A moeda americana interrompeu quatro semanas seguidas de queda e apresentou o maior fortalecimento em dois anos em função de um desempenho melhor que o esperado para dados para a atividade econômica e mercado de trabalho nos EUA, além de receios globais com o conflito no Oriente Médio. No Brasil, uma melhora inesperada na nota de crédito do país pela agência Moody’s contribuiu para amenizar as perdas do real. O dólar negociado no mercado interbancário terminou a sessão desta sexta-feira (04) em alta, cotado a R$ 5,4564, avanço semanal de 0,4%, mensal de 0,1% e anual de 12,5%. Já o dollar index fechou o pregão desta sexta cotado a 102,5 pontos, variação de +2,1% na semana, 1,7% no mês e de +1,1% no ano.
As cotações da soja em Chicago registraram queda na semana passada, após os ganhos recentes consideráveis, com o mercado monitorando o andamento da safra da América do Sul, além de novidades pelo lado da demanda. O vencimento para novembro encerrou a sexta-feira (dia 4) em 1037,75 cents por bushel, baixa de 2,6% no período. A colheita da safra norte-americana segue e o volume recorde deve se confirmar. Pelo lado da demanda, o mercado monitora o setor de biocombustíveis nos EUA, com medidas que poderiam limitar o uso do óleo de soja no radar, apesar de o momento atual ser favorável. Como já sinalizado anteriormente, o esmagamento do país em agosto alcançou 4,56 milhões de toneladas, 13,3% a menos que no mês passado, e 0,9% frente ao mesmo mês de 2023. Com isso, os estoques de óleo também recuaram, para 547 mil toneladas.
Demanda por etanol e trigo valorizado fazem milho ter ganhos em Chicago
Os futuros do milho tiveram uma semana de avanço em Chicago. O vencimento de dezembro/24 encerrou o dia negociado a US¢424,75/bu (+1,6%). Por trás das altas, perspectivas melhores para a produção norte-americana de etanol, o que veio contribuindo também para uma revisão para os estoques de passagem da safra 2023/24 pelo USDA, ajudaram a melhorar as perspectivas de demanda. Além disso, preços internacionais do trigo também estiveram em alta, seguindo preocupações com a oferta russa, o que ajudou a sustentar o milho. No entanto, limitando os ganhos, pode-se citar o avanço célere da colheita estadunidense e um fortalecimento do dólar frente a um cenário global de aversão ao risco.
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Os óleos vegetais tiveram marcaram sua terceira semana consecutiva de avanços nas suas principais bolsas de negociação. Para o óleo de soja, apesar de o EIA mostrar menor uso para biocombustíveis nos EUA em julho, com outras matérias-primas ganhando espaço, os dados de consumo do USDA para agosto mostraram uma sustentação da demanda total do país em agosto, atuando de maneira altista. Junto disso, os saltos nos preços da palma e do petróleo contribuíram para o desempenho da semana, com o contrato de dez/24 avançando 3,8% para encerrar cotado a US¢ 44,0/lb.
Já o óleo de palma, apesar de dados de importação mais fraca na Índia e sem grandes alterações em outros fundamentos, continuou sustentando os avanços que vêm sendo observados nas últimas semanas, atingindo seus maiores níveis desde abril. Como comentado anteriormente, um dos fatores que teve muita influência na última semana foi a forte alta do petróleo. O contrato de dez/24 terminou cotado a USD 1020,2/t, alta de 1,7%.
Nos últimos dias, foi observado um aumento para os preços CFR Brasil da ureia. A valorização do fertilizante nitrogenado está relacionada a dois fatores, em especial: em primeiro lugar, à escalada do conflito no Oriente Médio, que acendeu um sinal de alerta entre os investidores; e, em segundo lugar, a licitação indiana tem dado suporte às cotações no mercado internacional. No segmento de fosfatados, o MAP permaneceu estável, mas houve uma queda importante para os preços CFR do SSP. Por fim, no segmento de potássicos, os sentimentos baixistas continuam, e uma diminuição para as cotações do cloreto de potássio foram observadas.
Nesta sexta-feira (04), o contrato de março/25 do NY#11 finalizou a sessão cotado a US¢ 23,01/lb, com leve queda diária de 23 pontos, mas acumulando ganho de 1,6% em relação ao fechamento da sexta passada. O movimento de escalada, observado desde a segunda metade de setembro, se estendeu no início de outubro, que também foi marcado pela expiração do contrato V24. As entregas contra o tape foram elevadas, correspondendo a 1,7 MMt de açúcar bruto, mas a lista de recebedores e entregadores foi o grande destaque, confirmando os rumores de que uma grande trading asiática (normalmente entregadora em bolsa) seria a única recebedora nas entregas do outubro/24 – fator julgado como altista pelos agentes. O encerramento da safra no Centro-Sul é iminente, e os players já começam a precificar os impactos de menor oferta e menor exportação entre outubro e março. Principalmente no 1º trimestre de 2025, há expectativas contundentes de que o trade flow do açúcar bruto ficará bastante apertado dada a menor disponibilidade de produto brasileiro, fundamento que corrobora com as altas nos futuros.
A última semana foi de queda para o café arábica e o robusta, com o mercado realizando algumas correções após terem atingido níveis elevados na semana anterior. O contrato de dez/24 do café arábica caiu 4,4% na bolsa de Nova York, encerrando a US¢ 257,35/lb. Já o café robusta encerrou cotado a USD 5067/ton na bolsa de Londres, uma queda semanal de 7,6%. Além do movimento técnico de correção, que normalmente ocorre após altas intensas, dois fatores principais contribuíram para as quedas. Primeiramente, o clima, que já influencia os preços há algumas semanas, apresentou uma perspectiva de condições mais amenas e úmidas nas regiões produtoras. A chegada da umidade ao cinturão cafeeiro tende a reduzir os temores de que a próxima safra perca ainda mais potencial, embora parte já possa ter sido comprometida devido à seca no último mês.
Na última semana, entre os dias 27 de setembro e 4 de outubro, os futuros de cacau recuaram em todos os contratos negociados em bolsa. Em Nova Iorque, o contrato mais ativo (dezembro/24) registrou desvalorização de 14,6%, fechando a semana a 7.069 USD/ton. Em Londres, o mesmo contrato encerrou a semana com recuo de 7,7%, aos 5.108 GBP/ton. A semana começou tensa para os agentes de mercado, que operavam em compasso de espera na expectativa de uma definição sobre o regulamento antidesmatamento da União Europeia (EUDR). Contudo, em meio à crescente pressão internacional, o comitê sinalizou na quarta-feira (2) a intenção postergar a implementação, aliviando as tensões no curto prazo. Com isso, os agentes voltam a focar nos fundamentos do mercado em meio ao início da nova temporada 2024/25 (out-set). Nas próximas semanas, os preços devem ser influenciados majoritariamente por novos dados de entregas no Oeste Africano, pela divulgação dos volumes de processamento no 3º trimestre nos principais países consumidores e pelo desenvolvimento das condições de safra.
Na última semana, as cotações de futuros do Brent encerraram o período em forte alta em 8,43%, sendo negociados na sexta-feira (04) a USD 78,05 bbl. Os contratos do WTI seguiram a mesma trajetória, acumulando uma alta de 9,09% na semana, cotados a USD 74,38 bbl. A última semana foi marcada pela revisão dos prêmios de risco associados à guerra no Oriente Médio, com o ataque iraniano contra Israel no período elevando os temores de um conflito generalizado e com potencial impacto para a oferta global de petróleo e combustíveis. Assim, os futuros do Brent retomaram aos níveis do final de agosto, praticamente revertendo a tendência de queda que vigorou nas semanas anteriores. Assim, com incertezas elevadas, o mercado também experimenta maior volatilidade, e investidores aguardam a resposta de Israel para entender o direcionamento do conflito.
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