Fechamento de Câmbio

Dólar fecha a segunda em alta, cotado a R$ 5,175
 
Leonel Oliveira Mattos
Alan Lima
Vitor Andrioli
Câmbio reflete críticas de Lula ao BC e cautela sobre Fed
A taxa de câmbio se manteve em elevação durante toda esta segunda-feira (06), e encerrou a sessão negociada a R$ 5,175, alta de 0,6% em relação ao fechamento de sexta-feira. Já o dollar index terminou o pregão cotado a 103,6 pontos, variação de +0,6% ante à véspera. O mercado de divisas repercute o ambiente de tensão entre o Executivo e o Banco Central, após reiteradas críticas do presidente da República, Luis Inácio Lula da Silva, à independência da autoridade monetária, ao patamar atual dos juros no país e às metas correntes de inflação. No exterior, a moeda americana se valorizava na esteira da leitura de indicadores econômicos aquecidos para os Estados Unidos, o que, por sua vez, eleva a probabilidade de o Federal Reserve prolongar o ciclo de aumento de juros no país.
Variações | No dia: +0,57% | Na semana: +0,57% | No mês: +1,95% | No ano: -1,99% | Em 12 meses: -1,51% |

Novas críticas de Lula O dólar negociado no mercado interbancário fechou em alta nesta segunda-feira, repercutindo o ambiente de tensão entre o Executivo e o Banco Central após seguidas críticas de Lula à independência da autoridade monetária, ao patamar atual das taxas de juros e ao nível corrente das metas de inflação. Reportagem da Folha de São Paulo deste fim de semana afirma que o presidente da República considera que o presidente do BC, Roberto Campos Neto, “traiu a confiança” que o governo depositava nele para tentar resolver de forma conjunta os desafios econômicos atuais sem recorrer a uma política monetária restritiva. Hoje, novamente, Lula voltou a declarar que é “uma vergonha esse aumento de juros e explicação que o BC deu para a sociedade”. Estas críticas amplificam os ruídos, as incertezas e as inseguranças de investidores quanto à habilidade do Banco Central de perseguir a estabilidade de preços no longo prazo. Além disso, a constante mudança de foco em relação a pautas econômicas por parte do presidente da República provoca volatilidade exacerbada dos ativos brasileiros, aumentando os temores dos agentes de mercado de que as políticas monetária e fiscal sejam determinadas por critérios políticos ao invés de técnicos e ampliando a aversão ao risco.

Economia americana aquecida Contribuiu para o enfraquecimento do real, também, o fortalecimento da moeda americana no exterior, que, por sua vez, repercute a divulgação de indicadores econômicos acima do estimado na última sexta-feira. Primeiramente, o Relatório da Situação do Emprego mostrou que, em janeiro, foram criados 517 mil novos empregos, muito acima da mediana das estimativas, de 185 mil, e que a taxa de desemprego baixou para 3,4%, o valor mais baixo desde maio de 1969. Adicionalmente, o Índice Gerente de Compras (PMI) de serviços, informado pelo instituto ISM, se elevou de 49,2 pontos em dezembro para 55,2 pontos em janeiro (50 pontos dividem contração de expansão), significativamente acima da mediana das estimativas, que apontava para uma leitura de 50,4 pontos. O desempenho surpreendentemente forte dos indicadores reacendeu alertas de que a economia americana permaneça em expansão, saudável, sustentando o nível da demanda agregada – e dificultando, portanto, o desafio de recuperar a estabilidade de preços, que exigirá juros ainda maiores.

Mercado de moedas No cenário externo, o dollar index terminou o pregão cotado a 103,6 pontos, variação de +0,6% ante à véspera. Moedas pares do real, como o peso chileno, o peso colombiano, o peso mexicano, a lira turca, o rand sul-africano, a rúpia indiana e o rublo russo também se desvalorizaram diante da divisa americana, e o Índice de Moedas Emergentes do J.P. Morgan terminou a sessão cotado a 50,589 pontos, recuo de 0,4% em relação ao fechamento de sexta-feira.

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