Apesar de abrir abaixo do término de ontem, o par real/dólar apresentava tendência de elevação nas primeiras operações desta quarta-feira (23). No momento da publicação deste texto (09h30min), ele era negociado ao redor de R$ 5,37, recuo de 0,2% em relação ao fechamento de terça-feira. O mercado de divisas repercute a elevação do pessimismo relacionado à chamada Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da Transição, após o texto final não ter sido apresentado ontem, conforme anteriormente antecipado. Analistas apontam que a proposta estaria encontrando forte resistência de congressistas, o que prolonga as dúvidas sobre a trajetória das contas públicas para o próximo ano. Adicionalmente, o pedido do Partido Liberal (PL), do presidente Jair Bolsonaro, para anular mais da metade dos votos do segundo turno das eleições de outubro ampliaram a percepção de riscos políticos de ativos brasileiros. Vale ressaltar, ainda, a expectativa pela divulgação da ata da decisão de política monetária do Federal Reserve, às 16h00min. Na agenda do dia, o Departamento de Trabalho americano atualiza os pedidos semanais de seguro desemprego, às 10h30min, o Departamento do Censo dos EUA informa os pedidos de bens duráveis de outubro, às 10h30min, a S&P Global divulga a prévia dos Índices Gerentes de Compra (PMI) dos Estados Unidos, às 11h45min, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, participa de evento às 12h30min, e o Banco Central atualiza o fluxo cambial semanal, às 14h30min.
Riscos fiscais e políticos no Brasil O dólar negociado no mercado interbancário operava em alta frente ao real na manhã desta quarta-feira, refletindo um clima de cautela e aversão ao risco no mercado em função de incertezas políticas e sobre o arcabouço fiscal do próximo governo. O principal ponto de discussão entre investidores se trata da PEC da Transição, estimada preliminarmente em R$ 198 bilhões ao ano. O texto tem sua divulgação aguardada devido a indefinições quanto à duração da remoção do Bolsa Família do teto de gastos, se haverá um espaço delimitado no orçamento para receitas extraordinárias e o montante exato que a proposta definirá. Caso o valor estabelecido seja o previsto na minuta da PEC e o prazo vá além do primeiro ano do governo de Lula, a tendência será de desvalorização dos ativos brasileiros. O temor dos investidores é que a nova configuração orçamentária leve a um aumento da dívida pública nos anos seguintes. Adicionalmente, contribui para o cenário de menor apetite por risco no Brasil o pedido do Partido Liberal de invalidação de 59% dos votos do segundo turno das eleições de outubro, realizado ontem (22). O Partido afirma ter identificado “evidências contundentes do mau funcionamento de urnas eletrônicas”, o que é contestado por especialistas.
Ata do FOMC No exterior, os agentes aguardam pela divulgação da ata da última decisão de política monetária do Comitê Federal de Mercado Aberto (FOMC), do Federal Reserve. Após quatro reajustes consecutivos de 0,75 p.p., o FOMC anunciou em sua última decisão que o momento de moderar o ritmo de aumentos estaria próximo. Desta forma, analistas esperam que o documento traga mais informações acerca do debate sobre os riscos que a manutenção de altas agressivas de juros trariam para a economia estadunidense, e como os seus membros estariam ponderando a urgência do combate inflacionário perante tais riscos. Adicionalmente, espera-se que a ata traga alguma referência ao nível final de taxa de juros quando se finalizar o ciclo de aperto monetário, embora essa referência não deva ser numérica.
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