A moeda e os ativos brasileiros foram bastante penalizados nesta semana, marcada por elevada desconfiança dos agentes no comprometimento do governo com o atingimento das metas fiscais e por maior percepção de riscos geopolíticos no exterior, após declarações do ex-presidente Donald Trump e de seu vice, J. D. Vance, na corrida pela Casa Branca. Apesar da consolidação nas apostas por um corte de juros pelo Federal Reserve em setembro, fator que contribui com a desvalorização da moeda americana, o cenário político dos EUA e o movimento de pares do dólar, como o euro, a libra esterlina e o iene, acabaram sendo elementos dominantes na formação das cotações no mercado de câmbio. O dólar negociado no mercado interbancário terminou a semana em alta, encerrando a sessão desta sexta-feira (19) cotado a R$ 5,605, avanço semanal de 3,2%, mensal de 0,25%, e alta anual de 15,5%. Já o dollar index fechou o pregão desta sexta cotado a 104,38 pontos, variação de +0,3% na semana, -1,4% no mês e de +3,0% no ano.
Na semana passada, o contrato dasoja para agosto terminou negociado a 1097,25 cents por bushel em Chicago, recuo de 0,7%; os vencimentos mais acentuados registraram baixa mais significativas. O mercado segue sendo influenciado por condições favoráveis nas lavouras norte-americanas, que estão em condições boas/excelentes em 68% de sua extensão, 8 pontos percentuais acima da média dos últimos 5 anos. O fato, somado a uma demanda que não surpreende, tem pesado sobre as cotações da oleaginosa. No Brasil, a comercialização segue mais lenta, de acordo com os dados mais recentes da StoneX, mesmo com o incentivo do real mais fraco nos últimos tempos.
Milho se mantém pressionado em Chicago
Na última sexta-feira, os futuros do milho recuaram em Chicago. No encerramento da semana, o contrato de setembro desvalorizou 2,9%, ficando cotado a 390,5 cents/bu. A perspectiva de produtividade elevada nos EUA, em meio a um clima favorável continua sendo o principal direcionador de preços. No Brasil, no entanto, o cenário é diferente, com o milho na B3 sendo negociado a R$ 59,14/sc no encerramento da última sexta-feira, uma alta semanal de 1,4%. Por aqui, o que vem influenciando os preços é principalmente a comercialização atrasada que, somado a um fortalecimento do dólar, vem servindo de suporte aos preços internos.
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Os óleos vegetais terminaram a última semana com resultados mistos em suas principais bolsas de negociação. O óleo de soja, que esboçou uma recuperação semanal em meio a dados de esmagamento e estoques abaixo do esperado nos Estados Unidos, foi pressionado na tarde da sexta-feira em meio a uma queda do petróleo e diversas commodities, com a tela de ago/24 terminando cotado a US¢ 46,6/lb, queda de 0,2% na semana. O óleo de palma, por sua vez, recebeu suporte da percepção de demanda mais aquecida nos principais países importadores, com a tela de set/24 registrando um avanço semanal de 2,4%, cotado a USD 857,0/t.
No mercado brasileiro, os investidores estão cautelosos, e, desde a semana passada, houve uma pequena desvalorização para os preços da ureia no Brasil. A Índia concluiu a sua licitação, e, com um volume adquirido menor do que o esperado, ainda há dúvidas sobre as perspectivas no segmento de nitrogenados. No mercado de fosfatados, foi registrado um aumento para os preços do MAP e do TSP, o que é um reflexo da demanda aquecida no Brasil, e de uma reduzida disponibilidade de mercadorias para os compradores do segmento. Por fim, o cloreto de potássio teve uma redução das cotações, após as notícias de que a China e a Índia concluíram as negociações de seus contratos de importação.
Na última semana, os preços do açúcar bruto e branco registraram uma semana de retração nos mercados futuros. Os contratos mais ativos do bruto e branco registraram quedas de 2,8% e 3,3%, finalizando esta sexta-feira (19) em US¢ 18,66/lb e 541,2/ton, respectivamente. Influenciando o mercado, segue pesando sobre as cotações o bom avanço das chuvas de monções na Índia. Números do relatório de posição dos agentes no mercado futuro do açúcar bruto (CFTC) indicam que a posição líquida dos especuladores no mercado futuro reduziu 80% na semana até a última terça-feira (16), finalizando o período em 1.381 contratos, indicando maior cautela nas apostas altistas do mercado. A incerteza com relação à safra 24/25 do Centro-Sul também segue fazendo preço, até o final de junho, a região registrava um crescimento de 15,7% na produção de açúcar em relação ao mesmo período da safra recorde 2023/24 (abr-mar).
A última semana foi marcada por uma retração nos preços de café em suas principais bolsas de negociação, em um movimento que ocorreu principalmente por uma correção técnica, após as fortes altas registradas na semana anterior. O contrato de setembro/24 do café arábica em Nova Iorque terminou o período cotado a US¢ 238,2/lb, queda semanal de 3,5%. Em Londres, a tela equivalente para o café robusta encerrou o período cotada a USD 4355/t, em retração semanal de 5,7%. No mercado doméstico, o indicador CEPEA para o café arábica encerrou o período cotado a R$ 1.430,13/saca, queda de 2,1%. O indicador para o café robusta fechou a R$ 1.292,34/saca, retração de 1,0%.
Destacou-se também o impacto da desvalorização taxa de câmbio no mercado brasileiro, com a moeda brasileira recuando em meio à elevada desconfiança dos agentes em relação ao comprometimento do governo com as metas fiscais no país, junto das incertezas políticas no exterior com a aproximação das eleições presidenciais nos Estados Unidos. Nesse cenário, o dólar encerrou a semana em alta no mercado interbancário brasileiro, encerrando a última sexta-feira (19) cotado a R$ 5,605, avanço semanal de 3,2%. A alta do dólar contribuiu para pressionar as cotações de café na bolsa de NY, uma vez que contribui para elevar as cotações do café precificado no mercado doméstico brasileiro, estimulando a oferta no mercado local.
Durante a última semana, entre os dias 15 a 19 de julho, os preços nos mercados futuros de cacau inverteram a tendência de alta das duas semanas anteriores e registraram variação semanal negativa. O contrato mais ativo em Nova Iorque (vencimento em setembro, CCU24) apresentou uma queda de 7,6%, enquanto em Londres, o contrato equivalente caiu 7,2%. Esse período foi marcado também pelo encerramento do contrato de julho, na terça-feira (16). A principal notícia da semana, no dia 18/07, foi a divulgação dos dados de moagem faltantes para os principais países consumidores de cacau no segundo trimestre de 2024, complementando a visão sobre a demanda pelo produto no período. Na semana anterior, haviam sido divulgados os dados referentes à Europa e Brasil, enquanto no dia 16/07 foram apresentados os dados referentes à Costa do Marfim e no dia 18/07 os referentes à América do Norte e Ásia. Esses dados são cruciais para o mercado, pois representam o principal indicador de demanda pelo produto com impacto sobre as estimativas de saldo global e projeções de preços futuros.
Na última semana, as cotações de futuros do contrato mais ativo do Brent acumularam queda de 2,82%, negociadas a USD 82,63 bbl na última sexta-feira (19), enquanto o WTI registrou um recuo semanal de 2,53%, negociado em USD 80,13 bbl. O petróleo encerrou em queda pela segunda semana consecutiva, com o resultado da última sessão influenciado especialmente pela fala do secretário de estado dos EUA, Antony Blinken indicar que Isral e Hamas estariam próximos de um acordo de cessar-fogo em Gaza. Além disso, preocupações com a demanda global – principalmente na China - também apoiaram a queda dos futuros, levando os contratos do Brent para o menor nível em quase cinco semanas.
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