O dólar negociado no mercado interbancário não sustentou o movimento de queda esboçado pela manhã, ultrapassou a barreira psicológica de R$ 5,45 e encerrou o pregão no maior valor de fechamento desde 19 de janeiro deste ano, cotado a R$ 5,460. São sete sessões seguidas que a taxa de câmbio se mantém acima de R$ 5,40. A aversão ao risco do investidor internacional favoreceu os ganhos das divisas americana e europeia, enquanto se aguarda pela decisão do BCE para o primeiro aumento de sua taxa de juros desde 2011. Embora a instituição tenha sinalizado, em sua reunião anterior, que pretendia reajustar os juros em 0,25 p.p., nesta decisão, e em 0,50 p.p., em setembro, um complexo contexto macroeconômico e geopolítico dificultam a decisão do banco central. Por um lado, a aceleração de preços continua elevada, persistente e disseminada, e requer políticas econômicas contracionistas para poder reduzir as taxas de inflação. Ontem, o CPI da área do euro acumulado em 12 meses para junho atingiu 8,6%, maior patamar na série histórica com início em 1997, enquanto, hoje, o mesmo indicador no Reino Unido atingiu 9,4% em junho, maior marca desde fevereiro de 1982.
Por outro, há um temor de que a Rússia reduza ou interrompa o fornecimento de gás natural para países europeus em retaliação às sanções imposta ao país em função de sua guerra contra a Ucrânia, o que pode implicar em racionamentos de energia elétrica, crise econômica e agravamento da inflação para o continente. No último dia 14 de julho, a empresa russa Gazprom enviou carta a seus clientes europeus afirmando que não poderia garantir o suprimento do insumo em função de circunstâncias “extraordinárias”, justamente após o gasoduto Nord Stream 1 ter sido fechado para uma pausa de manutenção de 10 dias. Dada as circunstâncias, a União Europeia solicitou, hoje, que todos os seus países-membros reduzam voluntariamente em 15% a demanda por gás natural entre agosto e março, considerando-se a média do período entre 2016 e 2021.
Por fim, uma crise política na Itália traz maior instabilidade ao cenário. Hoje, o primeiro-ministro da Itália, Mario Draghi, sobreviveu ao voto de confiança no Senado de seu país, mas sofreu o boicote de dezenas de senadores dos partidos que compõem a coalizão de seu governo. Com a ruptura da coalizão, espera-se que Draghi solicite sua renúncia – pela segunda vez – ao presidente Sergio Mattarella, que deve convocar novas eleições.
No Brasil, os riscos políticos conferem suporte ao enfraquecimento do real, ao diminuir a confiança na estabilidade do ambiente econômico e político nacional. Após o presidente da República, Jair Bolsonaro, reunir embaixadores e representantes diplomáticos estrangeiros para atacar as instituições de seu próprio país, o governo norte-americano divulgou nota afirmando que as eleições brasileiras “servem de modelo para as nações do hemisfério e do mundo”. Deputados e partidos da oposição apresentaram notícia-crime contra o chefe do executivo ao STF por supostos crimes contra o Estado Democrático de Direito, crimes de responsabilidade e crime eleitoral, enquanto a Procuradoria Federal dos Direitos do Cidadão e procuradores regionais dos Direitos do Cidadão de todos os estados também enviaram ao procurador-geral da República e procurador-geral eleitoral, Augusto Aras, notícia-crime contra o presidente.
No cenário externo, o dollar index terminou o dia cotado a 107,1 pontos, variação de +0,4% ante à véspera. Moedas pares do real, como o peso colombiano, o peso mexicano, a lira turca, o rand sul-africano e a rúpia indiana também se valorizaram perante a moeda americana, e o Índice de Moedas Emergentes do J.P. Morgan terminou a sessão cotado a 50,292 pontos, recuo de 0,1% frente ao término de terça-feira.
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