Resumo Semanal de Câmbio

Câmbio encerra a semana em alta, cotado a R$ 5,199
 
Leonel Oliveira Mattos
Alan Lima
Vitor Andrioli
Semana foi marcada por feriados e pressões inflacionárias nos Estados Unidos
fatores altistas
  • Indefinições e divergências em decisões importantes de política fiscal e monetária pelo governo Lula provocam volatilidade exacerbada e ampliam a percepção de riscos pelos investidores, podendo enfraquecer o real.

  • Fala de autoridades do Federal Reserve em defesa da manutenção de um rígido aperto monetário para recuperar a estabilidade de preços tende a reduzir o apetite por ativos arriscados e fortalecer a moeda americana.

  • Leituras acima do esperado para indicadores econômicos americanos podem reforçar os receios de que a inflação se manterá elevada por mais tempo no país e o Federal Reserve precisará manter seu aperto monetário por mais tempo, fortalecendo a moeda americana.

fatores baixistas
  • Fluxos cambial positivo, resultado de elevado apetite estrangeiro por ativos brasileiros e geração e de saldos comerciais superavitários, contribuem para o fortalecimento do real.

  • Leituras acima do esperado para indicadores econômicos brasileiros podem reforçar apetite estrangeiro por ativos brasileiros e contribuir para a valorização do real.

O dólar negociado no mercado interbancário encerrou a sessão desta sexta-feira (24) cotado a R$ 5,199, variação de +0,7% na semana, +2,4% no mês e de -1,5% no ano. Já o dollar index fechou o pregão cotado a 105,1 pontos, aumento de 1,3% na semana, 3,1% no mês e 1,8% no ano. A semana, encurtada por feriados nos Estados Unidos e no Brasil, foi marcada pela agenda esvaziada e pela divulgação de dados econômicos americanos que reforçaram a interpretação de que o desafio inflacionário está longe de ser superado e o Federal Reserve (Fed) ainda necessitará manter seu rígido aperto monetário por um extenso período.

Dólar comercial (US$/R$) e Dollar Index (pontos)
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Fonte: CommodityNetwork Traders’ Pro. Elaboração: StoneX.

 

O MAIS IMPORTANTE: Critérios técnicos e políticos na política econômica brasileira

Impacto no USDBRL: altista

O foco das atenções na próxima semana deve ser a disputa entre alas internas do governo federal em decisões importantes de política fiscal e monetária. Primeiramente, há uma incerteza sobre a reoneração de impostos federais sobre a gasolina e o etanol hidratado, em que pese a Medida Provisória que estendeu sua isenção se encerrar na próxima terça-feira (28). Ao passo que o Ministério da Fazenda defende que os impostos devem ser reonerados imediatamente, outras autoridades defendem que a isenção seja prorrogada até abril. Na quinta e sexta-feira da última semana (23 e 24 de fevereiro), o presidente da República, Luis Inácio Lula da Silva, teve agenda com o presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, o secretário-executivo da Fazenda, Gabriel Galípolo, e o ministro da Casa Civil, Rui Costa, porém não foi divulgado o resultado desses encontros. A reoneração trará impactos inflacionários, seja no mês de março ou seja no mês de abril, porém a extensão da isenção prejudica a arrecadação do setor público e pode transmitir uma mensagem de pouca preocupação com a sustentabilidade fiscal meramente por desejo político. Segundo cálculos da Fazenda, apenas a isenção de PIS/Cofins custa R$ 28,9 bilhões ao mês aos cofres públicos.

Adicionalmente, na terça-feira, 28, encerrará o mandato dos diretores de Política Monetária e de Fiscalização do Banco Central, a saber, Bruno Serra Fernandes e Paulo Souza. Em meio a um contexto recente de atritos entre o Executivo e o Banco Central (em que pese a trégua recente da semana do Carnaval), a escolha do novo diretor de Política Monetária preocupa analistas, visto que é um cargo, em tese, com responsabilidades e capacidade de influência sobre a trajetória da taxa básica de juros (Selic) para os próximos quatro anos. Serra, por sua vez, já se mostrou disposto a permanecer interinamente até o próximo candidato ser aprovado pelo Congresso.

Discurso linha-dura de integrantes do Federal Reserve

Impacto no USDBRL: altista

Na semana passada, chamou a atenção de investidores a publicação da ata da decisão de política monetária do Comitê Federal de Mercado Aberto (FOMC), especialmente pelo que o documento não falou. Imediatamente após a decisão do Comitê de reduzir o ritmo de alta de juros, em 01 de fevereiro, passando de um reajuste de 0,50 p.p. em dezembro para um de 0,25 p.p., o presidente do Fed, Jerome Powell, justificou a medida mencionando “desinflação” ou “processo desinflacionário” 15 vezes em sua coletiva de imprensa. Já a ata da mesma decisão, divulgada na quarta-feira (22), não mencionou nenhum dos termos uma vez sequer. Após a sequência de indicadores econômicos acima do esperado para o mês de janeiro, há analistas que questionam a decisão tomada pelo FOMC como prematura, sugerindo que o Comitê deveria ter mantido a alta de juros em 50 pontos base na decisão de fevereiro e, argumentam, possivelmente elevar o ajuste para 0,50 p.p. em março. Nesse sentido, será importante observar os comentários das autoridades que integram o Federal Reserve e suas percepções sobre a conjuntura do país e sobre a estratégia mais adequada para os juros americanos. Estão programados para se pronunciarem na próxima semana o membro do Conselho de Governadores do Fed, Philip Jefferson, o membro do Conselho de Governadores do Fed, Christopher Waller, o presidente do Fed de Atlanta, Raphael Bostic, a membra do Conselho de Governadores do Fed, Michelle Bowman, e o presidente do Fed de Richmond, Tom Barkin.

Dados econômicos nos Estados Unidos

Impacto no USDBRL: altista

Os indicadores econômicos americanos do mês de janeiro trouxeram diversas surpresas para investidores, em geral, superando as estimativas de especialistas: geração de empregos, Índice Gerente de Compras (PMI) de serviços, vendas do varejos e métricas inflacionárias, como o Índice de Preços ao Consumidor (CPI), ao Produtor (PPI) e de Despesas de Consumo Pessoal (PCE). Este panorama renovou temores de que a aceleração de preços no país se mantenha acelerada, disseminada e persistente por mais tempo que o antecipado, o que, por sua vez, exigiria um aperto monetário mais rígido e mais prolongado por parte do Federal Reserve. Os riscos estão mais inclinados para a alta inflacionária no momento.

Apostas para a decisão de juros do Federal Reserve de 22 de março
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Fonte: CME FedWatch Tool. Elaboração: StoneX.   Probabilidades no mercado futuro de juros com referência a 24 de fevereiro de 2023
Histórico da taxa de juros americana e aposta com maior probabilidade no mercado futuro de juros
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Fonte: CME FedWatch Tool. Elaboração: StoneX.   Probabilidades no mercado futuro de juros com referência a 24 de fevereiro de 2023
Nesse contexto, analistas estarão atentos à divulgação dos PMI para indústria e para o setor de serviços pelo instituto ISM para compreender se a economia americana está se reacelerando ou se janeiro foi apenas um ponto fora da curva. Espera-se que os dados de atividade industrial devem permanecer em queda, assim como nos últimos cinco meses, porém que o nível de atividade de serviços continue em significativa expansão após surpreender com uma forte recuperação em janeiro. Adicionalmente, será divulgado nesta semana as encomendas de bens duráveis de janeiro, que sinalizam o potencial de investimentos pelas empresas e, por extensão, a confiança destas em vendas futuras.
Dados econômicos no Brasil

Impacto no USDBRL: baixista

Nesta semana, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulga o resultado do Produto Interno Bruto de 2022. A mediana das estimativas aponta para uma expansão de 2,9% em quatro trimestres acumulados, porém uma retração de 0,2% na comparação trimestral. As estimativas para 2023 também indicam uma desaceleração do crescimento, totalizando apenas 0,8% no acumulado do ano. Adicionalmente, serão divulgados dados para o mercado de trabalho para o mês de dezembro, bem como indicadores de finanças públicas para o mês de janeiro.

Fluxo cambial positivo no começo do ano

Impacto no USDBRL: baixista

Diversos analistas observam que o movimento de câmbio registrado pelo Banco Central começou o ano registrando saldos positivos elevados, tanto na conta comercial quanto na conta financeira. O superávit comercial acumulado de janeiro até 17 de fevereiro de 2023 (13 dias úteis em fevereiro) é de US$ 4,929 bilhões, contra US$ 0,081 bilhões no mesmo período do ano passado (utilizando-se os primeiros 13 dias úteis de fevereiro para comparação). Já o superávit financeiro em 2023 é de US$ 4,604 bilhões, contra déficit de US$ 0,361 bilhões no mesmo período de 2022. O elevado apetite estrangeiro por ativos brasileiros tem contribuído para conter o enfraquecimento do real em um momento de maior percepção de riscos fiscais e políticos relatados por investidores nacionais e que favorecem a volatilidade no preço dos ativos.

saldo do fluxo cambial até 17 de fevereiro (us$ milhões)
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Fonte: Banco Central. Elaboração: StoneX.

Acesse o painel interativo com informações detalhadas sobre o fluxo cambial desde 1982 através do link: https://stonex.digital/interativos/041f5f1f-f13f-4b92-916f-11bed5761ad5

 

 
tabela de indicadores
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Fontes: Banco Central do Brasil; B3; IBGE; Fipe; FGV; MDIC; IPEA e CommodityNetwork Trader’s Pro.
 
Tags relacionadas: Moedas

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