A semana foi marcada pela postura firme do Federal Reserve em sua decisão de juros e por dados brandos de inflação para os EUA, enquanto a percepção de riscos fiscais permaneceu elevada no Brasil. O dólar negociado no mercado interbancário terminou a semana em alta, encerrando a sessão desta sexta-feira (14) cotado a R$ 5,325, alta semanal de 1,1%, mensal de 2,5% e anual de 10,9%. Já o dollar index fechou o pregão desta sexta cotado a 105,5 pontos, variação de +0,6% na semana, +0,8% no mês e +4,2% no ano.
As cotações da soja em Chicago alternaram entre os campos positivo e negativo na semana passada e encerram o período perto da estabilidade. O vencimento para julho terminou a sexta-feira (dia 14) em 1179,75 cents por bushel. O andamento da safra dos EUA continua sendo um fator central na movimentação das cotações, com o ritmo dos trabalhos no campo e o clima no radar. A despeito de alguns atrasos, principalmente em maio, o ritmo da semeadura da soja sempre se manteve acima da média, reduzindo as preocupações com potenciais impactos negativos de atrasos. Do lado do clima, alguns modelos indicando um clima mais seco, principalmente no leste do cinturão norte-americano, trouxeram preocupações, mas ainda é cedo para mensurar impactos desse clima para a soja.
Guiado por condições climáticas, futuros do milho acumularam ligeiros ganhos
Na semana passada (10/06-14/06), os futuros do milho negociados na bolsa de Chicago não variaram uniformemente, alternando dias de ganho e perda. Ao final do período, o contrato com vencimento em julho ficou cotado a 450 cents/bu, valorização semanal de apenas 0,3%. Com o início oficial do chamado mercado de clima, entregando alguma volatilidade aos futuros conforme são atualizadas as perspectivas climáticas para a safra. Os relatórios de oferta e demanda seguiram uma semana de divulgação sem revelar grandes novidades, tendo efeitos mais marginais sobre o mercado.
Já na B3, os futuros do milho também não apresentaram uma direção clara ao longo da semana. No encerramento do período, o milho ficou cotado a R$ 57,59/sc, ganho semanal de 0,7%. Além dos preços de bolsa, o prêmio do milho no porto de Santos também foi um assunto bastante discutido no Brasil ao longo da última semana. Como a comercialização da safra está lenta, muitas vezes as tradings estão sendo obrigados a aumentar suas ofertas, impactando positivamente o prêmio. Esse fenômeno aconteceu no início da semana passada, mas perdeu força nos últimos dias, mantendo o prêmio praticamente inalterado na comparação semanal.
Os óleos vegetais operaram de forma mais lateral na última semana em suas principais bolsas, encerrando com resultados mistos, porém com variações menos intensas em relação à semana anterior. O óleo de soja conquistou leves avanços na primeira parte da semana, mas uma retração no pregão da sexta-feira eliminou praticamente todos os ganhos conquistados. Um relatório do USDA sem grandes surpresas tanto para o complexo de soja quanto para os óleos vegetais e previsões climáticas apontando para uma condição mais fria e úmida nos Estados Unidos nessa semana, diminuindo os riscos para a safra do país, contribuíram para manter as cotações pressionadas em Chicago. O Contrato de jul/24 terminou cotado a US¢ 43,7/lb, leve variação de +0,1% na semana.
O óleo de palma, por sua vez, marcou uma queda no período, com o mercado também procurando manter o padrão de maior lateralidade que vem demonstrando desde o início de junho. Os fundamentos têm se mostrado mais mistos para a palma, com indicativos positivos para a oferta no Sudeste Asiático, mas com importadores recobrando maior apetite, como indicado pelos dados oficiais das importações indianas em maio. O contrato mais ativo, de ago/24, fechou o cotado a USD 836,5/t, variação de -1,3% em relação à sexta-feira anterior.
A pressão altista continua sobre os preços da ureia no mercado físico. O foco da atenção segue sobre o Egito, onde uma redução na oferta de gás natural levou o país a diminuir a produção de ureia. Desde então, um sentimento altista tem prevalecido para as cotações FOB e CFR do fertilizante em diversos mercados consumidores, e isso afetou os preços da ureia no Brasil. No segmento de fosfatados, existe uma expectativa de um crescimento do consumo no Brasil e na Índia, e, com uma oferta reduzida de produtos, as cotações subiram no mercado brasileiro. Por fim, os fundamentos no mercado de potássicos continuem, em larga medida, estáveis, e não houve variação dos preços ao longo da semana passada.
Nesta última semana, os preços do açúcar bruto e branco fecharam o período acumulando alta nos mercados futuros, encerrando o pregão da sexta-feira (14) em US¢ 19,43/lb para o bruto #11 SBN4, alta de 2,3% na semana, enquanto o branco SWQ4 fechou em US$ 562,1/ton, avanço de 3,2% no mesmo período. O mercado segue influenciado pela apreensão em relação à safra 2024/25 (abr-mar) do Centro-Sul brasileiro, que após um período de desenvolvimento mais seco, mostra-se ameaçada ainda pela possibilidade de um mix produtivo menos voltado ao açúcar que o antecipado, o que trouxe maior suporte para os preços nas últimas semanas, após o #11 operar próximo ao nível dos US18,00/lb ao final de maio.
Sem grandes mudanças do ponto de vista dos fundamentos, os preços futuros de café foram impactados principalmente por fatores técnicos. Em Nova Iorque, apesar da volatilidade na semana, os preços futuros de café arábica terminaram a semana praticamente inalterados, com o contrato mais ativo recuando apenas 50 pontos (-0,2%) na semana, fechando a sexta-feira (14) cotado em US₵ 224,40/lb. Em Londres, os preços futuros de café robusta também terminaram a semana em queda, com o contrato mais ativo recuando USD 119/ton (-2,9%) e fechando a última sessão cotado em USD 4009/ton.
Do ponto de vista macro, a deterioração do cenário fiscal no Brasil contribuiu para disparada do dólar no mercado doméstico brasileiro, que avançou 0,6% na semana para USDBRL 5,38 e chegou a alcançar o valor máximo desde janeiro do ano passado. A valorização do dólar impactou diretamente os preços de café no mercado doméstico brasileiro. Enquanto Nova Iorque recuou 0,2% na semana, o indicador Cepea para o café arábica avançou 1,8% para R$ 1340,74/saca. Para o robusta, enquanto Londres recuou quase 3%, o indicador Cepea para o tipo apresentou um recuo de 1,6% para R$ 1193,78/saca.
Os preços do cacau no mercado futuro finalizaram o pregão da última sexta-feira (14/06) com alta em relação ao início da semana, concretizando o quarto avanço semanal de preços seguido. Em Nova Iorque, as cotações para o segundo contrato (set/2024, CCU4) tiveram aumento semanal de 5,9%, fechando em 9.701 USD/ton. O resultado de alta do cacau segue fundamentado pela brusca queda produtiva no Oeste Africano, particularmente na Costa do Marfim e Gana, países que concentraram quase 70% da produção global nas últimas safras. A redução produtiva na Costa do Marfim e Gana durante a safra 2023/24 (out-set) causou um déficit produtivo global no fornecimento da amêndoa, estimado em 439 mil toneladas para a atual safra.
Na última semana, as cotações de futuros do contrato mais ativo do Brent acumularam alta de 3,8%, negociadas a USD 82,62 bbl na última sexta-feira (14), enquanto o WTI registrou um avanço semanal de 3,9%, negociado em USD 78,45 bbl. O petróleo se recuperou das mínimas observadas na semana anterior, apoiado pelas perspectivas de um balanço global ainda apertado apesar da decisão da OPEP+ em definir o fim gradual dos cortes voluntários a partir de out/24, além de fatores técnicos que também suportaram os futuros. Ademais, perspectivas divergentes entre OPEP e IEA sobre o crescimento do consumo em 2024, além de um Fed mais cauteloso limitaram a recuperação dos preços ao longo da semana.
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