Após abrir as operações em baixa, a taxa de câmbio passou a apresentar tendência de alta ao longo de toda esta quinta-feira (23), encerrando a sessão negociada a R$ 5,290, variação de +1,0% ante à véspera. Já o dollar index terminou o pregão cotado a 102,5 pontos, praticamente estável em relação ao fechamento de quarta-feira. O mercado de divisas repercutiu os temores de recrudescimento nos conflitos entre o Palácio do Planalto e o Banco Central (BC) após a autoridade monetária adotar um tom duro em seu comunicado de decisão de política monetária. Ontem, ao manter a taxa básica de juros (Selic) em 13,75% a.a., o Comitê de Política Monetária alertou para os desafios inflacionários do país e os riscos do cenário econômico internacional, afastando a possibilidade de cortes de juros no curto prazo. A decisão irritou integrantes do governo federal, que prontamente voltaram a criticar a atuação do BC e de seu presidente, Roberto Campos Neto.
Tom firme do comunicado O dólar negociado no mercado interbancário fechou a quinta-feira em alta expressiva em meio a temores de atritos entre o Executivo e o Banco Central, após a autoridade monetária adotar um tom firme em seu comunicado e realçar as ameaças do cenário inflacionário atual. Ao manter a taxa Selic inalterada, o Comitê de Política Monetária ressaltou que a “incerteza sobre o arcabouço fiscal e seus impactos sobre as expectativas para a trajetória da dívida pública” e a “desancoragem maior, ou mais duradoura, das expectativas de inflação para prazos mais longos” constituem riscos relevantes para a inflação no horizonte relevante de seis trimestres, o que demandaria maior atenção na condução da política monetária. O Copom alertou, ainda, que “não hesitará em retomar o ciclo de ajuste caso o processo de desinflação não transcorra como esperado”.
Críticas do Planalto A reação do governo ao comunicado do BC foi quase imediata. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, descreveu como “muito preocupante” e tornou a criticar as taxas de juros mais altas do mundo, enquanto o ministro da Casa Civil, Rui Costa, afirmou que “essa decisão não é o que o governo esperava”. O presidente Lula, também, fez pesadas críticas, afirmando que “não tem explicação para nenhum ser humano, no planeta Terra, a taxa de juros no Brasil estar a 13,75%” e sugeriu que Campos Neto não cumpre a lei da autonomia do Banco Central por descuidar do nível de emprego e de crescimento econômico.
Resultados contrários Contudo, é importante mencionar que as críticas públicas do governo federal ao Banco Central, feitas frequentemente e com bastante veemência, costumam elevar a percepção de riscos aos ativos brasileiros e gerar temores de interferências políticas na gestão dos instrumentos econômicos, o que acaba, por sua vez, ampliando a volatilidade desses ativos e piorando as expectativas de inflação e mesmo de juros para prazos mais longos. Vale dizer, tem sido contraproducente a maneira com a qual o Planalto escolhe abordar o tema, pois produz resultados contrários ao que manifesta buscar.
Mercado de moedas No cenário externo, o dollar index terminou o pregão cotado a 102,5 pontos, praticamente estável em relação ao fechamento de quarta-feira. Moedas pares do real, como o peso chileno, o peso colombiano, o rand sul-africano, a rúpia indiana e o rublo russo se valorizaram perante a divisa americana, e o Índice de Moedas Emergentes do J.P. Morgan terminou a sessão cotado a 50,370 pontos, variação de -0,1% ante à véspera.
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