Abertura de Câmbio

Dólar abre a segunda em queda,
cotado ao redor de R$ 5,38
 
Leonel Oliveira Mattos
Leonardo Rossetti
Vitor Andrioli
Câmbio reflete menor aversão ao risco global

A taxa de câmbio apresentava tendência de baixa nas primeiras operações desta segunda-feira (18). No momento da publicação deste texto (09h30min), ela era negociada ao redor de R$ 5,38, recuo de 0,5% em relação ao fechamento de sexta-feira. Já o dollar index era cotado ao redor de 107,3 pontos, variação de -0,5% ante à véspera. Após a divulgação da inflação ao consumidor nos EUA provocar um pico no pessimismo global, as apostas de uma alta de um ponto percentual nas taxas de juros americanas pelo Federal Reserve estão perdendo força e, com isso, o ambiente de negócios recuperam o apetite por riscos. Contribuiu para esta melhora do humor internacional os comentários das autoridades do Federal Reserve, Christopher Weller e James Bullard, que reforçaram suas preferências por um reajuste de 0,75 p.p. neste momento. Ativos associados ao risco, como índices acionários e moedas de países emergentes, apresentavam valorização nesta manhã. Na China, a perspectiva de novos estímulos monetários para a economia do país impulsionou o mercado asiático durante a madrugada. Na agenda do dia, o ministro da Economia, Paulo Guedes, e o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, participam de evento, às 11h00min, enquanto o Ministério da Economia atualiza o resultado semanal da balança comercial do país, às 15h00min.

O dólar negociado no mercado interbancário operava em queda na manhã desta segunda-feira, impulsionado pela recuperação do apetite por riscos nos mercados internacionais. Na semana passada, após a divulgação de que o índice de preços ao consumidor (CPI) nos Estados Unidos para o mês de junho cresceu acima do esperado e atingiu 9,1% no acumulado em doze meses, o mercado de juros futuro passou a apostar, majoritariamente, em um reajuste de 1,0 ponto percentual na taxa de juros federal americana – aumento que não ocorre desde o começo dos anos 1980. Porém, as falas do membro dos Conselho dos Governadores do Fed, Christopher Weller, e do presidente do Fed de St. Louis, James Bullard, de que mantêm suas previsões de um reajuste de 0,75 p.p. na decisão de 27 de julho contribuiu para acalmar os investidores e reduzir estas perspectivas de um aumento inesperadamente agressivo pela autoridade monetária estadunidense, recuperando o desempenho de ativos arriscados, como índices acionários e moedas de países emergentes.

Probabilidade de um reajuste de 100 pontos base pelo Federal Reserve em 27 de julho
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Fonte: CME FedWatch Tool.

O real se beneficia desta conjuntura internacional positiva e recua, em linha com outras moedas pares. Contudo, a perspectiva para a moeda nacional permanece mais negativa após uma semana de forte alta e crescentes preocupações sobre o risco fiscal e político do país. Na semana passada, foi aprovada também pela Câmara dos Deputados a Proposta de Emenda à Constituição que cria diversos benefícios a menos de três meses das eleições, com custo estimado em R$ 41,25 bilhões e que não respeita a regra do teto de gastos ou prevê qualquer contrapartida pelo lado da arrecadação, a qual foi muito mal avaliada por analistas e investidores do mercado financeiro. Hoje, a divulgação do boletim Focus, do Banco Central, revela que as previsões de inflação de 2022 estão se reduzindo, porém com perspectivas crescentes para 2023.

Por fim, é digno de nota que os índices acionários asiáticos terminaram o primeiro pregão da semana em alta, sinalizando também um arrefecimento da apreensão global com a economia chinesa. Contribuiu para a retomada do apetite por risco dos agentes as perspectivas de que os bancos da China devem fornecer mais crédito para a finalização de projetos do setor imobiliário. A maior economia asiática tem preocupado analistas após o Escritório Nacional de Estatísticas da China (NBS) ter registrado na semana passada que a economia do país se retraiu em 2,6% no segundo trimestre do ano e agências reportarem a ameaça de uma nova crise imobiliária, conforme se elevou o número de pessoas que deixaram de pagar hipotecas de imóveis “pré-comprados” que enfrentam atrasos ou interrupções em suas obras. Em resposta ao “boicote” crescente da população às hipotecas, a Comissão Reguladora de Bancos e Seguros da China (CBIRC) realizou no último domingo uma solicitação formal aos bancos de crédito que estendam os empréstimos às imobiliárias para garantir a finalização de projetos inacabados, o que aliviou as preocupações do mercado com novas inadimplências.

TABELA DE INDICADORES ECONÔMICOS
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Fontes: Banco Central do Brasil; B3; IBGE; Fipe; FGV; MDIC; IPEA e CommodityNetwork Trader’s Pro.
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