A taxa de câmbio alternava perdas e ganhos nas primeiras operações desta sexta-feira (20). No momento da publicação deste texto (09h30min), ela era negociada ao redor de R$ 5,19, variação de +0,3% ante à véspera. Já o dollar index era cotado ao redor de 102,4 pontos, alta de 0,3% em relação ao fechamento de quinta-feira. O mercado de divisas repercute os temores de investidores internacionais com aperto monetário pelos bancos centrais das principais economias mundiais, após autoridades do Federal Reserve (Fed) defenderem persistir com mais altas de juros nos Estados Unidos para recuperar a estabilidade de preços e a inflação ao consumidor no Japão atingir a maior marca em 41 anos. No Brasil, analistas permanecem receosos com o cenário doméstico após uma semana marcada por declarações do presidente Luis Inácio Lula da Silva que ampliaram os temores fiscais de agentes de mercado. Na agenda do dia, a presidenta do Banco Central Europeu, Christine Lagarde, palestrou às 07h00min, o presidente do Fed de Philadelphia, Patrick Harker, discursa às 11h00min, o membro do Conselho de Governadores do Fed, Christopher Waller, profere palestra às 15h00min, e a Comissão de Negociação de Futuros de Commodities (CFTC) atualiza a posição semanal dos agentes de mercado, às 17h30min.
Inflação mais persistente no exterior O dólar negociado no mercado interbancário operava em alta na manhã desta sexta, repercutindo falas de autoridades do Federal Reserve John Williams e Lael Brainard, que reforçaram o risco de maior resiliência do avanço inflacionário no país durante 2023. Os representantes da autarquia sinalizaram que o Fed deve continuar o aumento da taxa de juros até atingir um patamar ligeiramente maior que o previsto pelos membros do Comitê Federal de Mercado Aberto (FOMC) em sua última reunião, na qual a maioria dos dirigentes previu uma taxa próxima do intervalo entre 5% e 5,25% ao ano. Adicionalmente, no Japão, o nível de preços avançou 4% em dezembro na comparação com o mesmo mês no ano anterior, a nona elevação mensal consecutiva e maior alta observada para o país em mais de 40 anos. Dessa forma, os investidores, movidos pela aversão ao risco num cenário incerto, seguem um movimento de busca por ativos de segurança, fortalecendo o dólar e alavancando o Dollar Index.
Percepção de risco no país No Brasil, os investidores operavam em compasso de espera, observando as autoridades de Brasília, após uma semana de declarações do presidente Luis Inácio Lula da Silva que ampliaram as percepções de risco fiscal de ativos brasileiros. Nesta semana, Lula solicitou que diversos ministérios da Esplanada elaborem uma proposta para instituir uma política de valorização do salário-mínimo, declarou que intenciona elevar a faixa de isenção do Imposto de Renda para R$ 5.000 e, genericamente, aumentar o tributos para as parcelas mais ricas, criticou o conceito de independência do Banco Central e os patamares atuais da meta de inflação, por serem excessivamente restritivas, e, por fim, tornou a contrapor os conceitos de estabilidade fiscal e de estabilidade social, sugerindo que seu governo poderia prejudicar a sustentabilidade das contas públicas para elevar os investimentos em programas sociais.
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