O dólar negociado no mercado interbancário começou a semana em alta, acompanhando a fuga de ativos arriscados no cenário externo. A perspectiva para a moeda nacional permanece mais negativa após uma semana de forte alta e crescentes preocupações sobre o risco fiscal e político do país. Na semana passada, foi aprovada também pela Câmara dos Deputados a Proposta de Emenda à Constituição que cria diversos benefícios a menos de três meses das eleições, com custo estimado em R$ 41,25 bilhões e que não respeita a regra do teto de gastos ou prevê qualquer contrapartida pelo lado da arrecadação, a qual foi muito mal avaliada por analistas e investidores do mercado financeiro. Hoje, a divulgação do boletim Focus, do Banco Central, revelou que as previsões de inflação de 2022 estão se reduzindo, porém com perspectivas crescentes para 2023 em função dos efeitos estatísticos das medidas recentes aprovadas pelo governo federal.
No exterior, o Dollar Index, que pondera o valor da divisa americana ante uma cesta de seis moedas de economias avançadas, recuou para o menor valor em uma semana à medida que os investidores recuaram em suas apostas de que o Federal Reserve (Fed) pudesse promover um raro aumento de 1,0 ponto percentual na decisão de 27 de julho. Na semana passada, após a divulgação de que o índice de preços ao consumidor (CPI) nos Estados Unidos para o mês de junho cresceu acima do esperado e atingiu 9,1% no acumulado em doze meses, a maior parte das apostas no mercado futuro de juros indicavam um reajuste de 100 pontos base, algo que não ocorre desde o começo dos anos 1980. Porém, comentários de integrantes do Fed de que não acreditam nessa possibilidade contribuíram para acalmar os ânimos e descolar as previsões para uma alta de 0,75 p.p.
É digno de nota, também, que a agência de notícia Reuters divulgou que a fornecedora de gás natural russa Gazprom começou a informar clientes europeus que não poderá garantir o suprimento do insumo em função de circunstâncias “extraordinárias”. Em carta datada de 14 de julho, a empresa declara que todos os fornecimentos desde 14 de junho estão sob “força maior” (force majeure), termo jurídico para indicar circunstâncias extremas que podem eximir uma parte de cumprir obrigações contratuais. Analistas temem que este pode ser um indício de que o governo de Moscou pretenda reduzir ou suspender o provimento de gás para a Europa, o que pode implicar em racionamentos de energia elétrica, crise econômica e agravamento da inflação para o continente.
No cenário externo, o dollar index terminou o pregão cotado a 107,4 pontos, variação de -0,6% ante à véspera. Moedas pares do real, como a lira turca, o rand sul-africano, a rúpia indiana e o rublo russo também se desvalorizaram perante a moeda americana, e o Índice de Moedas Emergentes do J.P. Morgan terminou a sessão cotado a 49,948 pontos, variação de +0,1% frente ao término de sexta-feira.
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