O dólar negociado no mercado interbancário manteve sua sequência de elevação e chegou a ultrapassar a marca de R$ 5,50 em suas máximas, fechando o pregão a R$ 5,497. O enfraquecimento da moeda brasileira nos meses de junho e julho é tão intensa que quase anula o ganho acumulado no ano – a última cotação de 2021 foi R$ 5,574. A tendência de aceleração de preços alta, persistente e disseminada pelo globo está forçando os bancos centrais das economias avançadas a promoverem uma política de aperto monetário a fim de tentar restabelecer a estabilidade de preços, o que, por sua vez, contribui para atrair investimentos para as divisas desses países e desvalorizar as moedas de economias emergentes.
Hoje, o Banco Central Europeu elevou sua taxa de juros pela primeira vez em onze anos, passando-a de -0,50% a.a. para 0,00% a.a e prometendo prevenir uma nova crise da dívida no continente. Apesar de ter sinalizado um reajuste de 0,25 p.p. para a decisão de hoje em seu último comunicado, o banco central afirmou, em nota, que “julgou que era apropriado dar um primeiro passo maior na trajetória de normalização monetária” por conta da aceleração de preços acima do esperado e para apoiar seu novo programa de aquisição de ativos. Da mesma forma, a instituição preferiu não sinalizar como antevê sua próxima decisão, afirmando que “a antecipação de hoje da saída dos juros negativos permite que o comitê executivo passe a uma postura de decisões de juros reunião-a-reunião”. O ambiente de altas taxas de inflação e difícil contexto geopolítico tem dificultado a divulgação de “foward guidance” para diversos bancos centrais.
Os custos do financiamento dos títulos públicos de vários países mais endividados da União Europeia se encontram em ascensão, tendência que se acentuou após a crise política na Itália. O comitê executivo do BCE declarou que iria “garantir a transmissão suave de sua postura de política monetária” através de um novo programa (chamado de Instrumento de Proteção de Transmissão) designado a enfrentar qualquer elevação nos rendimentos de títulos de países individuais para “além do nível justificado por fundamentos econômicos”.
No Brasil, os riscos políticos conferem suporte ao enfraquecimento do real, ao diminuir a confiança na estabilidade do ambiente econômico e político nacional. O acirramento dos ataques às instituições democráticas pelo presidente da República, Jair Bolsonaro, a ampliação expressiva do déficit público nos meses finais de seu mandato – tanto pela expansão de gastos com despesas públicas e programas sociais como pelo aumento de renúncias fiscais –, bem como uma percepção mais alta de polarização política em geral, podem resultar em uma maior atribuição de riscos a ativos brasileiros e em maior exigência de prêmios de riscos maiores por investidores e, por consequência, reduzir a entrada de capital estrangeiro no país.
No cenário externo, o dollar index terminou o dia cotado a 106,7 pontos, recuo de 0,3% em relação ao fechamento de quarta-feira. Moedas pares do real, como o peso chileno, o peso colombiano, o peso mexicano, a lira turca, e o rublo russo também se valorizaram perante a moeda americana, e o Índice de Moedas Emergentes do J.P. Morgan terminou a sessão cotado a 49,976 pontos, variação de -0,1% ante à véspera.
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