A semana foi marcada pelo enfraquecimento global do dólar em meio a uma percepção de enfraquecimento do mercado de trabalho americano, embora os dados da semana tenham sido ambíguos e suavizaram temores de uma possível recessão. No Brasil, um crescimento maior que o esperado do Produto Interno Bruto no segundo semestre reforçou apostas de uma alta na taxa básica de juros (Selic) no curto prazo ao se somar a um quadro de “desconforto” para a estabilização de preços pelo Banco Central. O dólar negociado no mercado interbancário terminou a semana em queda, encerrando a sessão desta sexta-feira (06) cotado a R$ 5,5895, variação de -0,8% na semana, -0,8% no mês e de +15,2% no ano. Já o dollar index fechou o pregão desta sexta cotado a 101,2 pontos, recuo semanal e mensal de 0,5% e anual de 0,2%.
Os futuros da soja continuaram tendo uma semana de valorização na semana passada, quando o vencimento para novembro da oleaginosa encerrou a sexta-feira negociado a 1005 cents/bu, avanço de 0,5% no período. O clima mais seco no país visto nas últimas semanas inspirou uma queda de 2 p.p. nas lavouras em condições boas/excelentes no país, ficando em 65% da área do país, ainda superior à média de 5 anos, de 57%. As atenções do mercado passam a se voltar para a América do Sul, onde o padrão climático também muito mais seco do que a média vem trazendo uma perspectiva de atraso no plantio.
Clima e cobertura de posições entregam altas ao milho
Os futuros do milho tiveram uma semana de sustentadas altas tanto no mercado internacional quanto no mercado doméstico. Em Chicago, o contrato com vencimento em dezembro/24 encerrou a semana passada negociado a US¢406,25/bu, avanço de 1,7% na semana. Por trás desse movimento, uma cobertura de posições vendidas pode ter sustentado as altas, conforme as atenções começam a se deslocar da robusta safra norte-americana – que vem sendo um fator baixista nos últimos meses – para a América do Sul. Essa cobertura de posições, que vem guiando o mercado desde o final de agosto, seguiu sendo exposta de maneira mais clara, conforme os dados do CFTC publicados na semana passada apontaram para uma posição liquidamente vendida de 176,2 mil contratos, 65,7 mil a menos do que na semana anterior.
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As cotações do óleo de soja em Chicago tiveram uma semana de alternância entre altas de baixas e terminaram o período em queda. O vencimento para outubro encerrou a sexta-feira (dia 6) em 40,2 cents/lb, queda de 5,5% em sete dias. A safra norte-americana de soja continua sendo acompanhada com as perspectivas de safra recorde mantidas.
O óleo de palma na Bursa também registrou queda semanal, com o vencimento para outubro fechando a sexta-feira (dia 6) em USD 908,5/ton. O mercado aguardava os dados da Malásia, com perspectivas dos maiores estoques em seis meses.
No mercado de nitrogenados, o principal fator altista foi a compra de mais de 1 milhão de toneladas no leilão indiano. Os preços subiram mais nos EUA que no Brasil, em meio a uma maior movimentação de barcaças. Para os fosfatados, o anúncio de novas cotas de exportação pela China é aguardado. No segmento de potássicos, houve uma variação negativa para o preço do fertilizante internalizado por Paranaguá, com a demanda pelo nutriente não sendo capaz de oferecer suporte, diante da oferta confortável.
Após avanço expressivo na última semana de agosto, resultado das incertezas causadas pelo grande aumento de focos de incêndio no Centro-Sul brasileiro, a tela mais líquida do açúcar bruto (SBV4) registrou queda de 2,4% nesta semana, finalizando esta sexta-feira (06) na marca de US¢ 18,91/lb. A movimentação do açúcar no período acompanha a maioria das commodities, com destaque para o petróleo BRENT, que registrou queda de quase 10% devido a receios macroeconômicos e fatores geopolíticos. A movimentação do petróleo historicamente possui correlação direta com os preços do açúcar devido ao mercado de etanol brasileiro. A persistência de bons níveis de chuvas na Índia e Tailândia tem sido o principal fator baixista sobre o mercado nos últimos meses, e mantém limitadas as altas no mercado futuro, particularmente diante do cenário macroeconômico menos favorável na semana.
Na última semana, os preços futuros de café recuaram em meio ao avanço nas exportações mundiais de café e a perspectiva de aceleração das exportações brasileiras de café nos próximos meses. Além disso, o clima no Brasil ainda está no foco dos participantes do mercado. Em Nova Iorque, o contrato mais ativo de café arábica teve uma queda semanal de 3,3% para US¢ 236,00/lb. No terminal londrino, os preços de café robusta recuaram 3,6% para USD 4770/ton.
No mercado doméstico brasileiro, os preços de café seguiram a tendência observada no exterior e terminaram a semana em queda. O indicador Cepea teve uma queda de 2,4% para o café arábica e de 1,2% para o café robusta. Além disso, os preços de café robusta se mantiveram superiores aos preços de arábica na última semana, com o indicador Cepea para o robusta fechando a sexta cotando em R$ 1465,60/saca, valor 3,7% superior ao indicador para o arábica, que fechou cotado em R$ 1413,70.
Na última semana, entre os dias 30 de agosto e 6 de setembro, os preços do cacau no mercado futuro registraram a segunda semana seguida de desvalorização. Em Nova York, o contrato mais ativo, com expiração em dezembro de 2024 (CCZ24), apresentou queda de 7,7% e encerrou a semana a 7.081 USD/ton. Em Londres, a variação para o contrato de dezembro (CAZ24) foi mais moderada, fechando a semana com desvalorização de 1,4%, aos 5,257 GBP/ton.
No mesmo período, o índice CRB de commodities, principal referência para ativos dessa categoria, registrou uma desvalorização de 3,6%. O índice do dólar (DXY), por sua vez, apresentou uma queda mais moderada, recuando 0,5% na semana. A movimentação desses índices, especialmente do CRB, reflete um aumento na aversão ao risco por parte dos investidores, impulsionada em grande parte pelo temor crescente de uma recessão nos Estados Unidos, à luz dos recentes dados econômicos, o que também contribuiu para a pressão baixista sobre o dólar. Diante disso, o desempenho dos índices sugere que fatores macroeconômicos na semana podem ter influenciado também os preços do cacau.
Na última semana, as cotações de futuros do Brent encerraram o período acumulando forte queda de 8,09%, sendo negociado a USD 71,06 bbl na sexta-feira (06). Os contratos do WTI seguiram a mesma trajetória, atingindo 10,85% de desvalorização. A semana foi marcada pelo menor apetite por risco dos investidores, com temores macroeconômicos aumentando no período, além da percepção de que se terá superávits no balanço global no quarto trimestre. Dessa forma, os contratos do Brent atingiram os menores níveis desde agosto de 2021 na sexta-feira, apesar da OPEP+ ter anunciado que adiará o aumento da produção do grupo de outubro para novembro e os estoques dos Estados Unidos terem recuado fortemente na semana (indicando um mercado americano fortalecido).
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