-
Decisão de política monetária do Federal Reserve pode trazer um tom mais agressivo na busca pela estabilização de preços nos Estados Unidos e favorecer um fortalecimento do dólar.
-
Risco de calote inédito na dívida soberana americana amplia a aversão ao risco dos agentes e diminui o apetite por ativos arriscados, enfraquecendo o real.
-
Decisão de política monetária do Banco Central Europeu deve explicitar que mais reajustes de juros serão necessários nas próximas decisões a fim de combater a inflação na área do euro apesar de sinais de desaceleração econômica, contribuindo para um fortalecimento do euro.
-
Dados econômicos positivos para os Estados Unidos podem sugerir uma desaceleração econômica mais intensa e a possibilidade de uma recessão econômica no curto prazo, favorecendo o fim do ciclo de alta de juros pelo Fed e enfraquecendo o dólar.
-
Decisão de política monetária do Copom deve manter o amplo diferencial de juros do Brasil em relação a economias emergentes e centrais, favorecendo a entrada de investimentos financeiros e contribuindo para o fortalecimento do real.
O dólar negociado no mercado interbancário encerrou a sessão desta sexta-feira (28) cotado a R$ 4,989, recuo semanal de 1,4%, mensal de 1,6% e anual de 5,5%. Já o dollar index fechou o pregão cotado a 101,4 pontos, variação de -0,2% na semana, de -0,8% no mês e de 1,8% no ano. A semana foi marcada pelo enfraquecimento amplo do dólar em meio à divulgação de dados de atividade econômica mais fracos que o esperado para os Estados Unidos, ao passo que investidores no Brasil se mostraram otimistas com dados sugestivos para uma moderação inflacionária no país e uma decisão unânime do Superior Tribunal de Justiça que autorizou a cobrança de tributos federais sobre incentivos fiscais e pode colaborar no ajuste fiscal buscado pela equipe econômica do Palácio do Planalto.
Impacto esperado no USDBRL: altista
O foco da atenção dos investidores deve ser a decisão de política monetária do Comitê Federam de Mercado Aberto (FOMC) do Federal Reserve (Fed), na quarta-feira (03), cujas apostas no mercado futuro de juros apontam elevada probabilidade de um reajuste de 0,25 p.p. à taxa básica de juros americano, elevando-a para o intervalo entre 5,25% e 5,50% a.a. Há maior dúvida, entretanto, sobre qual será a postura do Comitê em sua decisão, isto é, se o FOMC adotará uma postura mais agressiva e indicará a necessidade de se persistir em novos aumentos de juros a fim de se combater a aceleração de preços nos EUA ou se ele adotará uma postura mais suave e abrirá a possibilidade de interrupção nos reajustes de juros a partir de junho. A maior parte das análises acredita que o Fed realizará o último aumento de juros nesta semana, e que decidirá interromper o ciclo de altas na decisão de 14 de junho.
Impacto esperado no USDBRL: baixista
Além da decisão do FOMC, a semana traz indicadores importantes sobre atividade econômica e mercado de trabalho nos Estados Unidos. O Instituto ISM divulga os Índices de Gerentes de Compras (PMI) de abril para manufatura, na segunda-feira (01), e para serviços, na quarta-feira (03), com viés negativo após indicadores regionais de atividade econômica durante o mês de abril sugerirem, majoritariamente, uma fraqueza do setor produtivo. A mediana das expectativas aponta para uma leitura de 46,8 pontos para o PMI industrial, indicando retração (abaixo de 50 pontos), e de 51,7 pontos para o PMI de serviços, consistente com a interpretação de que a atividade de serviços consegue sustentar seu nível de atividade e, provavelmente, deve manter a pressão sobre o nível de preços do segmento. Adicionalmente, espera-se que o Relatório da Situação de Emprego de abril revele uma moderação na criação de novos postos de trabalho ao longo do mês, com um saldo de 178 mil novas vagas. Ainda assim, seria o 28º mês consecutivo de expansão líquida de empregos nos Estados Unidos, sugerindo que o mercado de trabalho continua firme e que os ganhos salariais, também, devem manter a pressão sobre a aceleração de preços no país, em particular sobre os segmentos de serviços altamente correlacionados com as despesas de consumo pessoal.
Impacto esperado no USDBRL: altista
Outro ponto de atenção que tem provocado cautela e aversão ao risco nos mercados de ativos globais é a necessidade da prorrogação do limite de endividamento público nos Estados Unidos e a possibilidade de um inédito calote nos títulos de dívida do Tesouro americano. O limite de endividamento é uma lei estabelecida em 1917 que estabelece o máximo que o Departamento do Tesouro americano pode emitir de dívidas para pagar suas despesas. Segundo esse Departamento, desde 1960, o Congresso autorizou em 80 ocasiões a elevação ou a suspensão temporária do limite da dívida. A última elevação do limite de endividamento veio em dezembro de 2021, e ela prorrogou a capacidade de financiamento estadunidense até janeiro de 2023. Em depoimento ao parlamento do país, a secretária do Tesouro, Janet Yellen, advertiu os congressistas estadunidenses que, a menos que o limite de endividamento seja elevado ou suspenso até meados de junho, os EUA correm o risco de entrar em “default” pela primeira vez na sua história, ou seja, deixar de honrar suas obrigações com investidores.
Após as eleições legislativas de novembro, os Democratas, partido do presidente Joe Biden, conseguiram manter a maioria no Senado, porém perderam o controle da Câmara para os Republicanos. Em um contexto de aprofundamento da polarização política no país, ambos os partidos estão em um impasse, visto que os Republicanos estão buscando extrair concessões políticas dos Democratas, ao condicionar que programas estratégicos da agenda do presidente sejam abandonados para que a Câmara aprove o novo limite de endividamento público – algo que os Democratas consideram inaceitável. Desta forma, o spread dos contratos de Credit Default Swap (CDS) para os títulos do Tesouro americano – em teoria, entre os mais seguros do mundo – estão em seu maior valor histórico, ou seja, revelam que quem aceita garantir tais títulos estão exigindo prêmios elevados em função da crescente probabilidade de um não-recebimento. Na última sexta-feira (28), exigia-se um pagamento de 1,76% do valor do título a cada ano como prêmio pelo CDS.
Economistas de todas as frentes teóricas concordam que um calote na dívida soberana do país produziria uma forte turbulência financeira em praticamente todos os mercados de ativos globais. Contudo, nenhum dos lados parece disposto a resolver o impasse. E, como a Fitch bem notou em um alerta aos investidores, pequenas extensões de curto prazo apenas reproduzirão novos impasses no futuro próximo. Esta limitação é única à realidade estadunidense, que precisa de um novo regime fiscal e financeiro para evitar estas fontes de tensão para os mercados financeiros.
Impacto esperado no USDBRL: baixista
Apesar de elevado volume de críticas por parte do Executivo e de parlamentares da base governista, é praticamente um consenso entre analistas que o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) manterá inalterada a taxa básica de juros (Selic) na decisão desta quarta-feira (03), a 13,75% a.a. Ao participar de duas sessões para discutir política monetária no Senado Federal na semana passada, o presidente do BC, Roberto Campos Neto, praticamente justificou a necessidade de se sustentar o aperto monetário por um período mais longo ao esboçar para os congressistas uma análise das projeções de inflação (especialmente dos núcleos inflacionários, que excluem os voláteis componentes de alimentação e energia), uma perspectiva do grau de ociosidade da economia (“hiato do produto”) das expectativas de inflação das instituições financeiras, do mercado financeiro e do próprio BC e realizou um balanço de riscos entre inflação, atividade econômica, mercado de trabalho e estabilidade financeira. Desta forma, o foco dos investidores estará voltado para sinais de quando um possível ciclo de corte de juros poderia ser iniciado, ou quais condições precisam ser satisfeitas para o início da redução dos juros no país.
Impacto esperado no USDBRL: altista
Na área do euro, na quinta-feira (04), há um grande debate se o Banco Central Europeu (BCE) irá reajustar sua taxa básica de juros em 0,25 p.p. ou em 0,50 p.p., com uma divisão explícita entre os seus integrantes em função da resiliência inflacionária e dos sinais mais claros de enfraquecimento da atividade produtiva. Embora haja dúvidas em relação ao ritmo dos reajustes, ainda há um consenso de que o BCE precisa estender seu ciclo de alta de juros por mais um período, visto que iniciou o seu aperto monetário tardiamente em relação aos seus pares, o que deve favorecer o fortalecimento do euro ante ao dólar nos próximos meses.
Este documento contém opiniões do autor e não necessariamente reflete as estratégias da StoneX. As previsões de mercado são especulativas e podem variar. O investidor é responsável por qualquer decisão baseada neste material. A StoneX só negocia com clientes que atendem aos critérios legais. O aviso legal completo está em https://brasil.stonex.com/aviso-legal/.
É proibida a cópia ou redistribuição deste material sem permissão da StoneX.
© 2024 StoneX Group, Inc.