cotado ao redor de R$ 5,41
O par real/dólar abriu a manhã desta terça-feira (19) em queda, porém se mantinha acima da barreira psicológica de R$ 5,40. No momento da publicação deste texto (09h30min), ele era negociado ao redor de R$ 5,41, variação de -0,3% ante à véspera. Já o dollar index era cotado ao redor de 106,6 pontos, recuo de 0,7% frente ao término de segunda-feira. O mercado de divisas repercute a expectativa pela decisão de política monetária do Banco Central Europeu (BCE), que será divulgada na quinta-feira, após o Índice de Preços ao Consumidor (CPI) da área do euro se manter em aceleração e atingir 8,6% no acumulado em 12 meses, maior valor da série histórica iniciada em 1997. Há uma crescente expectativa de que a autoridade monetária reajuste sua taxa de juros em 0,50 ponto percentual, ao invés de 0,25 p.p. sinalizado anteriormente, em função das pressões inflacionárias e receios quanto ao suprimento de gás natural do bloco de moeda unificada. No Brasil, o cenário político deve se destacar após o presidente da República e pré-candidato Jair Bolsonaro manter a ofensiva contra as instituições democráticas e convocar embaixadores e representantes diplomáticos no Brasil para repetir velhos ataques, sem provas, contra o sistema de votação brasileiro, a urna eletrônica, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e o Supremo Tribunal Federal (STF).
O dólar negociado no mercado interbancário operava em território negativo na manhã desta terça-feira, acompanhando um ambiente de enfraquecimento da moeda americana e de maior apetite por ativos arriscados. Há um ganho particularmente destacado de ativos europeus, em função das expectativas sobre a decisão de política monetária do BCE desta quinta-feira. Com a taxa de juros em nível negativo desde o início da pandemia de Covid-19 (e sem aumentar os juros desde 2011), a resistente instituição sinalizou, em sua última reunião, que pretendia elevar os juros em 0,25 p.p. em julho e em 0,50 p.p. em setembro. Contudo, nas últimas semanas, as pressões inflacionárias na área do euro se mantêm intensas, como evidenciado pela divulgação do CPI de junho de hoje, que mostrou alta acumulada em 12 meses de 8,6% – em linha com as estimativas de analistas, mas novo recorde na série iniciada em 1997. A média não evidencia a disparidade das realidades vividas pelos 19 países que usam o euro, visto que a inflação acumulada varia de 6,1%, na Malta, a 22,0%, na Estônia.
Além disso, há grande incerteza quanto à segurança energética do continente após a fornecedora de gás natural russa Gazprom começou a informar clientes europeus que não poderá garantir o suprimento do insumo em função de circunstâncias “extraordinárias”. Conforme o Diário de Petróleo de hoje, “A situação ocorre em meio à interrupção do envio do energético via Nord Stream 1 – principal gasoduto na Europa, que conecta a Rússia e a Alemanha através do Oceano Báltico – devido à necessidade de manutenção do gasoduto, que ocorre anualmente. O principal receio é de que essa movimentação feita pela estatal russa seja um indicativo de que o Nord Stream 1 deverá continuar inoperante após o prazo inicial da manutenção, marcada para ser finalizada nessa quinta-feira (21)”.
Leia o Diário de Petróleo desta terça (19) aqui: https://stonex.digital/e2885d96-a225-4a61-b837-6df6fa48cc30
No Brasil, os riscos políticos permanecem em evidência após o presidente da República e pré-candidato à reeleição Jair Bolsonaro (PL) reunir embaixadores e representantes diplomáticos no Palácio da Alvorada para fazer ataques, sem provas e com argumentos já refutados, às urnas eletrônicas, ao sistema de votação brasileiro, ao TSE e ao STF. Bolsonaro se baseou em um inquérito sigiloso da Polícia Federal sobre uma tentativa de invasão hacker à urna eletrônica em 2018, meses antes do pleito daquele ano e sem qualquer consequência sobre o voto de algum eleitor. O chefe do Executivo atacou nominalmente os ministros do TSE Roberto Barroso, Edson Fachin e Alexandre de Moraes, respectivamente, o anterior, o atual e o futuro presidentes do TSE. O presidente fez questão de destacar, novamente, que é chefe das Forças Armadas e televisionou seu discurso pela emissora pública TV Brasil. Os constantes ataques às instituições democráticas pelo líder do Executivo podem elevar a percepção de risco político associado ao Brasil, elevando a exigência de prêmio de risco por parte dos investidores, o que, por sua vez, poderia reduzir o fluxo de capital estrangeiro ao país e enfraquecer o real.
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