participação no PIB do país, e os dados de hoje agravam ainda mais o problema. Os preços de novas casas em dezembro tiveram a maior queda desde fevereiro de 2015, enquanto as vendas de imóveis caíram pelo 24º mês consecutivo. As dificuldades do setor imobiliário são generalizadas, com 62 das 70 cidades incluídas nos dados do NBS mostrando quedas mensais, um aumento em relação às 59 vistas em novembro. Muitos projetos de desenvolvimento imobiliário foram cancelados devido à forte desaceleração do setor, com a Country Garden, maior incorporadora privada da China, afirmando que espera que o setor permaneça fraco até 2024 e alertou que a empresa pode enfrentar desafios mais severos no próximo ano.

As vendas no varejo na China desaceleraram em dezembro, registrando um aumento de 7,4% na comparação anual, abaixo dos 10,1% em novembro e aquém das expectativas de mercado de 8,0%, interrompendo uma sequência de quatro meses de melhorias mensais. No entanto, foram observados alguns pontos positivos, com a produção industrial da China crescendo 6,8% em dezembro, superando as previsões de permanecer inalterada em relação aos 6,6% de novembro e registrando o maior crescimento desde fevereiro de 2022. A taxa de utilização da capacidade industrial também melhorou para 75,9%, em comparação com os 75,6% do mês anterior, atingindo seu nível mais alto desde dezembro de 2022. No entanto, no geral, o negativo superou o positivo neste grande conjunto de dados, levando as ações chinesas a uma queda acentuada mais uma vez. Além disso, a preocupação com as pressões deflacionárias generalizadas na China está aumentando as expectativas de cortes nas taxas e outras medidas de apoio fiscal, enfraquecendo o Yuan.

Outro dia, outra escalada nas tensões por parte do Irã. Ontem mencionamos seus ataques mortais no Iraque e os recentes ataques dos houthis no Mar Vermelho, e eles seguiram isso com um ataque fatal em outro país vizinho - o Paquistão. Autoridades iranianas disseram que os mísseis visavam bases do grupo militante Jaish al Adl, mas autoridades paquistanesas afirmaram que o Irã violou seu espaço aéreo e que o incidente foi "completamente inaceitável". Nos mais de três meses desde o início da guerra em Gaza, o maior temor para os mercados de commodities tem sido o risco de um conflito regional mais amplo. Infelizmente, com as escaladas continuando a surgir, esse temor parece não estar perto de acabar por enquanto.