A taxa de câmbio alternava entre perdas e ganhos nas primeiras operações desta quarta-feira (15). No momento da publicação deste texto, ela era negociada ao redor de R$ 5,20, praticamente estável em relação ao fechamento de terça-feira. Já o dollar index era cotado ao redor de 103,6 pontos, variação de +0,3% ante à véspera. O mercado de divisas repercute a ansiedade, insegurança e dúvida dos investidores a respeito do relacionamento entre o governo federal e o Banco Central. Amanhã ocorrerá a reunião do Conselho Monetário Nacional e tanto o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, quanto o presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, já afirmaram que as metas de inflação não estão na pauta de discussão. Contudo, reportagem da Agência Estado de ontem afirma que o presidente da República, Luis Inácio Lula da Silva, haveria, supostamente, comunicado à sua equipe econômica que deseja elevar a meta de inflação de 2023 de 3,25% para 4,25%. No exterior, a divulgação das vendas do varejo americano de janeiro, às 10h30min, e da produção industrial do mesmo mês, às 11h15min, devem complementar a leitura conjuntural da economia do país após os dados de inflação ao consumidor se mostrarem mais altos que o estimado no pregão de ontem. Na agenda do dia, a Eurostat divulgou a produção industrial da área do euro, às 07h00min, e a balança comercial do bloco europeu de dezembro, às 07h00min, a presidenta do Banco Central Europeu, Christine Lagarde, discursa às 11h00min, e o BC atualiza o fluxo cambial, às 14h30min.
Temores de interferência no BC O dólar negociado no mercado interbancário apresenta suave tendência de alta na manhã desta quarta-feira, refletindo um ambiente de pouco apetite por riscos e insegurança por parte dos agentes de mercado. Ontem a taxa de câmbio subiu após reportagem da Agência Estado, baseada em fontes anônimas, afirmar que o presidente Lula avisou sua equipe econômica que deseja aumentar a meta de inflação de 2023 de 3,25% para 4,25%, de forma a permitir a redução dos juros Selic de 13,75% a.a. para 13,00% a.a. até o final do ano. Entretanto, para a reunião do CMN de amanhã, tanto Campos Neto quanto Haddad alegam que a meta de inflação não fará parte da pauta de discussão. O Banco Central tem sido alvo de críticas contundente há quase um mês por parte do presidente da República e de parlamentares da base aliada, alimentando temores de que o Executivo irá interferir politicamente na gestão dos instrumentos monetários do BC.
Economia aquecida nos EUA Adicionalmente, serve como fator de atenção aos investidores nesta manhã a divulgação dos resultados de vendas do varejo e da produção industrial de janeiro nos Estados Unidos. Tais indicadores complementarão a leitura do cenário econômico atual após o Índice de Preços ao Consumidor (CPI) do último mês ter caído menos que o esperado, chegando a 0,5% no comparativo mensal – contra o valor de 0,1% observado em dezembro – e aumentando as apostas dos agentes na prolongação do aperto monetário do Federal Reserve. O Departamento do Censo dos Estados Unidos publicou nesta manhã que as vendas do varejo para janeiro aumentaram em 3% em comparação com o mês anterior, acima da mediana das estimativas (1,7%), reforçando leitura de que a economia estadunidense ainda se encontra excessivamente aquecida para que o Fed tenha a margem necessária para diminuir sua taxa básica. Complementarmente, para a divulgação do resultado da produção industrial do primeiro mês de 2023, espera-se um crescimento de 0,5% no comparativo mensal e, caso o indicador ultrapasse essa taxa, os investidores devem continuar com a percepção de maior persistência da inflação e seguir a tendência de aversão ao risco, o que provoca uma maior procura por ativos de segurança como o dólar.
TABELA DE INDICADORES ECONÔMICOS
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