Resumo Semanal de Milho

Fortalecimento do dólar resulta em desvalorização para o milho na CBOT
 
Felipe Sawaia
Analista de Inteligência de Mercado
Por outro lado, mesmo fenômeno impulsiona ganhos para o milho na B3
Fatores baixistas
  • Perspectiva de crescimento da oferta da América do Sul;
  • Exportações norte-americanas 23/24 estão abaixo da média dos últimos cinco anos;
  • Perspectiva de estoques elevados ao final do ano safra 23/24.
Fatores altistas
  • USDA projeta redução da área plantada de milho nos EUA em 24/25;
  • Disseminação da cigarrinha está impactando o potencial produtivo da Argentina;
  • Setores de etanol e de ração dos Estados Unidos estão consumindo volumes elevados de milho.

Panorama geral

Na semana passada, os futuros do milho negociados na bolsa de Chicago registraram perdas moderadas. O contrato com vencimento em maio ficou cotado a 433,50 cents/bu, desvalorização semanal de 0,5%.

O principal fator por trás das perdas foi o fortalecimento do dólar. O dólar index, indicador que mede a força da moeda norte-americana, chegou a bater 106 pontos, maior patamar dos últimos 5 meses. Isso aconteceu devido a dois fatores. Em primeiro lugar, uma mudança no tom dos membros do Federal Reserve, que passaram a indicar que os juros permanecerão elevados nos Estados Unidos por mais tempo do que antes se imaginava. Em segundo, o acirramento das tensões geopolíticas no Oriente Médio, que reduziu o apetite pelo risco e gerou uma corrida ao dólar. Para informações mais detalhadas sobre câmbio, clique aqui.

O fortalecimento do dólar acabou tendo um impacto negativo sobre o preço do milho porque esse fenômeno diminui a competitividade do produto norte-americano no mercado internacional: o dólar mais caro implica em diminuição do poder de compra dos importadores. Nesse sentido, o mercado entendeu que o preço do milho nos Estados Unidos, principal referência para a bolsa de Chicago, precisava cair a fim de recuperar competitividade.

No agregado da semana, a desvalorização do milho só não foi mais significativa porque na sexta-feira (19) o governo norte-americano, através da Agência de Proteção Ambiental (EPA, na sigla em inglês), aprovou a venda do E15, combustível composto por 85% de gasolina e 15% de etanol, ao longo do verão. Explicando com mais detalhes, normalmente a legislação norte-americana não permite que o E15 seja vendido entre os dias 1º de junho e 15 de setembro devido a estudos que indicam que esse combustível é pior para a qualidade do ar se comparado ao E10 (90% gasolina e 10% etanol). Entretanto, a administração Biden divulgou um comunicado na sexta (19) permitindo a venda do E15 ao longo dos meses de proibição, um indício de que o setor de etanol consumirá mais milho que o normal para a época do ano.

Para as próximas semanas, as atenções estarão voltadas para a definição da safra brasileira, o avanço do plantio nos Estados Unidos e agora o dólar, que se tornou um fator bastante relevante. Vale lembrar que uma análise sobre a movimentação do milho na B3 será feita na sessão sobre Brasil.

Intraday (15 min) contrato de maio/24 - CBOT

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Fonte: USDA. Elaboração: StoneX.

Estados Unidos

Avanço do plantio nos Estados Unidos - No dia 14 de abril, o plantio do milho nos Estados Unidos havia alcançado 6%, percentual um pouco acima da média dos últimos cinco anos de 5%. Hoje (22), às 17h, será divulgada nova atualização do USDA, que trará os dados de progresso do plantio até o dia 21 de abril. Tradicionalmente, o plantio do milho nos Estados Unidos se inicia em abril e já está praticamente encerrado no final de maio/início de junho.

Exportações norte-americanas de milho estão decepcionando - Na semana encerrada dia 12 de abril, o saldo das vendas de exportação de milho dos Estados Unidos foi de 501 mil toneladas, volume 31% inferior à média dos últimos três anos. Com isso, as vendas acumuladas no ano safra 23/24 alcançaram 44,6 milhões de toneladas, volume 13% inferior à média dos últimos três anos. Vale lembrar que o USDA estima as exportações norte-americanas 23/24 em 53,4 milhões de toneladas, volume 8,7 milhões de toneladas acima do que atualmente já foi exportado. Faltando 20 semanas para o encerramento do ano safra, não parece provável que as exportações realmente atingirão esse patamar. Historicamente, as vendas são fracas nas últimas semanas do calendário agrícola, já que a maior parte dos grãos já foi comercializada. Na média dos últimos três anos, as vendas de exportação nas últimas 20 semanas do ano safra foi de 3,8 milhões de toneladas.

Consumo doméstico de milho deve ficar ainda mais aquecido com a aprovação da venda do E15 ao longo do verão – Em seu último relatório de oferta e demanda, o USDA aumentou em 0,5% sua estimativa para o consumo de milho do setor norte-americano de etanol. Na próxima divulgação, talvez ele precise aumentar ainda mais, já que o governo norte-americano aprovou temporariamente a venda de E15 ao longo do verão, mudança que deve favorecer o consumo de etanol. Para mais detalhes sobre essa medida, veja o “Panorama Geral" deste relatório. De todo modo, essa é uma conquista importante para o setor de etanol, que há tempos busca a permissão da venda de E15 ao longo de todo ano. O argumento oficial da administração Biden para a mudança foi o de segurança energética, com o governo afirmando que a medida diminui a dependência norte-americana de importações de petróleo vindas de áreas de conflito (Oriente Médio, Rússia, etc). Nos bastidores, entretanto, afirma-se que a decisão foi tomada com o objetivo de baratear os combustíveis em ano de eleição.

Fundos muito vendidos podem trazer volatilidade para o mercado – No momento, os fundos estão muito vendidos no mercado de milho, o que significa que a maior parte deste tipo de investidor está apostando na desvalorização do grão. Essa situação é perigosa porque ela pode gerar mudanças abruptas no preço do milho no caso de muitos fundos decidirem ao mesmo tempo que eles não querem mais apostar na baixa do grão.

 Vendas de exportação dos Estados Unidos (mil toneladas)

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Fonte: USDA. Elaboração: StoneX.

Brasil

Valorização do dólar impulsiona ganhos para o milho na B3 - Na semana passada, os agentes que investem em milho na B3 deixaram um pouco de lado as condições das lavouras e focaram no dólar, que acabou sendo o principal direcionador de preço. Ao contrário do que aconteceu na CBOT, na B3 a valorização do dólar impulsionou ganhos para o milho, fazendo com que o contrato com vencimento em maio encerrasse a semana cotado a R$ 57,91/sc, valorização semanal de 0,9%. Isso aconteceu porque a desvalorização do dólar aumenta a competitividade dos produtos brasileiros no mercado internacional. Consequentemente, os investidores entendem que isso significa um aumento da demanda pelo milho brasileiro, por isso a valorização. Para as próximas semanas, as atenções devem seguir voltadas para o dólar e as condições das lavouras.

A comercialização do milho segue atrasada no Brasil - Os agricultores brasileiros estão insatisfeitos com o nível atual de preço do milho e por isso estão atrasando a venda dos seus grãos. Vale apontar que esse é um fenômeno que vem desde o ciclo passado, já que naquele período o preço do milho já estava em descendência. Até o dia 19 de abril, 40,1% do milho verão 23/24 havia sido comercializado, contra 52,8% na média dos últimos 5 anos. Já para o milho safrinha 23/24, apenas 20,6% havia sido comercializado, contra 43,8% na média dos últimos 5 anos.

Intraday (15 min) contrato de maio/24 - B3

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Fonte: B3. Elaboração: StoneX.

Argentina

Chuvas estão atrasando a colheita do milho - Na última semana, chuvas abundantes caíram sobre parte significativa do cinturão agrícola argentino. Em especial, volumes elevados foram observados nas províncias de Buenos Aires, Entre Rios, sul de Santa Fé e leste de Córdoba. Esse fenômeno atrapalhou os trabalhos de campo, fazendo com que o avanço semanal da colheita fosse de apenas 1,9 pontos percentuais. Agora, 17,2% das lavouras argentinas de milho estão colhidas, um atraso de 8 pontos percentuais na comparação com a média do período 2018-2022.

Bolsa de Cereales mantém estimativa para a produção de milho em 49,5 milhões de toneladas - Entre as lavouras de milho que já foram colhidas na Argentina, a produtividade média está elevada: 8,79 ton/ha (146,5 sc/ha). Entretanto, a Bolsa de Cereales de Buenos Aires (BCBA) estima a produtividade final em 6,91 ton/ha (115,2 sc/ha), já que boa parte das lavouras que sofreram com a disseminação da cigarrinha ainda não foram colhidas. Lembrando que a BCBA estima a safra de milho da Argentina 23/24 em 49,5 milhões de toneladas, aumento de 45,6% na comparação com 22/23, mas recuo de 8,8% na comparação com a média do período 18/19-21/22.

Condição das lavouras se deteriorou nas regiões afetadas pela cigarrinha, mas melhorou em outras áreas de plantio tardio – A cigarrinha segue causando estragos nas lavouras argentinas de milho. Nas regiões afetadas, a condição das lavouras continuou a diminuir, existindo áreas em que a produtividade estimada já recuou cerca de 30%. Entretanto, isso foi contrabalanceado pela melhora na qualidade em outras áreas de plantio tardio, que foram beneficiadas pelas chuvas abundantes reportadas ao longo da semana. Com isso, a condição das lavouras pouco variou na comparação semanal, com a área excelente, boa ou normal recuando de 78% para 77%.


Preços futuros e físicos

 

Contratos futuros negociados na CBOT (US¢/bu)

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Fonte: CME. Elaboração: StoneX.
 

Contratos futuros negociados na B3 (R$/sc)

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Fonte: B3. Elaboração: StoneX.

Preços fisicos no Brasil (R$/sc)

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Fonte: StoneX.

AGENDA DE INDICADORES ECONÔMICOS
Tags relacionadas: Grãos e Oleaginosas

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