Resumo Semanal de Câmbio

Câmbio encerra a semana em alta, cotado a R$ 5,146
 
Leonel Oliveira Mattos
Leonardo Rossetti
Vitor Andrioli
Semana foi marcada por decisões de BCs e dados acima do esperado nos EUA
fatores altistas
  • Leituras acima do esperado para indicadores de mercado de trabalho americanos podem reforçar os receios de que a inflação se manterá elevada por mais tempo no país e o Federal Reserve precisará manter seu aperto monetário por mais tempo, fortalecendo a moeda americana.

  • Seguidas críticas de Lula ao Banco Central e constante mudança de pautas econômicas por parte do presidente provoca volatilidade exacerbada e amplia a percepção de riscos pelos investidores, podendo enfraquecer o real

  • Perspectivas econômicas europeias seguem aprimorando, atraindo investimentos para o continente e fortalecendo o euro diante de outras divisas.

fatores baixistas
  • Fala de autoridades do Federal Reserve pode reforçar a sensação de que a instituição está moderando seu aperto monetário deste ponto em diante, ampliando o apetite por ativos arriscados.

  • Ata da decisão do Copom deve trazer informações adicionais sobre a decisão de se postergar os cortes à taxa de juros de intensificar os alertas sobre riscos fiscais provocados pelas incertezas quanto à política fiscal do novo governo, podendo fortalecer o real.

O dólar negociado no mercado interbancário encerrou a sessão desta sexta-feira (03) cotado a R$ 5,146, aumento de 0,6% na semana, 1,4% no mês, porém recuo de 2,5% no ano. Já o dollar index fechou o pregão cotado a 102,8 pontos, variação de +1,0% na semana, +0,8% no mês e -0,5% no ano. A semana foi marcada por decisões de política monetária dos Bancos Centrais do Brasil (BC), Estados Unidos, Europeu e da Inglaterra, leituras acima do esperado para indicadores econômicos americanos e críticas do presidente Luis Inácio Lula da Silva à independência do BC e às metas de inflação.

Dólar comercial (US$/R$) e Dollar Index (pontos)
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Fonte: CommodityNetwork Traders’ Pro. Elaboração: StoneX.

 

O MAIS IMPORTANTE: moderação do Fed vs. dados econômicos surpreendentes

Impacto no USDBRL: indefinido

O foco das atenções nesta semana serão as falas e comentários públicos de autoridades do Federal Reserve (Fed) após a decisão de política monetária da última quarta-feira (01) e de dados econômicos surpreendentes da última sexta-feira (03). Na reunião da semana anterior, o Comitê Federal de Política Monetária (FOMC) do Fed decidiu prosseguir reduzindo o ritmo de altas à taxa básica de juros (fed funds rate), reajustando-a em 0,25 p.p. para o intervalo entre 4,50% e 4,75% a.a. Tal aumento foi oitavo consecutivo aos juros americanos e constitui o maior e mais rápido aperto monetário das últimas quatro décadas. Ao mesmo tempo, a decisão do FOMC impulsionou uma onda de otimismo e apetite por ativos arriscados ao ser percebida como uma moderação de fato da atuação do Fed no combate ao desafio inflacionário do país, visto que, em novembro, o reajuste havia sido de 75 pontos base e, em dezembro, 50 pontos base. Assim, se o Comitê julgou, de forma unânime, que 25 pontos base são suficientes neste instante, os operadores financeiros implicitamente avaliam que um processo desinflacionário já está em curso e que o FOMC não precisará elevar muito mais os juros para recuperar a estabilização de preços.

A queda da inflação estadunidense observada até aqui – de 9,1% no acumulado em 12 meses em junho para 6,5% em dezembro – ocorreu em condições econômicas bastante favoráveis, a saber, crescimento do PIB positivo, mercado de trabalho em expansão, demanda do consumidor resiliente e relativa sustentação dos valores de ativos arriscados. Este cenário gerou expectativas de que um “pouso suave” da economia pudesse ocorrer, isto é, recuperar a estabilidade de preços sem provocar uma recessão econômica ou elevar demasiadamente a taxa de desemprego. Contudo, diversos analistas alertam que, em períodos de aceleração intensa, persistente e disseminada de preços do passado, a redução das taxas de inflação só ocorreu após um longo processo recessivo.

A possibilidade de um “pouso suave” pareceu mais distante depois da publicação do Relatório da Situação de Emprego e do Índice Gerente de Compras (PMI) de serviços, na última sexta-feira (03). O primeiro mostrou que, em janeiro, foram criados 517 mil novos empregos, muito acima da mediana das estimativas, de 185 mil, e que a taxa de desemprego baixou para 3,4%, o mais baixo desde maio de 1969. Já o PMI de serviços, informado pelo instituto ISM, se elevou de 49,2 pontos em dezembro para 55,2 pontos em janeiro (50 pontos dividem contração de expansão), significativamente acima da mediana das estimativas, que apontava para uma leitura de 50,4 pontos. O desempenho surpreendentemente forte dos indicadores reacendeu alertas de que a economia americana permaneça em expansão, saudável, sustentando o nível da demanda agregada – e dificultando, portanto, o desafio de recuperar a estabilidade de preços, que exigirá juros ainda maiores. Dessa forma, o foco das atenções estará em ouvir o diagnóstico e as sugestões das autoridades que compõem o Fed. Estão programados para se pronunciarem na próxima semana o presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, o membro do Conselho de Governadores do Fed, Michael Barr, o presidente do Fed de New York, John Williams, o membro do Conselho de Governadores do Fed, Christopher Waller, e o presidente do Fed de Philadelphia, Patrick Harker.

Variação efetiva na taxa federal de juros dos Estados Unidos
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Fonte: Bank for International Settlements (BIS). Elaboração: StoneX.
Apostas para a decisão de juros do Federal Reserve de 22 de março
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Fonte: CME FedWatch Tool. Elaboração: StoneX.   Probabilidades no mercado futuro de juros com referência a 03 de fevereiro de 2023
Histórico da taxa de juros americana e aposta com maior probabilidade no mercado futuro de juros
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Fonte: CME FedWatch Tool. Elaboração: StoneX.   Probabilidades no mercado futuro de juros com referência a 03 de fevereiro de 2023
 
A Europa e o euro seguem ganhando força

Impacto no USDBRL: altista

É digno de nota, também, a mudança de perspectivas para o cenário econômico europeu em relação ao último trimestre do ano passado, impulsionando o euro a atingir máximas de dez meses em relação ao dólar. Em primeiro lugar, os custos de insumos energéticos diminuíram significativamente após um inverno ameno, que permitiu um consumo reduzido, recuperando o saldo comercial do bloco europeu. Além disso, a deflagração da guerra entre Rússia e Ucrânia levou os países do continente a aumentar suas despesas fiscais, particularmente para suavizar os efeitos momentâneos dos custos energéticos elevados. Adicionalmente, a entrada de capital estrangeiro se avolumou após as perspectivas de melhora econômica europeia e de estreitamento do diferencial de juros entre Europa e Estados Unidos. Por fim, o processo de reabertura econômica na China ampliou as projeções de exportações do bloco europeu, tornando-o um destino ainda mais atraente para investimentos.

 

Críticas econômicas de Lula

Impacto no USDBRL: altista

Os agentes de mercado também estarão atentos a possíveis declarações e comentários de autoridades brasileiras a respeito de temas da pauta econômica, especialmente do presidente Luis Inácio Lula da Silva. Após a aprovação do Orçamento para 2023, por meio de emenda constitucional, e da indicação do time ministerial, a equipe econômica tem se esforçado para manter o debate público focado em dois temas: a definição de novas regras fiscais junto ao Legislativo e uma possível reforma tributária. O presidente Lula, entretanto, tem sido pródigo em desviar as atenções para uma diversidade de tópicos, como o valor do salário-mínimo (que já havia sido definido, mas não foi adotado), as faixas de Imposto de Renda, uma proposta de moeda comum com a Argentina, a participação do BNDES em financiamentos estrangeiros, as metas de inflação atuais, o nível da taxa básica de juros (Selic), a independência do Banco Central e a necessidade de se seguir uma estabilidade fiscal. As críticas de Lula quanto à política monetária e à independência do BC têm provocado insegurança nos investidores quanto à habilidade da instituição em perseguir a estabilidade de preços no longo prazo. Além disso, a constante mudança de pautas econômicas por parte do presidente provoca volatilidade exacerbada dos ativos brasileiros, aumentando os temores dos agentes de mercado de que as políticas monetária e fiscal sejam determinadas por critérios políticos em vez de técnicos e ampliando a percepção de risco por parte de investidores.

 

Ata da decisão do Copom e IPCA

Impacto no USDBRL: baixista

Por fim, é digno de nota a divulgação da ata do Comitê de Política Monetária (Copom), que deve trazer algumas informações adicionais a respeito da decisão de se postergar os cortes à taxa básica de juros (Selic) para assegurar o processo de desinflação no país e de intensificar seus alertas sobre os impactos inflacionários dos riscos fiscais provocados pelas incertezas quanto à política fiscal do novo governo. Adicionalmente, analistas aguardam pelo primeiro Boletim Focus após a decisão do Comitê e pela divulgação do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de janeiro, cuja mediana das expectativas aponta para um crescimento de 0,55% no mês e de 5,7% no acumulado anual.

 

 

 

 

 

 
tabela de indicadores
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Fontes: Banco Central do Brasil; B3; IBGE; Fipe; FGV; MDIC; IPEA e CommodityNetwork Trader’s Pro.
 
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