O par real/dólar apresentava tendência de baixa nas primeiras operações desta quinta-feira (23). No momento da publicação deste texto (09h30min), ele era negociado ao redor de R$ 5,23, recuo de 0,1% em relação ao fechamento de quarta-feira. Já o dollar index era cotado ao redor de 102,4 pontos, variação de -0,1% ante à véspera. O mercado de divisas repercute o tom duro do comunicado do Comitê de Política Monetária (Copom) ao manter a taxa básica de juros (Selic) em 13,75% a.a., que realçou os desafios para a estabilização de preços no país e afastou a possibilidade de cortes de juros no curto prazo. A decisão deve contribuir para um reajuste nos preços de ativos, como o valor do real e na curva de juros futuro, e também deve recrudescer os ataques por parte do Palácio do Planalto ao Banco Central (BC) pelo nível de juros e seus impactos negativos ao crescimento econômico. Na agenda do dia, o Banco Central da Suíça e da Inglaterra anunciaram suas decisões de política monetária, respectivamente, às 04h30min e às 09h00min, o Departamento do Trabalho americano atualizou os pedidos semanais de auxílio-desemprego, às 09h30min, e a Receita Federal comunica a arrecadação federal de fevereiro, às 10h30min.
Decisão do Copom O dólar negociado no mercado interbancário alternava entre perdas e ganhos na manhã desta quinta-feira, refletindo o comunicado da decisão do Comitê de Política Monetária divulgado ontem (22). Em contraste com a decisão tomada pelo Federal Reserve, que aumentou sua taxa de juros mantendo um discurso moderado, o Copom manteve a a taxa Selic a 13,75% a.a. e adotou um tom mais duro no comunicado, demonstrando preocupação com as pressões inflacionárias persistentes, a indefinição da nova âncora fiscal e com a desancoragem das expectativas dos agentes. A autarquia voltou a piorar sua projeção para os preços e afirmou novamente que, de acordo com suas previsões, o núcleo da inflação mantém-se acima do intervalo aceitável para se cumprir as metas da autarquia. A possível interrupção do ciclo de alta do Fed e a manutenção da Selic num patamar mais elevado pode contribuir com a entrada de capitais externos, visto que o amplo diferencial de juros favorecem os ganhos com operações de carry trade no curto prazo.
Reações do Executivo O tom do comunicado deve provocar uma reação dos críticos à gestão do Banco Central e do patamar atual de juros, em especial do presidente da Repúlibca, Luis Inácio Lula da Silva. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, foi o primeiro a criticar o comunicado na noite de ontem, descrevendo-o como “muito preocupante” o fato de “o Copom chega a sinalizar até a possibilidade de uma subida da taxa de juros, que já é hoje a mais alta do mundo”. Haddad demonstrou frustação de que seus esforços para equilibrar as contas públicas não tenham se refletido em uma diminuição dos riscos fiscais na análise do Comitê e expressou preocupação com as consequências que o elevado patamar de juros reais terá sobre as empresas e as famílias. O ministro da Casa Civil, Rui Costa, também criticou o Copom, afirmando que “essa decisão não é o que o governo esperava. O que o povo brasileiro, os empresários, a indústria e todos desejam é a redução da taxa de juros”.
TABELA DE INDICADORES ECONÔMICOS
Este documento contém opiniões do autor e não necessariamente reflete as estratégias da StoneX. As previsões de mercado são especulativas e podem variar. O investidor é responsável por qualquer decisão baseada neste material. A StoneX só negocia com clientes que atendem aos critérios legais. O aviso legal completo está em https://brasil.stonex.com/aviso-legal/.
É proibida a cópia ou redistribuição deste material sem permissão da StoneX.
© 2024 StoneX Group, Inc.