Fechamento de Câmbio

Dólar fecha a segunda em leve alta, cotado a
R$ 5,325
 
Leonel Oliveira Mattos
Leonardo Rossetti
Vitor Andrioli
Câmbio acompanha sessão de menor liquidez no exterior e receios com situação fiscal no país

O par real/dólar registrou leve avanço na sessão desta segunda-feira (4) para encerrar negociado a R$ 5,325, variação de +0,1% frente ao fechamento da última sexta-feira (1) e mantendo seus maiores valores em cerca de cindo meses. Já o dollar index terminou o período cotado a 104,9 pontos, próximo da estabilidade. O mercado de divisas registrou sessão de liquidez mais baixa, com menor volume de transações internacionais devido ao feriado do Dia da Independência nos Estados Unidos, enquanto os agentes aguardam pelos indicadores de atividade, emprego e pela ata da última decisão do Federal Reserve que serão divulgados nesta semana. No Brasil, os investidores acompanharam o noticiário em Brasília indicando que o valor da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 1/2022, aprovada pelo Senado e enviada à Câmara dos Deputados, pode sofrer novos aumentos, trazendo impactos maiores que o esperado sobre as estatísticas fiscais do país. 

Após recuar para R$ 5,29 no final da manhã, em um movimento de correção ao longo da forte alta registrada na última sexta-feira (2,5%), a divisa americana foi recuperando terreno ao longo da tarde, para terminar o pregão em patamares semelhantes aos observados no final da última semana. A taxa de câmbio seguiu a recuperação do dollar index durante o intradia, ao passo que os agentes globais recobravam cautela frente aos riscos de uma estagflação global, enquanto o cenário político doméstico, um dos principais responsáveis pela fuga de divisas observada nas últimas semanas, voltou a gerar preocupação no mercado.

Os investidores acompanharam as notícias em Brasília de que o valor da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 1/2022, aprovada pelo Senado e enviada à Câmara dos Deputados, pode sofrer novos aumentos nos gastos do governo. A proposta aprovada no Senado inclui o aumento do Auxílio Brasil e o Auxílio Gás, a concessão de subsídios para o etanol e o transporte gratuito de idosos, a criação de um voucher de R$ 1000,00 para caminhoneiros autônomos e um auxílio-gasolina para taxistas, com um custo estimado de R$ 41,25 bilhões, segundo o relator no senado Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE), e que não serão contabilizados no teto de gastos.

Nesta tarde, o relator da PEC na Câmara dos Deputados, o deputado Danilo Forte (União-CE), indicou que estuda promover mudanças no texto da proposta, com a inclusão de um auxílio a motoristas de aplicativos, como Uber e 99.

Forte defendeu que os serviços realizados por prestadores de serviços de aplicativos são de mesma finalidade que de taxistas, o que justificaria a inclusão da categoria na lista de beneficiários. O deputado declarou que ainda não há um cálculo para o valor da inclusão, mas que a discussão gira em torno de uma sinalização do ministério da Economia de que haveria espaço para que até R$ 50 bilhões fossem utilizados para a PEC, o que daria espaço para as inclusões. Forte ainda defendeu ajustes na lei do teto de gastos que autorizem o aumento de despesas em casos de crise financeira ou calamidade, sem a necessidade de se decretar estado de emergência no país. As ideias serão discutidas entre as lideranças na Câmara entre essa segunda e terça-feira (5), com a intenção de que o novo texto seja já atrelado à PEC dos Biocombustíveis para uma votação única na quarta-feira (6).

Como tem sido ressaltado nas últimas semanas, as improvisações e alterações no Orçamento público, com perda de arrecadação e ampliação de gastos na ordem de dezena de bilhões de reais a três meses para as eleições, evadindo o teto de gastos, contribuem para elevar a percepção de risco fiscal associado ao Brasil. Neste contexto, tende-se a verificar exigências maiores de prêmio de risco por parte dos investidores, o que, por sua vez, pode reduzir o fluxo de capital estrangeiro ao país e enfraquecer o real.

No exterior, o temor com a avanço de preços fora do controle, enquanto a atividade econômica tem dado sinais de desaceleração, continuam mantendo a aversão ao risco elevada nos mercados globais. Na última sexta-feira, a Eurostat divulgou os dados preliminares para o Índice de Preços ao Consumidor (IPC) na zona do euro em junho, que apontou para uma alta de 0,8%. Com isso, o resultado sugere um avanço do acumulado em 12 meses de 8,1% em maio para 8,6%, mais de quatro vezes a meta de 2,0% do Banco Central Europeu (BCE) e atingido novo recorde. 

Nesta terça-feira (5), os agentes devem acompanhar a divulgação pela S&P Global dos dados do PMI de Serviços e Consolidado para o bloco econômico. Os analistas projetam uma queda de no setor de serviços de 56,1 pontos em maio para 52,8 pontos em junho, com o Consolidado recuando de 54,8 para 51,9 pontos. Vale lembrar que um resultado acima de 50 pontos representa uma condição de expansão na atividade, enquanto abaixo indica uma contração. A região tem sido afetada tanto pela alta nos preços dos alimentos quanto principalmente pelo rápido aumento dos custos de energia elétrica e combustíveis, que vem debilitando o poder de compra da população local ao mesmo tempo que reduz a lucratividade das empresas. Um resultado pior que o esperado para os PMIs pode elevar o fluxo de divisas em direção à moeda americana. Nos Estados Unidos, Devido ao feriado desta segunda-feira, os PMIs serão divulgados somente na quarta-feira (6).

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