Fechamento de Câmbio

Dólar tem forte baixa nesta terça e encerra abaixo de R$ 5,10
 
Leonel Oliveira Mattos
Leonardo Rossetti
Vitor Andrioli
SINAIS DE DESAQUECIMENTO NOS ESTADOS UNIDOS LEVAM A REVISÃO NAS EXPECTATIVAS PARA A TAXA DE JUROS AMERICANA
A divulgação de indicadores aquém do esperado para a economia americana, e sua repercussão sobre as expectativas para as próximas decisões de política monetária do Federal Reserve, resultou em pressão sobre a moeda americana nesta terça-feira (23). Após abrir o dia em baixa moderada de 0,4%, oscilando em torno de R$ 5,14, o par real/dólar despencou no final da manhã em reação à queda nas prévias dos PMIs da indústria e do setor de serviços nos Estados Unidos e à contração expressiva das vendas de novas residências no país, levando as cotações da taxa de câmbio da moeda brasileira a operar próximas de R$ 5,08 nas mínimas da sessão. No encerramento, o dólar à vista era cotado a R$ 5,099, em baixa diária de 1,3%. 
Variações | No dia: -1,26% | Na semana: -1,35% | No mês: -1,43% | No ano: -8,52% | Em 12 meses: -1,50% |

PMIs abaixo do esperado O cenário externo predominou sobre os movimentos do mercado de câmbio hoje. O dólar se enfraqueceu na sessão de hoje após a prévia do Índice Gerente de Compras (PMI) consolidado para os Estados Unidos recuar pelo segundo mês seguido, passando de 47,7 pontos em julho para 45,0 pontos em agosto, seu menor valor em 27 meses e variação negativa mais intensa desde maio de 2020. A leitura do indicador surpreendeu os analistas, que esperavam uma alta para 49,2 pontos, e sugerem que a demanda por bens e serviços no país tenha sido afetada por fortes pressões inflacionárias, além da escassez de insumos, atrasos em entregas, e por custos de financiamento mais elevados segundo a S&P Global, que publica o índice. Desagregando o PMI consolidado, observa-se uma retração mais forte e inesperada do setor de serviços, que passou de 47,3 pontos em julho para 44,1 pontos este mês, contrariando as projeções do mercado de uma recuperação para 49,0 pontos. Leituras abaixo de 50 pontos do indicador representam uma contração do setor no comparativo com as condições observadas no mês anterior.

Arrefecimento do mercado imobiliário Contribuiu para o ambiente de cautela e aversão aos riscos, também, a queda nas vendas de novas residências nos Estados Unidos. Nesta terça-feira, dados do Departamento do Comércio americano mostraram que as vendas anualizadas de novas residências se reduziram para 511 mil no mês de julho, significativamente abaixo da mediana das estimativas de analistas, que apontava para 575 mil vendas. As vendas se reduziram em 29,6% frente a julho do ano passado, e este é o menor patamar desde janeiro de 2016. A desaceleração do setor imobiliário americano está ocorrendo em um ritmo maior que o antecipado, consequência de preços crescentes de venda e de taxas maiores de financiamento imobiliário. O preço médio da residência vendida em julho foi de US$ 546,800, 18,33% acima do mesmo período do ano passado, ao passo que a taxa de juros pré-fixada de hipotecas de 30 anos está em 5,13% a.a., ante 3,22% a.a. no começo de 2022.

Impacto sobre as próximas decisões do Fed O desaquecimento do nível de atividade e do mercado imobiliário tende a reduzir o raio de manobra do Federal Reserve, que busca estabilizar os preços sem provocar uma recessão na economia americana. Se, por um lado, uma redução da demanda é uma consequência esperada pelo Fed, por outro isso pode implicar em maior vulnerabilidade da atividade produtiva aos próximos reajustes de juros que a autoridade monetária pretende realizar. Evidências de uma desaceleração mais acentuada podem contribuir para a antecipação do fim do ciclo de alta de juros da autoridade monetária e atenuar a trajetória futura da taxa. Juros menores ao final desse ciclo ampliam a diferença de rentabilidade de investimentos no Brasil, o que favorece a atratividade do mercado local e estimula a entrada de capitais.

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