O par real/dólar apresentou forte tendência de alta nesta segunda-feira (11), encerrando o pregão negociado a R$ 5,371, alta de 1,9%. A valorização de pouco mais de 11 centavos foi o maior ganho para a moeda americana em um dia desde 17 de junho. Já o dollar index se manteve em forte valorização e terminou o pregão cotado a 107,6 pontos, variação de +0,8% e renovando mais uma vez suas máximas em mais de 20 anos.
O mercado cambial repercutiu novamente o sentimento global de aversão ao risco com o risco de recessão da economia global, enquanto crescem as expectativas de que o Federal Reserve deve repetir a dose de aumento de 75 pontos base na decisão do próximo dia 27. Contribuiu também para a maior cautela dos investidores globais o temor de que o crescimento de casos de Covid-19 na China, com a detecção de uma nova mutação mais contagiosa da variante ômicron, possa levar a uma retomada de lockdowns mais rígidos no país. Enquanto isso, as preocupações com uma redução no fornecimento de gás natural à Europa pressionaram os mercados na região e levaram a moeda comum europeia a renovar suas mínimas em quase 20 anos.
Os mercados globais iniciaram a semana mantendo maior cautela, enquanto aguardam pelos dados do Índice de Preços ao Consumidor (CPI) dos Estados Unidos, que serão publicados na quarta-feira (13), com as projeções apontando que este deva renovar seu maior nível desde 1982. Junto disso, a divulgação de dados melhores que o esperado para o mercado de trabalho americano na última sexta-feira (8) e as declaração de membros do Fed de que a autoridade monetária deve promover mais uma forte alta na taxa básica de juros do país, tem contribuído para a maior busca dos investidores por ativos denominados em dólar.
A descoberta na China da nova subvariante BA.5.2.1 da variante ômicron da Covid-19, segundo especialistas, mais contagiosa, ameaçando o retorno de novos lockdowns no país, também afetou negativamente o humor nos mercados internacionais, e deve continuar a ser monitorada nos próximos dias. Na quinta-feira (14), o Escritório Nacional de Estatísticas da China divulgará o resultado para o PIB do país no 2º trimestre, que deve capturar os impactos imediatos do período em que os lockdowns e as medidas restritivas ocorreram de maneira mais intensa no país em 2022, entre abril e maio.
Em paralelo, na Europa, o fornecimento de gás para a região via Nord Stream 1, um dos principais gasodutos para o fornecimento de gás natural da Rússia, foi cortado hoje devido a manutenções sistemáticas e a previsão é que volte a funcionar depois do dia 23 de julho. Embora, segundo a operadora do gasoduto, o motivo oficial seja referente a uma manutenção anual de dez dias, a interrupção do fornecimento provocou algum receio entre os investidores. Há uma preocupação de que possa haver um prolongamento deste período sem o fornecimento da commodity, posto que a Rússia já interrompeu os embarques de gás natural para a Dinamarca, Finlândia, Bulgária, Holanda e Polônia e, também, reduziu o fornecimento para a Alemanha. Tal conjuntura é uma consequência destes países não terem acatado as demandas russas para que as compras do gás fossem pagas em rublos.
Vale notar que o gás natural é uma das principais fontes de energia para os países europeus. No caso da maior economia europeia, a Alemanha, 25% da sua base energética advém de gás natural. Assim, problemas significativos com o fornecimento da commodity para a região, podem pesar negativamente sobre a conjuntura econômica europeia, via deterioração do PIB e manutenção de um nível de preços ao consumidor elevado. Refletindo tais receios, observou-se uma forte deterioração do euro frente ao dólar em 2022, movimento intensificado ao longo das últimas semanas com o avanço das apostas de uma recessão global, culminando para que hoje, pela primeira vez desde 2002, a divisa europeia encostasse na paridade com o dólar.
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