A taxa de câmbio recuou pelo segundo dia consecutivo e encerrou a sessão desta terça-feira (28) negociada a R$ 5,166, variação de -0,8% ante à véspera. Já o dollar index terminou o pregão cotado a 102,4 pontos, recuo de 0,4% em relação ao fechamento de segunda-feira. O mercado de divisas repercutiu a presença de fatores de apoio ao real tanto domesticamente como no exterior. No Brasil, a divulgação da ata da última decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) em tom firme contra a inflação reforçou a percepção de que o Banco Central (BC) manterá as taxas de juros elevadas no curto prazo, favorecendo a entrada de recursos financeiros ao país. No exterior, a redução dos temores de investidores quanto à possibilidade de problemas financeiros nas economias avançadas contribuiu para um maior apetite por ativos arriscados, favorecendo, por extensão, o fortalecimento da moeda brasileira.
Otimismo externo O dólar negociado no mercado interbancário fechou em baixa ante ao real, repercutindo um alívio nos receios de investidores quanto à possibilidade de uma crise bancária nos Estados Unidos ou na Europa como consequência do rápido aperto monetário em curso nessas economias. Assim, o dia foi marcado por forte apetite global por ativos arriscados, como ações, commodities e moedas de países emergentes, como a brasileira.
Ata do Copom Contribuiu para o fortalecimento do real, também, a ausência de ruídos entre o Palácio do Planalto e o Banco Central mesmo com a divulgação de uma ata do Copom em tom bem firme contra a inflação. O Comitê se mostrou bastante comprometido com a busca pela estabilização de preços no país, alertou para o caráter mais persistente, resiliente e “inercial” da inflação tanto no Brasil como no mundo neste momento e “enfatizou que a execução da política monetária, neste momento, requer serenidade e paciência para incorporar as defasagens inerentes ao controle da inflação através da taxa de juros e, assim, atingir os objetivos no horizonte relevante de política monetária”, afastando a possibilidade de cortes de juros no curto prazo e pleiteando calma, principalmente, do Executivo.
“Relações mecânicas” A ata afirmou que as expectativas de inflação de prazos mais longos seguem um processo de desancoragem (elevação) e que “a materialização de um cenário com um arcabouço fiscal sólido e crível pode levar a um processo desinflacionário mais benigno através de seu efeito no canal de expectativas”. Porém, em um recado direcionado ao Planalto, o documento alerta que “não há relação mecânica entre a convergência de inflação e a apresentação do arcabouço fiscal”, ou seja, não há um efeito direto entre ambos, visto que as expectativas só são afetadas por meio da credibilidade das instituições, e que, nas entrelinhas, ataques à credibilidade do Banco Central prejudicarão o objetivo final. O Copom alertou, ainda, para os riscos de uma “possível adoção de políticas parafiscais expansionistas, que têm o potencial de elevar a taxa neutra [de juros] e diminuir a potência da política monetária”. Contudo, o BC fez um aceno ao governo ao admitir que “o compromisso com a execução do pacote fiscal demonstrado pelo Ministério da Fazenda, e já identificado nas estatísticas fiscais e na reoneração dos combustíveis, atenua os estímulos fiscais sobre a demanda, reduzindo o risco de alta sobre a inflação no curto prazo”.
Mercado de moedas No cenário externo, o dollar index terminou o pregão cotado a 102,4 pontos, recuo de 0,4% em relação ao fechamento de segunda-feira. Moedas pares do real, como o peso chileno, o peso colombiano, o peso mexicano, o rand sul-africano e a rúpia indiana também se valorizaram perante a divisa americana, e o Índice de Moedas Emergentes do J.P. Morgan terminou a sessão cotado a 50,583 pontos, variação de +0,2% ante à véspera.
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