Abertura de Câmbio

O par real/dólar operava em leve queda de 0,1% nas primeiras operações desta sexta-feira (15). No momento de publicação deste texto (9h50), a taxa de câmbio da moeda americana era negociada ao redor de R$ 5,42. Já no exterior, o dollar index inicia o dia registrando leve correção de 0,2%, cotado ao redor de 108,2 pontos, mas permanece próximo de suas máximas em quase duas décadas e segue para encerrar sua terceira semana consecutiva com ganhos. O mercado de divisas continua refletindo o sentimento de busca por segurança do mercado, com os investidores evitando exposição a ativos de maior risco como moedas de economias emergentes, commodities e mercados acionários. O humor dos agentes segue sendo afetado pelo resultado da maior inflação ao consumidor americano em 40 anos, que tem elevado as expectativas por uma postura mais contracionista do Federal Reserve nos próximos meses. 

Adicionava ao sentimento de cautela o fechamento em queda dos índices acionários asiáticos, que repercutiram o resultado aquém do esperado para o desempenho do PIB da China no 2º semestre, alimentando as preocupações com uma desaceleração econômica global e com uma redução na demanda do principal parceiro comercial do Brasil.

O Escritório Nacional de Estatísticas da China (NBS) divulgou na noite da quinta-feira (14) que a economia chinesa se retraiu em 2,6% no trimestre entre abril e junho em relação ao trimestre imediatamente anterior, queda mais forte que a projetada por analistas, que aguardavam uma variação de -1,5%. Este foi o primeiro resultado negativo desde a queda de 6,8% no primeiro trimestre de 2020, início da pandemia da Covid-19, e reflete as medidas adotadas pela dura política de Covid zero no país, que promoveu lockdowns em massa nos meses de abril e maio para controlar um novo aumento de infecções pelo vírus. O isolamento de parcela significativa da população de importantes polos industriais e financeiros, como Xangai, reduziu drasticamente a circulação de pessoas e sacrificou o nível de atividade da indústria e dos serviços durante o período. No comparativo com o mesmo trimestre de 2021, o PIB da China registrou um crescimento de 0,4%, abaixo das expectativas de 1,0% e pior desempenho no comparativo anual para o trimestre desde o início da série histórica, em 1992.

O NBS também informou que a indústria continuou se recuperando no mês passado, depois da retração de 2,9% em abril e leve alta de 0,7% em maio. O setor registrou um crescimento de 3,9% em junho, levemente abaixo das expectativas de avanço de 4,1% e significativamente abaixo dos 8,3% registrados no mesmo mês do ano anterior. Conforme analisado no relatório diário China Direct, produzido pela equipe de Inteligência de Mercado da StoneX em Xangai, a produção industrial relacionada ao setor de construção - que possui grande representatividade na economia chinesa -, e de bens de consumo final permaneceram fracas, enquanto a produção de bens de alto valor agregado e produtos relacionados a energias renováveis, como máquinas e equipamentos digitais e veículos elétricos, mantiveram forte ritmo de crescimento.

Nos Estados Unidos, os mercados repercutiam com alívio o conjunto de indicadores econômicos divulgados nesta manhã. De acordo com o Departamento do Censo dos Estados Unidos (Census Bureau), a Pesquisa Mensal do Comércio Varejista sugeriu melhora no desempenho do setor em junho, revertendo a frustração com os dados observados no mês anterior. A sinalização de que os consumidores continuaram a expandir seus gastos apesar da aceleração inflacionária foi recebida com otimismo e contribuía para manter os principais índices acionários de Wall Street em território positivo.  

O levantamento apontou para uma alta de 1,0% no volume de vendas do varejo ampliado (incluindo a comercialização de veículos e combustíveis), e de 0,7% nas vendas do núcleo do varejo, ambos os números acima da mediana das estimativas dos analistas, de 0,9% e -0,2% respectivamente. Os dados de maio também foram revisados, passando de uma variação no volume comercializado de -0,3% para -0,1% do varejo ampliado e de 0,1% para -0,1% do núcleo.

Reforçando a leitura favorável para o varejo, a sondagem dos consumidores elaborada pela Universidade de Michigan para a parcial de julho também mostrou melhora em relação ao verificado no final de junho, ficando acima do esperado pelos economistas. O indicador, que condensa a percepção das famílias americanas para a situação atual, assim como para suas perspectivas para os próximos meses, avançou de 50,0 pontos no último mês para 51,1 pontos, sugerindo um aumento da confiança dos consumidores.

Fontes: Banco Central do Brasil; B3; IBGE; Fipe; FGV; MDIC; IPEA e CommodityNetwork Trader’s Pro.