A taxa de câmbio apresentava elevação nas primeiras operações desta terça-feira (15). No momento da publicação deste texto (10h00min), ela era negociada ao redor de R$ 4,97, alta de 0,1% em relação ao fechamento de segunda-feira. Já o dollar index era cotado ao redor de 103,1 pontos, variação de -0,1% ante à véspera. O mercado de divisas repercute o fortalecimento da moeda americana, após dados mais fortes que o esperado para a economia do país, dados piores que o estimado para a economia chinesa e um corte de juros inesperado pelo Banco Central da China (PBoC). Adicionalmente, declarações críticas do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, direcionado ao presidente da Câmara dos Deputados, deputado Arthur Lira (PP-AL) adiciona imprevisibilidade à tramitação de pautas econômicas importantes no Congresso e pode se refletir negativamente nos mercados de ativos brasileiros. Na agenda do dia, o Federal Reserve (Fed) de New York divulgou índice regional de atividade manufatureira, às 09h30min, a Fundação Getúlio Vargas publica o Monitor do PIB de junho, às 10h15min, o diretor de Política Monetária do Banco Central, Gabriel Galípolo, palestra às 10h30min e às 12h30min, e o presidente do Fed de Minneapolis, Neel Kashkari, discursa às 12h00min.
Crescimento do varejo americano O dólar negociado no mercado interbancário oscilava em território positivo na manhã desta terça-feira, refletindo um ambiente de negócios internacional avesso ao risco e favorável ao fortalecimento da moeda americana. Nesta manhã, o Departamento do Comércio estadunidense informou que as vendas do varejo cresceram mais que o projetado, aumentando 0,7% em julho ante estimativa mediana de 0,4%. O núcleo do indicador, que exclui vendas de partes automotivas e combustíveis, cresceu 1,0% contra estimativa mediana de 0,4%. O dado surpreendeu analistas ao mostrar que a demanda dos consumidores se mantém vigorosa mesmo diante de uma moderação da inflação, sugerindo que a economia do país pode manter um crescimento econômico maior que o esperado mesmo enquanto recupera a estabilidade de preços.
Piora no cenário chinês Contribuiu para o fortalecimento do dólar, também, a publicação de novos dados econômicos piores que o antecipado para a economia chinesa, desta vez a produção industrial e as vendas do varejo de julho. Imediatamente antes da divulgação dos dados, o banco central do país inesperadamente reduziu uma das taxas de juros referenciais do país, diminuindo os juros dos empréstimos de um ano de 2,65% a.a. para 2,50% a.a. Embora a medida tenha sido feita para ampliar a liquidez e estimular o sistema financeiro, ela não impediu o mau desempenho dos ativos chineses da sessão, que se transmitiu para outros ativos arriscados, como commodities e moedas de países exportadores de produtos primários, como o real.
Desentendimento entre Lira e Haddad Por fim, pode influenciar negativamente o desempenho de ativos locais a possibilidade de conflitos entre o Executivo e o Legislativo após a divulgação de entrevista de Fernando Haddad a um podcast em que o ministro da Fazenda afirma que a Câmara dos Deputados está “com muito poder” e que este poder não pode ser usado para “humilhar” o Senado Federal e o Poder Executivo. Segundo Haddad, a desproporção de forças seria tamanha que o país viveria como em um “parlamentarismo sem primeiro-ministro”. As falas do ministro da Fazenda parecem ter soado mal, visto que foi adiada a reunião de líderes partidários na Câmara dos Deputados agendada para esta terça-feira para discutir o texto do Projeto de Lei do arcabouço fiscal (PLP 93/2023), deputado Cláudio Cajado (PP-BA), ameaçando atrasar a votação da matéria.
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